Mais um livro para juntar à minha colecção. Este ganha especial interesse para mim porque foi um livro que adquiri à cerca de três anos, mas até agora nunca tive oportunidade de o ler.
Finalmente lá o comecei a ler e apercebi-me que foi uma má opção da minha parte não o ter lido mais cedo. Acima de tudo este livro permitiu-me abrir os horizontes para o conceito mais amplo que é a comunicação social. Uma infra-estrutura da sociedade que conheceu no século passado o seu apogeu e encontra no século XXI um outro desafio que muito pouco ainda se conhece.
O mais interessante que notei no livro foi que as mesmas preocupações sociais surgiram quando um novo meio foi criado. Foi com a Imprensa, com a Rádio, com a Televisão e agora com a Internet.
O autor é Jean- Noël Jeanneney, um especialista em história dos media, uma área em que foi pioneiro. Outra obra sua mais recente é o livro: A Google e o Mito do Conhecimento Universal. Um livro para ler nos próximos tempos.
Ainda acerca da Google foi lançado na semana passada o Google eBooks e apenas para os E.U.A. A empresa pretende com este produto mudar a maneira de como as pessoas compram e lêem livros no século XXI através do Cloud Publishing ou livros guardados na nuvem. Num próximo post irei analisar esta questão em mais profundidade.
Ainda acerca da Google foi lançado na semana passada o Google eBooks e apenas para os E.U.A. A empresa pretende com este produto mudar a maneira de como as pessoas compram e lêem livros no século XXI através do Cloud Publishing ou livros guardados na nuvem. Num próximo post irei analisar esta questão em mais profundidade.
A empresa norte-americana fundada em 1998 por Larry Page e Sergey Brin, lançou em 2004 o Google Books que tinha como objectivo “disponibilizar online e de forma acessível e útil a informação armazenada nos livros de todo o mundo.” Desde essa altura, a Google já digitalizou 15 milhões de livros. Trabalhou com mais de 35 mil editores e mais de 40 bibliotecas, em mais de 100 países e em mais de 400 idiomas. Fica o vídeo de apresentação:
Como já tinha referido, esta é uma questão que vai merecer no futuro um pouco do meu tempo na tentativa que tenho de compreender. A principal razão é a seguinte pergunta: o que leva o Homem a querer manter um suporte vivo, quando a tecnologia fez com que houvesse novos suportes e com isso novas formas de tornar mais confortável tarefas como ler um livro ou jornal? Este livro é também uma ajuda nesse sentido. Porque ele fala sobre a história da comunicação e é nessa que também estou interessado. Nesse sentido vamos então olhar para livro que vou analisar em vários posts e com recurso às citações que considerei mais importantes.
Na introdução do livro, mais concretamente na página 5, o autor resume a importância da História da Comunicação Social na sociedade e humanidade e que para mim define claramente a importância da comunicação social ao longo da história:
Na introdução do livro, mais concretamente na página 5, o autor resume a importância da História da Comunicação Social na sociedade e humanidade e que para mim define claramente a importância da comunicação social ao longo da história:
A história dos meios de comunicação social abrange uma área muito vasta. Ao encarregar-se da tarefa de estudar a representação que ao longo dos séculos, as sociedades têm de si próprias e das outras, e a multiplicidade dos esforços utilizados por todos os actores do jogo para modificar esta imagem de acordo com os seus próprios objectivos, ela reúne todas as áreas de investigação e diz respeito à maioria das actividades humanas, públicas e privadas.
Bíblia de Gutenberg, primeiro livro impresso. |
Embora os factos remontem para que a escrita tenha sido inventada muito antes de Gutenberg, o mundo ocidental a ele marcou para a História como o criador da imprensa escrita e responsável pela impressão do primeiro livro, mais concretamente a Bíblia. Como o autor nos demonstra na página 20:
É então que, feito espantoso, aparece a imprensa , investida por Gutenberg em Estrasburgo, em 1438. Refiro-me ao ocidente, uma vez que os Chineses, que saem dos limites abrangidos por esta obra mas que, no entanto, devemos mencionar, já a conheciam há vários séculos e, graças, a ela, a dinastia dos T'ang, que reinou na China de 618 a 907, pôde lançar a público uma gazeta oficial com o nome de Ti Pao.
Imagem alusiva à dinastia T' ang. |
Tal como todo o conhecimento torna-se quase impossível definir com exactidão quem realmente foi o inventor de determinado invento. Porque todo o conhecimento é um processo sequencial de outro que foi conseguido com tentativas e erro. De qualquer das formas isto serve mais uma vez para lembrar que nem sempre devemos acreditar em tudo o que ouvimos e vemos.
Ao longo do livro fui notando como a história da comunicação está ligada intrinsecamente à própria personalidade que o mundo foi adquirindo depois da Revolução Industrial. Um facto que mecanizou todos os processos de produção e permitiu a massificação. Dando assim origem a periódicos de todos os géneros. Diz o autor na página 21:
A Gazette, que aparece nesse ano (1631), tem quatro páginas, num formato 23 x 15 cm, com uma tiragem que vai dos 300 aos 800 exemplares, É composta e impressa folha a folha.
Théophraste Renaudot, médico originário de Montpellier. Criou o primeiro semanário chamado Gazette em Paris. |
Um pormenor interessante que notei na página 23 foi a aproximação aos jornais de hoje que senti dos jornais de tempos passados. Falo mais concretamente daqueles que procuram o sensacionalismo e o místico como forma de vender o seu produto. Veja-se o parágrafo:
Aliás, o Le Mercure Galant não desdenha as mentiras, o que mostra que os géneros não estão fixados: durante todo o ano de 1680, mantém os seus leitores em suspense de «a cobra de Tour du Pin», um animal que transporta nos seus dentes um maravilhoso rubi e que reaparece várias vezes perante os camponeses estupefactos: o antepassado do monstro de Loch Ness ou dos OVNIS de hoje em dia.
Capa do Semanário Mercure Galant de 1678 |
Uma outra questão pertinente ao ler o livro foi notar as primeiras lutas pela liberdade, nomeadamente o que Gédéon Flournois escreveu no fim do reinado de Luís XIV. Assim na página 25 do livro está escrito:
Aos senhores escrivães de Sua Majestadee os pela inspecção dos livros proibidos: quanto mais teimam em impedir que os bons livros e os bons jornais entrem na França, quanto mais severos se mostram sobre este ponto, mais despertam nos Franceses o desejo de os ver, de os encomendar, qualquer que seja o perigo e custe o que custar, e de os ler avidamente, pois a natureza do homem é tal que desdenha quilo que lhe é permitido e corre atrás do que lhe é proibido.O autor também chama a atenção para as atitudes que foram tomadas em pleno século XVIII em que o mundo dos jornais é conduzido a uma reflexão de conjunto acerca da verdade que veicula, acerca dos seus limites e dos seus defeitos. Três atitudes que ainda dominam nos dia de hoje no código deontológico de cada órgão de comunicação, ou pelo menos devia. Assim está escrito na página 29:
E, em face deste problema de sempre, já se precisam três atitudes possíveis (e não contraditórias): uma modéstia necessária, uma inquietude recorrente e, apesar de tudo uma confiança corroborante.Na Inglaterra, com o desenvolvimento das luzes e do espírito filosófico, está correlacionada com com o vigoroso desenvolvimento que a imprensa conheceu no século XVIII. É o tempo que o jornal entra nos hábitos das elites europeias e se torna indispensável para elas.
Foi naquele país que o estilo literário se misturou com o estilo jornalístico e originou a sua decadência. Está escrito na página 33:
Mas os dois nomes mais ilustres são Daniel Defoe e Jonhatan Swift. O primeiro é autor de Robinson Crusoe (1719), o segundo é autor das Viagens de Gulliver (1726). Estes dois livros tiveram um estranho destino. São violentos, tiveram uma grande importância política no seu tempo, e mais tarde, a pouco e pouco, tornaram-se insípidos à força de serem reduzidos, expurgados, condensados, até se tornarem obras infantis, passando de livros brancos para livros verdes, aliás para livros cor-de-rosa.
Livro Robinson Crusoe por Daniel Defoe |
É a Grâ-Bretanha quem inventa o imposto de selo, criado em 1712 e aumentado em 1724, 1756 e 1775. Encontramos aqui a controvérsia anteriormente evocada: e ou não desejável que o povo leia? Será saudável para o equilíbrio de um país que as classes populares estejam ao corrente dos pormenores da vida política e social? A maioria dos políticos acha que não, enquanto que, em vista disto, se denuncia com paixão «o imposto sobre o conhecimento».
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