segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

História da Comunicação




Mais um livro para juntar à minha colecção. Este ganha especial interesse para mim porque foi um livro que adquiri à cerca de três anos, mas até agora nunca tive oportunidade de o ler. 
Finalmente lá o comecei a ler e apercebi-me que foi uma má opção da minha parte não o ter lido mais cedo. Acima de tudo este livro permitiu-me abrir os horizontes para o conceito mais amplo que é a comunicação social. Uma infra-estrutura da sociedade que conheceu no século passado o seu apogeu e encontra no século XXI um outro desafio que muito pouco ainda se conhece.
O mais interessante que notei no livro foi que as mesmas preocupações sociais surgiram quando um novo meio foi criado. Foi com a Imprensa, com a Rádio, com a Televisão e agora com a Internet. 
O autor é Jean- Noël Jeanneney, um especialista em história dos media, uma área em que foi pioneiro. Outra obra sua mais recente é o livro: A Google e o Mito do Conhecimento Universal.  Um livro para ler nos próximos tempos.
Ainda acerca da Google foi lançado na semana passada o Google eBooks e apenas para os E.U.A. A empresa pretende com este produto mudar a maneira de como as pessoas compram e lêem livros no século XXI através do Cloud Publishing ou livros guardados na nuvem. Num próximo post irei analisar esta questão em mais profundidade.
A empresa norte-americana fundada em 1998 por Larry Page e Sergey Brin, lançou em 2004 o Google Books que tinha como objectivo “disponibilizar online e de forma acessível e útil a informação armazenada nos livros de todo o mundo.” Desde essa altura, a Google já digitalizou 15 milhões de livros. Trabalhou com mais de 35 mil editores e mais de 40 bibliotecas, em mais de 100 países e em mais de 400 idiomas. Fica o vídeo de apresentação: 



Como já tinha referido, esta é uma questão que vai merecer no futuro um pouco do meu tempo na tentativa que tenho de compreender. A principal razão é a seguinte pergunta: o que leva o Homem a querer manter um suporte vivo, quando a tecnologia fez com que houvesse novos suportes e com isso novas formas de tornar mais confortável tarefas como ler um livro ou  jornal? Este livro é também uma ajuda nesse sentido. Porque ele fala sobre a história da comunicação e é nessa que também estou interessado. Nesse sentido vamos então olhar para livro que vou analisar em vários posts e com recurso às citações que considerei mais importantes.
Na introdução do livro, mais concretamente na página 5, o autor resume a importância da História da Comunicação Social na sociedade e humanidade e que para mim define claramente a importância da comunicação social ao longo da história:
A história dos meios de comunicação social abrange uma área muito vasta. Ao encarregar-se da tarefa de estudar a representação que ao longo dos séculos, as sociedades têm de si próprias e das outras, e a multiplicidade dos esforços utilizados por todos os actores do jogo para modificar esta imagem de acordo com os seus próprios objectivos, ela reúne todas as áreas de investigação e diz respeito à maioria das actividades humanas, públicas e privadas. 

Bíblia de Gutenberg, primeiro livro impresso. 

Embora os factos remontem para que a escrita tenha sido inventada muito antes de Gutenberg, o mundo ocidental a ele marcou para a História como o criador da imprensa escrita e responsável pela impressão do primeiro livro, mais concretamente a Bíblia. Como o autor nos demonstra na página 20:

É então que, feito espantoso, aparece a imprensa , investida por Gutenberg em Estrasburgo, em 1438. Refiro-me ao ocidente, uma vez que os Chineses, que saem dos limites abrangidos por esta obra mas que, no entanto, devemos mencionar, já a conheciam há vários séculos e, graças, a ela, a dinastia dos T'ang, que reinou na China de 618 a 907, pôde lançar a público uma gazeta oficial com o nome de Ti Pao.  

Imagem alusiva à dinastia T' ang.

Tal como todo o conhecimento torna-se quase impossível definir com exactidão quem realmente foi o inventor de determinado invento. Porque todo o conhecimento é um processo sequencial de outro que foi conseguido com tentativas e erro. De qualquer das formas isto serve mais uma vez para lembrar que nem sempre devemos acreditar em tudo o que ouvimos e vemos.
Ao longo do livro fui notando como a história da comunicação está ligada intrinsecamente à própria personalidade que o mundo foi adquirindo depois da Revolução Industrial. Um facto que mecanizou todos os processos de produção e permitiu a massificação. Dando assim origem a periódicos de todos os géneros. Diz o autor na página 21:

A Gazette, que aparece nesse ano (1631), tem quatro páginas, num formato 23 x 15 cm, com uma tiragem que vai dos 300 aos 800 exemplares, É composta e impressa folha a folha. 


Théophraste Renaudot, médico originário de Montpellier.
Criou o primeiro semanário chamado Gazette em Paris.

Um pormenor interessante que notei na página 23 foi a aproximação aos jornais de hoje que senti dos jornais  de tempos passados. Falo mais concretamente daqueles que procuram o sensacionalismo e o místico como forma de vender o seu produto. Veja-se o parágrafo:

Aliás, o Le Mercure Galant não desdenha as mentiras, o que mostra que os géneros não estão fixados: durante todo o ano de 1680, mantém os seus leitores em suspense de «a cobra de Tour du Pin», um animal que transporta nos seus dentes um maravilhoso rubi e que reaparece várias vezes perante os camponeses estupefactos: o antepassado do monstro de Loch Ness ou dos OVNIS de hoje em dia.  

Capa do Semanário Mercure Galant de 1678

Uma outra questão pertinente ao ler o livro foi notar as primeiras lutas pela liberdade, nomeadamente o que Gédéon Flournois escreveu no fim do reinado de Luís XIV. Assim na página 25 do livro está escrito:

Aos senhores escrivães de Sua Majestadee os  pela inspecção dos livros proibidos: quanto mais teimam em impedir que os bons livros e os bons jornais entrem na França, quanto mais severos se mostram sobre este ponto, mais despertam nos Franceses o desejo de os ver, de os encomendar, qualquer que seja o perigo e custe o que custar, e de os ler avidamente, pois a natureza do homem é tal que desdenha quilo que lhe é permitido e corre atrás do que lhe é proibido.
O autor também chama a atenção para as atitudes que foram tomadas em pleno século XVIII em que o mundo dos jornais é conduzido a uma reflexão de conjunto acerca da verdade que veicula, acerca dos seus limites e dos seus defeitos. Três atitudes que ainda dominam nos dia de hoje no código deontológico de cada órgão de comunicação, ou pelo menos devia.  Assim está escrito na página 29:
E, em face deste problema de sempre, já se precisam três atitudes possíveis (e não contraditórias): uma modéstia necessária, uma inquietude recorrente e, apesar de tudo uma confiança corroborante. 
Na Inglaterra, com o desenvolvimento das luzes e do espírito filosófico, está correlacionada com com o vigoroso desenvolvimento que a imprensa conheceu no século XVIII. É o tempo que o jornal entra nos hábitos das elites europeias e se torna indispensável para elas.
Foi naquele país que o estilo literário se misturou com o estilo jornalístico e originou a sua decadência. Está escrito na página 33:
Mas os dois nomes mais ilustres são Daniel Defoe e Jonhatan Swift. O primeiro é autor de Robinson Crusoe (1719), o segundo é autor das Viagens de Gulliver (1726). Estes dois livros  tiveram um estranho destino. São violentos, tiveram uma grande importância política no seu tempo, e mais tarde, a pouco e pouco, tornaram-se insípidos à força de serem reduzidos, expurgados, condensados, até se tornarem obras infantis, passando de livros brancos para livros verdes, aliás para livros cor-de-rosa. 
Livro Robinson Crusoe por Daniel Defoe
É também na Grâ-Bretanha que ocorre a opressão, a corrupção e o imposto, no fundo são estes o três motores que explicam o desenvolvimento da imprensa britânica. Mas que no entanto são os três obstáculos à própria imprensa. Está escrito na página 36:
É a Grâ-Bretanha quem inventa o imposto de selo, criado em 1712 e aumentado em 1724, 1756 e 1775. Encontramos aqui a controvérsia anteriormente evocada: e ou não desejável que o povo leia? Será saudável para o equilíbrio de um país que as classes populares estejam ao corrente dos pormenores da vida política e social? A maioria dos políticos acha que não, enquanto que, em vista disto, se denuncia com paixão «o imposto sobre o conhecimento».  

Sem comentários:

Reaprender

 Nunca é fácil quando conhecemos uma pessoa. Principalmente se por essa pessoa começarmos a sentir sentimentos.  É uma roda viva de emoções ...