Poderá ser incrível para alguns, para outros nem tanto, pois já tinham consciência da sua existência. Mas existe uma profissão que é denominada de Fotógrafo de Guerra. Nesta profissão corre-se muitos riscos, pois entra-se no meio do teatro de operações e todas as situações são possíveis. Num momento estamos a tirar uma fotografia e no outro somos alvejados por uma bala perdida ou até intencional. O mais fantástico é que podemos conseguir as imagens mais incríveis e arrepiantes que o mundo já viu.
Neste sentido, quero falar sobre um documentário que conta a história de James Nachtwey um fotógrafo americano que um dia decidiu que ia ser fotógrafo de guerra e, através da fotografia, conseguir captar a essência da guerra e toda a realidade que é produzida por uma das mais longas tradições humanas. War Photographer é um documentário feito ao longo de dois anos nas guerras da Indonésia, do Kosovo e da Palestina. Realizado e produzido pelo suíço Christian Frei que usou micro câmaras agarradas à máquina fotográfica de Natchtwey. É impressionante como ao longo do documentário, com cerca de 1h30, somos levados para o lado da câmara e percebemos como um fotógrafo de guerra penetra no ambiente directamente e muitas vezes se confunde com o mesmo. Como se percebe a dificuldade de desempenhar um trabalho em condições únicas e claramente perigosas. Em que a todo o momento se desenrola violência humana entre grupos que lutam numa guerra por ideais opostos.
É um momento único que merece toda a coragem de querer agarrar aquele instante e mostrar ao mundo o que está acontecer e aconteceu num fragmento. É um trabalho carregado de paixão para a sua execução e capaz de sensibilizar o mundo para a monstruosidade humana que acontece nas guerras. São os momentos em que o humanismo é trocado por raiva e ódio, bem exemplificado pelas imagens que o nosso protagonista captou no Ruanda, bem como nas ruas de Jacarta, quando um homem é perseguido por uma multidão em fúria e mutilado por todos em plena rua. É também um documentário onde é bem visível a dificuldade do ambiente onde desenrola toda a acção, bem mostrado na guerra da Palestina, onde o fotógrafo sofre danos causados por uma bomba de gás lacrimogéneo, ou até quando presta auxílio a um colega que foi atingido por uma bala. Também é um documentário onde percebemos que a fotografia é a arma de Nachtwey para mostrar ao mundo como as pessoas sofrem e, assim, conseguir a sua solidariedade para os mais necessitados. Bem explícito na carta que lê de um leitor, que a mandou depois de ver a reportagem da família indonésia que vive entre carris de comboio e em que o pai não tem um braço e uma perna. O leitor, muito sensibilizado, refere na carta que vai começar a mandar dinheiro para a pobre família, mesmo não tendo muitos recursos financeiros. Um exemplo de como a arma pode ser poderosa. Nas imagens em movimento e nas estáticas vemos a realidade tal como ela é, sem qualquer tipo de montagem ou edição, nuns momentos em que por vezes somos o olho por detrás da câmara.
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