sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Fino como um rato

Embora possa parecer uma autobiografia, acaba mais por ser uma denuncia sobre uma narrativa que levou alguém extremamente obsessivo a atingir o sucesso. Banksy parece querer vingar-se de Brainwash porque crê que abusou dele. No final percebemos que muitas vezes o caminho para o nosso destino pode estar concentrado na vontade que temos, mas também nos conhecimentos que temos. Também um bom documento sobre streetart.


Exit Through the Gift Shop (2011) é o primeiro filme realizado por Banksy, um graffiti envolto num misticismo sobre a sua identidade e origens. Destacou-se com trabalhos de streetart compostos por uma escrita de graffiti distintiva por uma técnica única. A sua obra está espalhada um pouco pelo mundo inteiro, até no muro que Israel construiu à volta da Palestina. 
Relativamente ao filme em questão, e como já tive oportunidade de dizer em cima, considero-a uma forma de denúncia sobre um facto que Banksy não foi capaz de aceitar naturalmente. No entanto como o próprio refere no seu site oficial:  Are you still friends with Mr. Brainwash? I like to think so. When I asked him what he thought about the film he said “This is a cult movie, this is a classic movie, this movie stands alone – like The Godfather.”


Antes de tudo, o principal protagonista do filme não é Banksy, mas sim MBW (Mr. Brain Wash). Um retardado francês, que sofreu um trauma de infância com a morte da mãe e tornou-se obcecado por câmaras de filmar.   Como percebemos no filme, este vício acabaria por ser o motivo que o levou a conhecer Banksy. Porém, foi aquele que lhe deu o click para começar a fazer arte e, consequentemente, tornar-se num artista extremamente conhecido ao ponto de conseguir criar a capa do álbum de Madona de 2009. 


Depois temos que entender que o filme não está concentrado só na história daqueles dois intervenientes. Ao longo do filme vamos conhecendo outros artistas da streetart. Pessoas que se destacam por cometer ilegalidades artísticas em busca da fama. Por outro lado, olhamos de muito perto os sacrifícios, riscos, loucuras, insanidades de pessoas que vivem segundo um estilo artístico que por  muitos é considerado vandalismo.  
Por outra linha, o filme documentário demonstra que por muito que este tipo de artistas seja ilegal e ousados, acabam sempre por ganhar reconhecimento e com isso muito dinheiro. Por essa razão, conseguem depois ser mediatizados e procurados pelas principais galerias de arte do mundo (sejam elas quais forem); para terem exposições das obras daqueles. Como por exemplo a exposição de Banksy em L.A que é mostrada no filme. 
Claro que não podemos esquecer a criatividade dele ao colocar um elefante todo pintado como principal atração do evento, chamando logo a atenção das associações protetoras dos animais e consequente difusão mediática e, objetivo principal, publicidade eficiente à exposição.


Em último lugar, de alguma forma o filme mexe com as nossas emoções principalmente porque nos abre a consciência para uma questão muito simples: afinal o que é arte? É esta pergunta que o filme parece responder com facilidade e, daí, talvez não!
Na minha opinião sincera, responde que a arte não é uma estrutura modelada, rígida, alfabetizada, ensinada, ritual ou até que tenha qualquer aura. A arte é algo que se deve sentir como forma de expressão do nosso interior. Como refúgio e abstração à normalidade e dogmatismos. Como instrumento de luta de classes e propícia na procura de entender a realidade que vivemos. Finalmente, e mais importante, que qualquer um de nós pode ser um artista. Para isso basta fazer arte à nossa maneira e nunca desistir.  

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