Na estrutura essencial que é a vida, muitas vezes interrogo-me sobre o seu valor. Ou melhor sobre o que nela ganhámos e nela perdemos.
São variadíssimas coisas, mas uma delas que me me interrogo profundamente é a nossa maneira de ser. A nossa personalidade...
Com o tempo, e com a idade a passar, nós mudamos, não apenas de aspecto físico, mas também a maneira de pensar.
Pode parecer uma análise um pouco supérflua, algo que toda a gente sabe. Mas no meu caso concreto, de alguma forma, interrogo-me mais profundamente sobre essa questão.
Aquilo que fui há 10 anos atrás e o que fazia nessa altura e aquilo que sou agora e faço neste momento, são dois opostos completamente diferentes que não se encontram e se afastam continuamente.
De alguma forma sinto-me deformado, alguém que foi e já não é.
Apenas porque cresceu e percebeu que mudou.
Outras das coisas, que também perdemos, por diversas circunstâncias, são as pessoas. E é nisso que também me interrogo um pouco?
Ao perdermos essas pessoas, fica sempre um vazio, que dificilmente pode ser preenchido, porque essa pessoa, pela sua particularidade, preenchia o vazio como só ela/e podia. Por vezes, de forma inconsciente, mas preenchia.
A verdade, é que depois, com o tempo, outras pessoas vão entrando sorrateiramente na nossa vida e preenchem outros vazios que temos.
Porém, como tudo, ou neste caso como cada pessoa, o vazio que preenche já não é o mesmo que a outra pessoa anterior preenchia.
Em conclusão, é sinto-me deformado. Porque quando mudei mais foi, durante o tempo que avança, quando perdi algumas pessoas que me deixaram um vazio. Mas, em dura verdade, muitas vezes pergunto-me se eu não precisava de conhecer esse vazio e preencher outros, que nem sabia que estavam dessa forma...