Com a massificação da fotografia, criada principalmente pela evolução da tecnologia e, logo, a possibilidade de fotografar com qualquer dispositivo. E também a passagem do analógico para o digital. A fotografia depressa passou de conhecimentos técnicos profissionais para um conhecimento baseado num click.
O Instagram é um dos melhores exemplos actuais daquele processo. Por dia são colocadas naquela rede social cerca de 93 milhões de fotografias.
Por essa razão é interessante verificar que alguns profissionais da área ainda detém uma paixão pelo analógico.
Michael Shindler é um desses. Utiliza a técnica de Ferrotipia que é um processo fotográfico que consiste na criação de uma imagem positiva sem negativo, diretamente sobre uma chapa fina de ferro revestido com um verniz ou esmalte escuro, que é utilizada como suporte para a emulsão fotográfica. A sua utilização mais ampla deu-se durante as décadas de 1860 e 1870. O vídeo abaixo exemplifica melhor a técnica explicada pelo próprio Michael Shindler.
Como pudemos verificar, é um processo vagaroso que nos dias de hoje não servia para empresas da indústria com um grande volume de produção.
Porém, é aqui que se torna extremamente interessante a técnica e a forma como a podemos analisar/admirar.
Pelo que se pode visionar, o processo engloba uma série de químicos e conhecimento técnico que nos dias hoje a maior parte dos fotógrafos mais novos desconhecem. Porque tudo é digital.
E todos sabem as vantagens do digital em comparação ao analógico.
Por exemplo, na demonstração que vimos, se houvesse qualquer tipo de falha ou problema no desenrolar da captação, teria que se iniciar tudo novamente. A placa de ferro é a única cópia que existe. Com o digital já não é assim, pode-se repetir quase infinitamente.
É de admirar esta devoção por uma arte já porventura arcaica e que nem todos têm a possibilidade de experimentar. O uso da Ferrotipia cria uma ligação única entre fotógrafo e o retrato.
Fotografar um retrato com esta técnica é uma experiência incomum e mergulha em nostalgia, como se nos víssemos numa vida anterior. O nível de detalhe presente em cada retrato é surpreendente e pode-se perguntar como era possível no século XIX aquela resolução em placas do tamanha de cartões de crédito.
O tamanho da placa em si, que se torna o sensor, cria uma fotografia de alta definição. Os grãos de prata depositado sobre a placa torna-se o equivalente de pixels na fotografia digital.
Como o próprio referiu:
"It wasn’t until I started making tintypes that I really kinda figured out how photography works. And it’s just the process of making your own materials and knowing exactly what the ingredients and asking yourself ‘What is that for? What does that do?"Ou seja, um fotógrafo profissional que só percebeu através de uma técnica inventada em 1851, como a fotografia funciona. Mais trabalhos dele podem ser vistos aqui.
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