Vamos lá tentar esclarecer uma coisa, eu não conhecia Steven Johnson. Este é o primeiro livro que estou a ler escrito por ele. Mas a verdade é que encontro na escrita dele uma forma de entender o mundo de forma diferente.
Uma nova forma de entender a História, a ciência, a tecnologia e o evolucionismo que isso leva à prosperidade da raça humana. É um dos temas deveras esquecido, mas importante.
Uma das coisas que mais gosto quando leio um livro, vejo um filme, é que no fim de cada um há uma mensagem que me sensibilizou e modifica a minha forma de entender a realidade em que vivo.
Quero dizer, o sentido de História para mim é entendido segundo as normas que me ensinaram na escola.
Seja ela a primária, básica, secundária e académica ou universitária! A história é baseada em factos e é através desses factos que nos é ensinado o sentido de História.
Não passa de uma decisão! Seja ela tomada por instituições que nos regulam ou de uma forma mais pessoal, seja a decisão que tomamos em acreditar.
Não interessa, somos moldados segundo a decisão do que é importante entender em sociedade como História.
Em How We Got to Now: Six Innovations That Made the Modern World (2014), de Steven Johnson, encontramos uma outra forma de olhar para o passado e entender como as ideias surgem e como elas são transformadas em inovação tecnológica que mudou a Humanidade.
Mais fascinante é como está explicado no livro como algumas das ideias/invenções que tornaram o mundo mais moderno, aconteceram por acaso ou acidente.
É uma marca da escrita do autor, que examina conexões inesperadas entre campos aparentemente não relacionados: como a invenção do ar-condicionado permitiu a maior migração de seres humanos na história da espécie para cidades como Dubai ou Phoenix, que de outra forma seriam praticamente inabitáveis.
Acompanhado por uma importante série de televisão em seis partes da PBS, este livro é a história de redes colaborativas construindo o mundo moderno, escrito num estilo provocativo, informativo e envolvente.
Peitoral em ouro com pedras semipreciosas e pasta de vidro, com escaravelho alado, símbolo de ressurreição, no centro, do túmulo do Faraó Tutankhamun |
O livro é longo, denso e por vezes monótono, mas é engrandecido por ser uma autêntica enciclopédia de conhecimento alternativo ao standard das sociedades modernas.
O autor apresenta o paradigma do hummingbird effect: uma inovação, ou aglomerado de inovações, numa determinada área acaba por provocar mudanças que parecem pertencer a um domínio completamente diferente. Esses efeitos vêm em variadas formas. Alguns são bastante intuitivos: aumentos de ordens de grandeza na partilha de energia ou informação tendem a pôr em movimento uma onda caótica de mudança que surge facilmente sobre as fronteiras intelectuais e sociais. Basta olhar para a história da Internet nos últimos trinta anos.
Em seis capítulos ficamos a saber as seis inovações que fizeram o mundo moderno. Como um jornalista do Wall Street Journal escreveu:
In “Cold,” we move from air conditioning, to the flocking of American retirees to the now habitable Sunbelt, to the shift of political power from north to south. Freezing leads him to the creation of sperm banks, which have given many more women the opportunity to conceive and changed our notions of marriage and parenthood. “Sound” begins in the reverberating cave dwellings of Paleolithic man in Burgundy and ends up with the ultrasound technology being used to determine the sex of unborn children. “Clean” takes us from Chicago’s sewer system, the first urban system in America, to the growth of household cleaning products like Clorox and the hyper sanitized plants where microchips are made.
Las Meninas por Diego Rodríguez de Silva Velázquez |
Em suma, este livro é mais que um livro. É um autêntico documento que permite ter uma outra perspectiva sobre a inovação. A visão neo criacionista/tecnológica de Steve Johnson analisa seis grandes inovações que mudaram o mundo. Mas também permite perceber que essas inovações surgiram por um lado depois anos, séculos de tentativa e erro - o método científico -; e por outro por acaso, por acidente da causalidade casual.
Na conclusão do livro, ele fala dos Time Travellers, ou as pessoas que pensaram em algo extraordinariamente progressivo, capaz de inovar, transformar ou até mesmo mudar o mundo. O curioso é que normalmente essas pessoas estão à frente do seu tempo.
Indivíduos capazes de pensar em algo out the box para a época em que vivem. A analogia moderna surge, obviamente a Steve Jobs e numa frase descreve o espaço onde contemporaneamente surgem as melhores ideias:
The garage is the space for the hacker, the tinkerer, the maker.
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