quinta-feira, 10 de junho de 2010

Michael Haneke



Michael Haneke é um daqueles realizadores que até há bem pouco tempo passou-me despercebido. Não sei bem qual a razão desta ignorância, já que penso ter um bom conhecimento sobre os filmes que têm marcado a contemporaneidade. Mas isto só me faz perceber que neste mundo do cinema são muitos aqueles que existem e se caracterizam pela qualidade dos seus filmes e, por vezes, passam no desconhecido dos aficionados. Este foi o meu caso.... Não posso especificar quando foi realmente a primeira vez que surgiu dentro de mim a necessidade e curiosidade de visionar as obras cinematográficas deste realizador, bem como querer ver através da tela a forma como ele observa o mundo.  Mas quem é realmente este senhor.... 
Nasceu no ano de 1943 na Alemanha e os seus filmes caracterizam-se principalmente por falhanços e problemas na sociedade moderna. Segundo um artigo na Wikipédia:
Haneke was born in Munich, Germany, the son of the German actor and director Fritz Haneke and the Austrian actress Beatrix von Degenschild. Haneke was raised in the city Wiener Neustadt. He attended the University of Vienna to studyphilosophy, psychology and drama after failing to achieve success in his early attempts in acting and music. After graduating, he became a film critic and from 1967 to 1970 he worked as editor and dramaturg at the southwestern German television station Südwestfunk. He made his debut as a television director in 1974.


O primeiro filme que escolhi da já extensa filmografia que o realizador possui foi The White Robbin (2009) com titulo original Das Weisse Band. O filme passa-se numa aldeia que vive o tormento do início da primeira guerra mundial. Tudo corria bem, até que misteriosos acontecimentos começam a mudar a rotina diária dos cidadãos e é então que percebemos que muitas vezes as aparências enganam e crianças com cara de "anjos" podem ser uns "monstros" traumatizados pelos actos de boa educação que os seus pais pensam que lhe estão a oferecer.
O que nos é mostrado neste filme é como a educação severa e aparências comunitárias muitas vezes podem esconder problemas que são ignorados e todos aqueles que sabem, simplesmente os ignoram. É um reflexo da sociedade moderna em que vivemos, que não se importa com o que de mal acontece com o próximo, desde que não lhe afecte a ele, está tudo bem.
Mas o filme é mais do isso, é um movimento fixo de realidades que atinge todas as sociedades por esse mundo fora, onde existem as pessoas que guiam os ignorantes que não tendo confiança nas suas próprias faculdades e capacidades, deixam que crenças incertas os levem para caminhos que ainda desconhecem mais.
O espectador, neste filme, é levado num fluxo narrativo que culmina num desenlace imperceptível, mas explícito. Porque de forma implícita o espectador percebe que os responsáveis dos actos violentos que assolaram a aldeia, são as pessoas menos óbvias, contudo os guias do povo são aqueles que querem ignorar os responsáveis e para isso escondem a pureza na gaveta ameaçando quem pense o contrário.






É numa técnica cinematográfica com recurso ao preto e branco que Haneke consegue neste filme construir uma realidade que atormentou e atormenta o mundo em que vivemos. O realizador conseguiu um trabalho sublime nesta obra que expressa uma época que transformou o mundo e o mudou para sempre. Quis focar tanto a atenção do espectador nas imagens, porque são elas o lado visível da realidade que é construída, que não recorreu ao uso de uma banda sonora. Então, os sons que ouvimos são aqueles que realmente merecem serem ouvidos, os sons da realidade que é esta e mais nenhuma. 

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