Conforme já aqui tinha escrito, o projecto Life in Day teve estreia mundial no festival Sundance. Embora tenha estado com atenção suficiente, não consegui ver ainda a obra de Ridley Scott e Kevin Macdonald. Pelo que fui lendo na imprensa especializada e ouvido na rádio, o documentário parece ter alguma qualidade cinematográfica. Contudo, parece que a sua pedra basilar de penetração emocional está mesmo na metáfora de representar a vida na terra num dia.
Reescrevo as minhas ideias sobre o projeto: Estamos a assistir neste momento a uma evolução da sétima arte. Um momento em que as evoluções tecnológicas estão a criar as ferramentas que vão juntar as massas e os autores num caminho conjunto de iniciativas artísticas ilimitadas. Mas também assistimos a um momento em que a banalização da imagem em movimento sofre cada vez mais a evolução dos tempos. Uma época em que o medo de Walter Benjamim de a arte perder a sua aura está cada vez mais presente e onde os lugares e onde os ritos entre o espectador e a sua obra perdem a sua importância essencial. Mas é também uma evolução que permite que o conhecimento se torne mais popular e torne o homem cada vez mais um ser ilimitado ao nível da criatividade na aldeia global de Marshall Mcluhan.
Mas talvez o cinema em Crowd Sourcing seja capaz de criar uma ramificação interessante e inovadora na história cinematográfica. The Story Beyond The Still foi o primeiro e maior concurso de vídeo user-generated HD na história. Onde fotógrafos se tornaram cineastas e todos viram para além do imóvel.
Mês após mês, aspirantes a cineastas foram convidados a pegar no filme vencedor onde terminou, numa fotografia sugestiva. Os competidores deveriam depois reinterpretar, contando a história numa curta-metragem. O último capítulo foi criado por Vincent Laforet e todos os vencedores do capítulo, o filme coletivo estreou também no Sundance.
Ao contrário do projeto Life in a Day, o concurso patrocinado pela Canon foi feito por pessoas com formação no cinema e fotografia. Pessoas com perfeita consciência que ao gravarem teriam que olhar para outros pormenores: fotografia; iluminação; movimentos de câmara; cenografia; etc.
A questão aqui é que este filme é um conceito interessante da inovação que o cinema está a sofrer. Com esta metamorfose das massas, talvez o cinema não esteja a caminhar para um lugar sombrio de perda da aura. Com pouco mais de 100 anos de história, o cinema tem conhecido muitas transformações: o som, a cor e 3D. Talvez esta nova forma de construir cinema seja apenas mais um passo na sua evolução natural? Fiquem com o filme e comprovem a qualidade do mesmo.
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