Recordo-me de escrever sobre o projeto num post aqui no Blogue. Desde aí houve sempre uma memória que despertava o meu interesse sobre o resultado final deste projeto. O tempo foi passando e a oportunidade havia de surgir quando menos esperava.
Acabei por ver o filme, que está totalmente disponível de forma gratuita no site oficial, Life in a Day (2011); no momento em que a vontade de viajar se tornou mais presente.
O filme foi realizado por Kevin Macdonald e produzido pelos irmãos Ridley Scott e Tony Scott. Teve estreia no festival Sundance, mas passou também por Berlinale (Panorama Special), True/False, Transilvania (Unirii Square), Melbourne (Networked), Karlovy Vary (Another View). Recorreu ao conceito de crowdsoourcing para angariar footage necessária para a montagem. Esta teve como base final cerca de 4500 horas de vídeo de mais de 190 países.
Analisando a obra, podemos concluir no final que este é um objeto sem qualquer tabu, forma ou estrutura. A sua totalidade foi a criatividade de milhares de pessoas, que aproveitaram a sua rotina diária, para participar em algo que queriam fazer parte. É uma viagem brilhante! Por momentos, parece que percorremos o planeta terra num único dia e esse foi o 24 de Julho de 2010. A variedade de captações, de histórias, de culturas, de momentos, de contextos e pessoas é mote de sonhar em ultrapassar os limites em que estamos limitados.
A narrativa começa de manhã, que é quando o sol nasce. Percorre o interior de casas e o exterior de ruas. Vemos pessoas acordar, outras a cortar a barba, outras a urinar e outras a filmar o interior de um elevador.
Quase como à velocidade da luz, somos capazes de saltar de continente para continente e sempre que chegamos a um novo destino, não sentimos a estranheza do desconhecido. Pelo contrário, parece que fazemos todos parte desta aldeia global e, que mesmo a milhares de quilómetros, as pessoas que moram em determinado sítio são nossas vizinhas.
Uma outra componente do filme é a sua multiplicidade de culturas. Que já sabemos que existem no mundo inteiro, mas esta é uma prova de como as pessoas são influenciadas por elas. Na sua personalidade, nos seus afazeres, na sua rotina, nos acontecimentos tristes e alegres da vida.
Enquanto um rapaz reza à mãe que morreu, vemos um pai a desmaiar enquanto olha a sua mulher a dar à luz uma nova vida e assistimos a um rapaz com pouco mais de 6 anos a engraxar sapatos e o seu maior tesouro é um computador portátil tipo o Magalhães. Mas tudo isto se passa em países diferentes, logo com culturas diferentes.
Enquanto entramos dentro da obra, deixamos que as suas imagens nos hipnotizem e quase como por magia, somos capazes de sentir que estamos naquele lugar. Mas também existe a soundtrack que funciona muito bem como abstração ao pensamento de estarmos presos a um lugar e queremos viajar para outro. Falo por exemplo, das três mulheres angolanas que cantam e esmagam uma semente, creio que para fazer farinha, sentadas no chão. Mas o som que sai das suas bocas, e enquanto batem com o instrumento no chão, é quase como um concerto de luta pela sobrevivência.
Concluindo, temos aqui uma obra que entra num formato de documentário sem guião, argumento e narrativa multi-linear. Podemos pensar, por exemplo, nos primórdios do cinema onde o cinematógrafo dos irmãos Lumière era colocado de forma estática e apenas filmava o que se passava na rua ou noutro qualquer contexto. Neste objeto, a ideia foi levada um pouco mais longe! A escrita do guião foi responsabilidade dos próprios intervenientes. Por isso é um filme de improviso, imaginação e criatividade e recorrendo a material de baixo custo para a captação. Algo só possível com evolução da tecnologia. Finalizando, não devemos esquecer que o segredo do filme é a montagem e seleção das cenas que foram montadas estruturalmente de uma forma temporal, isto é, um dia na vida na Terra.
Concluindo, temos aqui uma obra que entra num formato de documentário sem guião, argumento e narrativa multi-linear. Podemos pensar, por exemplo, nos primórdios do cinema onde o cinematógrafo dos irmãos Lumière era colocado de forma estática e apenas filmava o que se passava na rua ou noutro qualquer contexto. Neste objeto, a ideia foi levada um pouco mais longe! A escrita do guião foi responsabilidade dos próprios intervenientes. Por isso é um filme de improviso, imaginação e criatividade e recorrendo a material de baixo custo para a captação. Algo só possível com evolução da tecnologia. Finalizando, não devemos esquecer que o segredo do filme é a montagem e seleção das cenas que foram montadas estruturalmente de uma forma temporal, isto é, um dia na vida na Terra.
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