quarta-feira, 20 de outubro de 2010

As cores do infinito

De todo este documentário é esclarecedor sobre um paradigma que pode ser considerado "a própria linguagem de deus". Realizado pelo escritor do filme 2001: Odisseia no EspaçoArthur C. Clarke, é um esclarecimento audiovisual sobre as cores do infinito. 


Na semana passada morreu aquele que foi considerado o pai da Geometria Fractual (se é que se pode traduzir assim para português), Benoît Mandelbrot um matemático que desde os anos 50 se dedicou à descoberta dos traços que compõem a matéria da natureza e neste caso o mundo físico. 
Mais concretamente o que Mandelbrot conseguiu fazer foi magnificar uma imagem através do computador e através de uma fórmula matemática obter formas infinitas com uma precisão e detalhe só comparável às que existem na natureza. Como o New York Times reportou:
Applied mathematics had been concentrating for a century on phenomena which were smooth, but many things were not like that: the more you blew them up with a microscope the more complexity you found,”
Veja-se o espectáculo visual que é conseguido:

 

Mandelbrot traçou todo o seu percurso académico numa pergunta que o atormentava quando era jovem: que tamanho tem a linha costeira do Reino Unido? Qual não foi a sua admiração quando descobriu que dependendia que quão perto a pessoa olhasse. Porque num mapa uma ilha pode parecer lisa, mas ampliando a capacidade de zoom, começam a revelar-se bordas que levam a ter percepção de uma linha costeira maior àquilo que inicialmente julgamos. Quanto mais zoom fosse feito, mais linha costeira ia ser revelada.
A sua descoberta contribuiu para os campos da geologia, medicina, cosmologia e engenharia. Foi usada para explicar como as galáxias se aglomeram, como os preços do trigo podem mudar com o passar do tempo e como o cérebros de mamíferos podem crescem, entre outros fenómenos. Tudo isto pode ser visto no documentário que acima assinalei. 
A sua influência também foi sentida no domínio da geometria, onde ele foi um dos primeiros a utilizar computação gráfica (a que me interessa pessoalmente), para estudar objectos matemáticos como o conjunto de Mandelbrot, que foi nomeado em sua honra. Como o próprio referiu:
“I decided to go into fields where mathematicians would never go because the problems were badly stated. I have played a strange role that none of my students dare to take.”

Benoît Mandelbrot

Até sempre...

sábado, 16 de outubro de 2010

História dos Vídeos Jogos em Portugal _2

Quando Vasco da Gama partiu à descoberta da Índia nunca pensou que iria aliciar o Adamastor a deixar-lo passar no Cabo das Tormentas e, com essa autorização, chegar à Ásia. Quase como Colombo quando descobriu o Novo Mundo. 
Esta foi uma faceta que ocorreu já há mais de 500 anos e que para sempre marcou o povo Portugês. A virtude dos vídeo jogos está em criar um mundo em que de alguma forma Vasco da Gama e Colombo combatem-se entre si para disputar o trono do mundo. Apenas nos vídeo jogos... Nesse sentido este produto cultural desde o momento em que começou em qualquer parte do mundo e depois se massificou, foi construindo uma História em vários cantos do mundo, inclusive Portugal. 
Sobre isso já aqui falei. Isto é sobre o projecto que tem a pretensão de contar a história do produto cultural que é os vídeo jogos em Portugal. Nesse sentido venho-vos falar  de uma nova ferramenta disponível com a intenção de facilitar trabalho aos interessados em participar: Lista de URLs de Sites Relacionados com Jogos em Portugal.  É um lugar virtual que, conforme é pedido pela SPCV:
"tem como objectivo  utilizar aquele formulário para colectar os vários sites de jogos que existem em Portugal. A ideia é executar uma campanha alargarda a pedir informações e ajuda para o projecto. Gostariamos de contar com a vossa ajuda para obter esta informação. Vejam se já está na lista e se não estiver, pedimos que acrescentem. Muito Obrigado. -SPCV." 

* Texto de Rui Ferreira 

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

New York Film Festival e Veneza 2010

Hoje apeteceu-me analisar os dois últimos festivais de cinema que mais me chamaram a atenção depois do festival de Cannes. Gostava de começar com o New York Film Festival, o festival de cinema organizado pelo Film Society off Lincoln Center, que ao longo das suas edições deu a conhecer realizadores como François Truffaut, R.W. Fassbinder, Jean-Luc Godard, Pedro Almodóvar, Martin Scorsese, Wes Anderson. Teve a sua primeira edição em 1963 e integra-se entre os festivais de cinema que mais se destacam ao longo do ano no mundo da sétima arte. 
Este ano, sem dúvida a saliência, do festival circunscreveu-se ao filme que estreou recentemente e se chama The Social Network, que é realizado por David Fincher e nos conta a história por detrás da origem do fenómeno Facebook. Um filme que foi considerado pela crítica como:

What's the Facebook movie really about?
It's about a college sophomore who says "fuck you" to authority, follows his passion, and creates something great. In so doing, he works ridiculously hard, inspires his colleagues, blows past the comfortable establishment, and becomes rich beyond belief.

O destaque deste filme não é apenas pela estória em que está centrado, mas é também uma forma massificada de o cidadão comum entender como começou a ser criado e construído uma das redes sociais que no momento reúne mais de 500 milhões de utilizadores activos. Contudo o filme não conta com o apoio das personagens da vida real, nomeadamente Mark Zuckerberg. Eu ainda não tive a possibilidade de o ver, mas espero brevemente o poder fazer. Fica porém um link para uma review do filme e um vídeo da press conference que foi dada no festival.


Um outro destaque vai para o documentário Inside Job realizado por Charles Ferguson. Este é um documentário actual que narra os acontecimentos que levaram à pior crise económica internacional nos últimos 70 anos. Um documentário obrigatório principalmente para aqueles que ainda não foram directamente afectados por ela e que por sinal já tinha sido anunciada em 2005:
Raghuram Rajan, chief economist at the International Monetary Fund, presented a paper in 2005 warning of a “CATASTROPHIC MELTDOWN” and was mocked as a “Luddite” by Mr. Summers

No entanto fica o link com o resto dos filmes que este ano concorreram.  


Já um outro que me chamou à atenção foi o festival de Veneza 2010 um dos mais prestigiados festivais europeus de cinema, onde é possível ver cinema numa das mais belas cidades do mundo. Também reconhecido também pelo troféu de filme que é um leão de ouro. Nesse sentido ganha principal destaque o filme de Sofia Coppola, Somewhere que este ano foi o grande vencedor. Que também ainda não tive oportunidade de ver.

 

Também pela intensidade de uma multi-personalidade de veia azul, demente e artística. Ganha especial destaque a surreal interpretação de Vincent Gallo em Essential Killing. Do director polaco Jerzy Skolimowski este é um fragmento que começa com um helicóptero que segue três soldados americanos em patrulha. É um exercício de pura realização... 

 

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A questão iconoclasta

Uma ideia substancial é que tudo pode ser signo. Esta mais valia que é o significado é o que permite construir a cultura. Segundo Peirce, entre muitas áreas que ele investigou, uma delas foi a semiótica, o signo pode ser de três tipos: existe o índice, o ícone e símbolo.  Tudo na base de que que o processo de significação é um processo social, podemos definir índice como a relação de proximidade entre a realidade significante e a representação; o ícone como a representação directa com o objecto representado e o símbolo como uma relação convencional e arbitrária. Os três combinam-se num código (uma combinação de signos) para produzir um determinado significado. Pois através deste convencionalismo sistémico que se estabelece uma relação uns com os outros. Mas como tudo, a comunicação intercultural levanta problemas. Como por exemplo a distinção entre os hieróglifos ou imagens figurativas e a escrita cuneiforme que tem como característica a linearidade, sequencial em formato de prego. 


Mas podemos recuar um pouco mais no tempo e ir até ao tempo onde o Homem para poder massificar o livro, teve que deixar que o lado da qualidade se perde-se ao relegar a estética do livro para segundo plano. O livro, aquele suporte que permitiu ao homem potencializar a sua capacidade de criar perguntas, criar memória, criar projectos e sonhos. Foi nesta necessidade humana que o homem sentiu necessidade de comunicar e expressar-se.
Não vale a pena entrar na discussão criacionista ou evolucionista, mas existem três perguntas ancestrais que estão base das duas perspectivas. As velhas interrogações de quem sou?, de onde venho?, para onde vou? a perfeita harmonia entre a religião, a ciência e a filosofia. Tudo se resume à palavra, isto é, a capacidade de reflectirmos sobre nós próprios. Assim, o homem e a mulher aprenderam em interacção com os outros através da escrita, que não existe sem suporte, mas tem os seus malefícios. Porque por alguma razão ela foi uma revolução. 


Isto tudo vem  na minha necessidade de recuar no tempo dos factos históricos da comunicação e dos media. Nesse sentido vou dedicar os próximos meses para a análise de factos que marcaram todo este processo histórico, começando pela questão iconoclasta. 
Alexander Grishin, escreveu em 2007 que as origens da questão iconoclasta teve origem em 726 d.c através das ordens do Imperador Leo III, que consistia na destruição da imagem de cristo em Chalke Gate no Great Palace em Constantinopla. Aqueles que se denominavam iconoclastas, possivelmente mais por razões políticas do que teológicas, viam os ícones e o culto de relíquias como uma forma de idolatria e a possível causa para alguns dos seus azares civis e militares. Por outro lado, os defensores de imagens ou iconófilos, tinham um ponto de vista diferente:  
argued that an icon is not venerated as an idol and that veneration shown to an icon was conveyed ‘by our spiritual eyes towards the prototype’ (Seventh Ecumenical Council, 787), whether this be Christ, the Virgin or the saints.  
Esta guerra que durou um século levou a que em 860 d.c, e na sequência de uma disputa entre o Papa em Roma, Nicholas I e o patriarca de Constantinopla, Photios, culmina-se na medida em que a igreja romana, que agora estava cada vez mais com a protecção dos Francos, em vez dos bizantinos, se distancia-se do resto dos cristãos da igreja. Esta separação culminou com o cisma entre a igreja ortodoxa e a igreja católica em 1054. 

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

História dos Videojogos em Portugal


A SPCV iniciou um projecto que pretende contar a história dos vídeosjogos em Portugal desde os inícios dos anos 70. O projecto assenta em três aspectos fundamentais:

a) Criação e desenvolvimento de jogos em qualquer linguagem, comerciais ou não.
b) Escrita, análise e crítica de jogos (revistas, jornais, fanzines, etc.)
c) Outros projectos (Programas de TV e Rádio, Eventos, Encontros, Conferências etc)

Como podemos ajudar?

A ideia do livro é trazer a lume todas as estórias à volta da temática; developers, pro-gamers, críticos, jornalistas, opinioso, associações, piratadas, enfim, curiosos e curiosidades sobre esta temática desde os inícios da arte. O enfoque principal será a parte de desenvolvimento mas igualmente a comunidade e a envolvente, quer da época, quer da tecnologia, tudo claro com a questão Lusa em primeiro plano. A ideia é colectar este material em termos de testemunhos, de estórias para contar e de material, scans de revistas, documentação do que aconteceu em termos dos jogos, das pessoas envolvidas, festivais, associações, comunicações, enfim, penso estar a passar a ideia. Não nos estamos a restringir neste momento pelo que qualquer material neste sentido é óptimo. Outra ajuda é passar a palavra, é referenciarem o projecto conforme puderem, colocar em blogs, juntarem-se ao Facebook da SPCV, ao Twitter, passar a palavra aos vossos conhecidos, tentar achar os que participaram desta história, para que possam assim todos participar em pleno e dar a sua contribuição. O livro é um projecto de investigação em primeiro, um trabalho jornalístico de certa forma, pelo que se quer abrangente na sua autoria. Portanto, em jeito de FAQ e em resposta à pergunta "como pudemos nós ajudar neste projecto?", é simples; vamos encontrar as pessoas, o material, e a história!

Os interessados devem visitar a página oficial do projecto ou mandar um email para geral@spcvideojogos.org.


* Texto da autoria de Rui Ferreira um dos responsáveis do projecto. 


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Arte à distância de um click



Uma companhia italiana pôs online imagens de alta resolução de obras de arte da galeria Uffizi em Florença. Obras de autores como Caravaggio e Leonardo Da Vinci. Ao fazermos zoom in, podemos prestar atenção a pequenos detalhes que aparecem e que normalmente não conseguimos prestar atenção devido aos limites de distância impostos pelos museus para segurança. Isto é conseguido porque a imagens têm uma resolução de 28 biliões de pixeis.  Mario Resca, Ministro da Cultura Italiano descreve as possibilidades do projecto da seguinte forma:

In Caravaggio's "Bacchus," for example, the trace of a tiny self-portrait that the artist painted in the wine jug becomes detectable, as do the wine bubbles on the rim of the jug. In Leonardo's "Annunciation" computer users can see the brush strokes in the maritime background and the delicate patterns of the cloth underneath the Bible.

sábado, 2 de outubro de 2010

Computer Arts Portugal

Ilustração:
Nuno Pereira
http://www.behance.net/nunopereira
Esta é a capa da primeira edição da versão portuguesa de uma das mais prestigiadas revistas de design do mundo. A versão inglesa da revista tem uma tiragem mensal e apresenta os artistas visuais mais notáveis no panorama do design internacional. Agora os artistas portugueses da área terão oportunidade de divulgar o seu trabalho, através da Computer Arts Portugal (o site ainda não está a funcionar) que estará nas bancas a partir deste mês que agora começou. Aliás, os próprios editores, convidam todos os envolvidos na área do design e ilustração a enviar trabalhos ou portfólios através do e-mail trabalhos@computerarts.com.pt, podendo ter o privilégio de ver o seu trabalho publicado numa futura edição da Computer Arts Portugal. A sua tiragem será de 15.000 exemplares e o seu preço de capa será de 7,50 €. Para mais informação consultar a página do facebook. Com este projecto vem ser colmatado uma falha nas áreas referidas que no panorama nacional sofrem com a carência de revistas especializadas. Além que vai permitir que a revista esteja disponível  um preço muito mais acessível ao bolso comum do que a sua congénere inglesa que nos quiosques pode custar cerca 11,00 €.

Reaprender

 Nunca é fácil quando conhecemos uma pessoa. Principalmente se por essa pessoa começarmos a sentir sentimentos.  É uma roda viva de emoções ...