segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A representação audiovisual da era da partilha

Movieposter
Para começar bem o novo ano que agora começou, tive o prazer de ver a última obra fílmica de David Fincher intitulada The Social Network. Um filme marcante que me apaixonei por duas razões muito distintas: em primeiro lugar por ser a representação audiovisual do fenómeno mundial da "partilha" que é o Facebook e com isso tornar-se uma marca dos factos que levaram à sua criação, em segundo porque é mais uma prova da mestria de David Fincher na arte de realizar filmes. 

Capa da revista TIME
Mark Zukerberg ganhou especial destaque no ano de 2004, quando uma luz lhe possibilitou ter a ideia de criar o Facebook. Uma rede social que em poucos anos, tornou-se o maior fenómeno de comunicação dos últimos anos e levou mesmo a que o seu fundador fosse considerado pessoa do ano pela prestigiada revista TIME. 
Mas, esta informação já é do senso-comum, pelo menos para aqueles que seguem de perto a evolução da sua empresa e usam o seu serviço. O que me interessa aqui falar é sobre o filme.
Antes de mais é importante perceber quem é e foi David Fincher. Nada mais do que o realizador responsável por alguns filmes que mais me marcaram nos últimos anos. Estou a falar de filmes como: Fight Club (1999); Seven (1995); ou Alien 3 (1992). 
Pertinente é perceber, depois de ver vários filmes do mesmo autor/realizador, as suas marcas, as suas características particulares. Porém, enquanto notei em Fincher uma preocupação muito cuidada pelo lado da fotografia, nos movimentos da câmara, nos diálogos elaborados, na continuidade e um mis en scéne equilibrado, também atentei à sua multiplicidade natural de adaptação entre vários géneros. Isto é, em todos os filmes que referi anteriormente encontramos sempre um tipo de drama, um tipo de comédia e um tipo documental. 
É nesta última parte que o filme ganhou especial interesse para mim. Longe do documento histórico que é a fundação da empresa Facebook, existiu uma história de relações e interacções entre conhecidos e amigos. Uma história que apenas foi vivencial pelos seus protagonistas reais e, apenas aqueles, ficariam com uma prova visual do que realmente aconteceu. Com este filme, todos, mas mesmo todos, podem ter uma aproximação acerca da veracidade daquilo que foi realmente os factos que levaram ao desenlace que todos sabemos. Claro que não podemos esquecer que o filme é uma mistura de factos verídicos fundidos com a imaginação do seu realizador e que mesmo Mark Zuckerberg nunca oficializou o mesmo como a história factual e verdadeira. 
Todavia, para mim isso não é importante. O que importa guardar deste filme é aquilo que ele representa: uma aproximação ao que aconteceu na realidade, constituído por uma narrativa clara e múltipla nas emoções que adquirimos sequencialmente e, principalmente, porque é um filme que demonstra a qualidade de David Fincher enquanto realizador. 

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