quarta-feira, 30 de junho de 2010
domingo, 20 de junho de 2010
O estado das coisas
Recentemente coloquei aqui um post sobre uma entrevista de Pedro Costa. Nesse post encontrei no sentido das palavras de Pedro Costa um outro significado que de alguma forma conotei sobre o estado do cinema em Portugal. Por essa razão decidi reflectir um pouco sobre o assunto. Para começar talvez em Pedro Costa esteja reflectida o estado das coisas num aspecto em relação ao cinema em Portugal. O seu último filme Ne Change Rien teve estreia em Espanha no passado dia 11 de Junho, mais concretamente em Madrid e Barcelona bem como vai ter projecção em três salas no Japão: Tóquio, Osaka e Hiroshima. É um caso entre poucos que tem obtido reconhecimento internacional. Outro realizador português e também muito reconhecido a nível internacional é Manuel de Oliveira que é o realizador mais velho do mundo. São imensas as suas obras, das quais destaco a última O Estranho caso de Angélica.
Estes dois exemplos são poucos onde deveriam existir muitos. Mas onde está o problema no cinema em Portugal? Numa entrevista dada ou Correio da Manhã Paulo Branco foi capaz de responder a essa pergunta identificando alguns pontos onde o cinema em Portugal sofre problemas. A entrevista é de 2009, mas infelizmente ainda continua recente e bem presente. Deixo algumas partes que considero que tocam nos pontos essenciais. Não podemos esquecer que Paulo Branco é outro homem que no cenário internacional também detém alguma reputação.
Como está o estado actual do cinema em Portugal?
A época de ouro do cinema português, anos 80 e 90, quando apareceram pessoas como o Pedro Costa, o Manoel de Oliveira, oJoão César Monteiro, a Teresa Villaverde, o João Botelho, e hoje, a comunidade política e a comunicação social têm tendência a esquecer-se desse período que levou o cinema português além-fronteiras. A qualidade do cinema em Portugal só foi possível graças a uma estrutura que, mal ou bem, resistiu às mudanças de governo, às mudanças de ministros. Essas estrutura é que tem de ser reforçada e não questionada. O Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), com as diversas denominações que teve ao longo dos tempos, foi o instrumento número um, que possibilitou ao cinema português ter aquela áurea enorme técnica.
(....)
Então o que passa no cenário actual do cinema?
Há uma grande ignorância e novo-riquismo os decisores que estremeceram, nos últimos três anos, esta estrutura que é indispensável e devia ter mais fundos para além da taxa dos quatro porcento. Em vez de ter havido o reforço dos meios do ICA, houve um deslumbramento para caçar, a qualquer preço, espectadores. O grande cinema não pode ser feito com esse espírito. Mais do que isso, houve um desvio de uma lei que nos punha ao nível da Europa e que, de certa forma, obrigava qualquer operador audiovisual a investir em cinema e audiovisual. Isso foi transformado num projecto que só tem trazido a pior confusão e um grande oportunismo. É quase um caso de polícia.
Está a falar do Fundo de Investimento no Cinema e Audiovisual (FICA)?
Sim, é um discurso demagogo e aldrabão e uma caça ao dinheiro do Estado, através do Ministério de Economia. Este fundo é uma lei desviada dos contornos originais e que promete retornos impossíveis de obter. É um monstro, um aborto, que não tem nada a ver com critérios culturais. Mesmo que um filme faça 300 mil espectadores, o retorno ao produtor são 150 mil euros e os filmes são feitos com, pelo menos, um milhão e meio ou dois milhões de euros. Portanto não há retorno (como é regra para obtenção do fundo). A Lei que devia fomentar a cultura acabou por ser esquecida e desviada.
(...)
Os filmes apoiados pelo FICA não conseguem então cumprir a regra do retorno relativa a este fundo?
É uma profusão de audiovisual de baixa qualidade mas não consegue espectadores para dar retorno nem sequer a nível cultural. Só dá uma imagem do país inacreditável e ‘inexportável’.
Então acha que se devia abolir o FICA?
O FICA nunca devia ter existido. A única estrutura que devia gerir o audiovisual em Portugal era o ICA e sem permitir baixar a qualidade. Não sei quem vai querer comprar, lá fora, o ‘Equador’ e é inacreditável que o primeiro produto audiovisual sobre Salazar tenha sido aquilo (‘A Vida Privada de Salazar’). Estamos muito abaixo de Berlusconi. E isto tem sido feito com o beneplácito do próprio ministro da Cultura que diz que isto não tem nada a ver com ele e adoptou a posição de avestruz.
E o ICA serve os propósitos do cinema português?
Tenho muitas críticas ao funcionamento da instituição mas não ponho em causa a estrutura. Quero é o reforço da estrutura com um reforço de verbas e responsabilização na promoção e desenvolvimento da produção audiovisual, além da cinematográfica, e com critérios de qualidade. Deviam ser criadas condições para que o ICA funcionasse melhor: deixasse esta burocratização excessiva e reforçasse as suas receitas – até podia ser com o reforço de 1% do volume de negócios das televisões privadas –, ter uma maior preocupação na distribuição e exibição e uma transparência no apoio a festivais. E rever o incentivo a primeiras obras, assim é difícil surgirem novos realizadores...
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Escrever até morrer
Não se defendem ideologias, nem tão pouco as ideias que ruminam na mente de cada um. A escrita é uma arte que todos possuímos, mas poucos conseguem reconhecimento por ela. Não podemos esquecer que há milhares de anos o Homem para evoluir teve que inventar um código, que assente em regras normalizadas, construiu o seu caminho evolucionário. O real só foi apreendido depois de ter ganhado significado e isso foi feito pela forma da linguagem que também se manifesta em escrita. José Saramago morreu hoje aos 87 anos de idade depois de um caminho que teve a sua mais alta subida aquando do prémio Nobel da Literatura. Um prémio que distingue não os melhores, mas aqueles que realmente fizeram mudar o mundo. A visão de Saramago para uns era ortodoxa, para outros um neoformalista na escrita. De qualquer das formas Saramago era Português e por isso sinto-me orgulhoso.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Frame a frame
Não podia deixar de colocar aqui um post sobre este fantástico filme de um realizador que se caracteriza por ser visionário e admite que o stop motion não é uma paixão. Wes Anderson surpreendeu-me pela positiva com este filme de animação e stop motion. Fantastic Mr. Fox é um filme surpreendente não só pelo recurso a uma técnica que torna o cinema numa arte um pouco mais criativa e superior, bem como um momento de puro relaxamento e reflexão. Em relação à narrativa posso dizer que há já bastante tempo que não havia um filme que conseguisse que eu me "agarrasse" ao ecrã como este filme conseguiu. Além de possuir um enredo intensamente cativante, possui momentos de humor fantásticos. Depois os cenários são também uma razão para a minha predilecção pelo filme, que pela luz e cor que contém resulta num filme estéticamente muito bem conseguido e numa animação de imagens em movimento que de uma forma unida resultam numa perfeição mais que perfeita, passo a redundância, para o género. Aqui ficam alguns frames que demonstram o que disse e que demonstram visualmente tudo o que há a dizer sobre o filme:
quarta-feira, 16 de junho de 2010
terça-feira, 15 de junho de 2010
O que existe, mas não se vê.
Trago aqui um vídeo interessante que de alguma forma se encaixa naquilo que considero de pensamento audiovisual. Realizado por Timo é um vídeo que realmente descreve o mundo actual que vivemos. Nos dias de hoje as grandes metrópoles e não só, não são apenas constituídas por edifícios e infraestruturas de cimento e ferro. No dias de hoje, e graças à evolução da tecnologia, nomeadamente nos meios de comunicação móveis, os espaços onde os humanos vivem são compostos por mais um elemento que por sinal é invisível ao seu olho, mas no entanto representa um papel fundamental na questão de sociabilidade. Por isso estas palavras que o autor descreve o projecto não sejam tão insensatas como parecem. :
"Utopian and radical architects in the 1960s predicted that cities in the future would not only be made of brick and mortar, but also defined by bits and flows of information. The urban dweller would become a nomad who inhabits a space in constant flux, mutating in real time. Their vision has taken on new meaning in an age when information networks rule over many of the city's functions, and define our experiences as much as the physical infrastructures, while mobile technologies transform our sense of time and of space."
Realmente o espaço das grandes cidades estão a ser ocupadas por círculos de bits e fluxos de informação (Wireless) que estão a transformar o nosso sentido de tempo e espaço. Um sentido que no preciso momento está a ser reformulado em novos significados de tempo e espaço. O vídeo que se segue talvez seja uma aproximação visual a essa realidade.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Cinema em Portugal
Por causa de uma entrevista que Pedro Costa deu à versao espannhola de Cahiers du Cinèma por causa do seu último filme Ne Change Rien, surgiu-me o pensamento sobre a realidade do cinema em Portugal depois de ler a seguinte citação:
"El Cine es el sueño pero también es la accion prática, en la rutina del trabajo un poco jodido, comprar papel de aluminio para a la iluninacion, transportar el pie da la cámara, hacer yo mismo las sándwiches. Y esto es acción. no es sueno. Pero tampoco me gusta la acción. Quiero decir que detesto tanto el sueno como la acción. Pero como de de trabajar con ambas, las mezclo. No es que una cosa importe más que otra. No estoy inmerso en sueño de cine, no estoy en un pequeno sueño de perfección, de idealización de la pelicula a realizar. Estoy mucho más en los líos de la rutina, que pueden ser una tortura pero en los que también he aprendido a encontrar placer."
As palavras de Pedro Costa estao carregadas de significado. Primeiro nota-se a simplicidade e humildade de um homem que simplesmente tem escrito nos ultimos anos novos tracos no cinema Mundial. Homenageado por diversos especialistas, viu a a sua obra ser reconhecida ultimamente pelo lancamento da sua filmografia por uma das respeitadas editoras de cinema do mundo The Criterion. Mas as palavras vao mais longe: quando o realizador argumenta que tem que comprar papel de aluminio para a iluminacao e transportar o tripé da câmara, nao fala apenas das suas diificuldades, mas também das dificuldades do cinema em Portugal que nao consegue produzir obras em terras nacionais que merecam o reconhecimento internacional. Acho que este tema merece uma analise mais profunda.
sábado, 12 de junho de 2010
Barceloneta
A praia é um lugar onde podemos descansar.
Ouvindo as ondas a bater na areia, podemos sonhar.
Viajando pelo fundo do mar,
Podemos conhecer mundos que não existem noutro lugar.
Ouvindo as ondas a bater na areia, podemos sonhar.
Viajando pelo fundo do mar,
Podemos conhecer mundos que não existem noutro lugar.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
World Cup 2006
Porque está aí o Mundial 2010 que ocorre na África do Sul. Ficam aqui excelentes fotografias tiradas durante o que ocorreu em 2006 por Rachel Hulin.
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Iphone Infografia
Tenho um afecto especial pelo Iphone, não apenas porque é um objecto de desejo, mas também pela sua funcionalidade e simplicidade. Qual não foi a minha surpresa ao ver este trabalho de Benn Milen . O mesmo descreve o projecto como:
In researching the iPhone as a part of Critical Wayfinding, the analysis of the device, the corporation, the vast network of shareholders, technology and the distribution infrastructure that surrounds it yielded an overwhelming amount of information. In an attempt to organize this information into a format that is engaging and reflective of the wayfinding foundations of the project, two large conceptual diagrams in the style of Harry Beck’s London Underground diagram were produced. These are not maps in any conventional sense, but rather diagramatic representations of the interconnected space of technology, capital, instrumental value, exchange value, social and environmental impact that surround the device. The first diagram focuses primarily on the physical device, and the existence of the device as an object in our world. The second examines the placement of the device with respect to the individual and society.
Iluminação
Conforme já tinha prometido aquando da análise do último filme de Francis Ford Coppola que visionei, Youth Witouth Youth vou fazer um post sobre a iluminação e o seu uso no cinema. Assim podemos por começar por dizer que grande do impacto de uma imagem se deve à manipulação de a iluminação. No cinema em geral, a iluminação é algo mais que a luz que nos permite a acção. Nas zonas mais escuras ou mais claras do fotograma contribuem a criar uma a composição geral de cada plano e dirigem a nossa atenção para determinados objectos e acções, como também uma sombra pode ocultar um detalhe ou criar suspense sobre o que se pode esconder. A iluminação também pode definir texturas: a suave curva de um rostro; o delicado traçado de uma teia de aranha o brilho do cristal e o reflexo de uma pedra preciosa...
A iluminação dá forma aos objectos criando reflexos e sombras. Um reflexo é uma zona de luminosidade relativa numa superfície. Os reflexos proporcionam importantes indicações da textura da superfície. Se a superfície é lisa como o cristal os reflexos tendem a brilhar, numa superfície mais tosca, como um revestimento de madeira áspera tendem a criar reflexos mais difusos. Há dois tipos básicos de sombras e ambas são importantes na composição filmica.
São elas as sombras inerentes ou sombreado e as sombras projectadas. Uma sombra inerente produz-se quando a luz não consegue iluminar parte de uma objecto devido às características da sua superfície. Se uma pessoa está de frente de uma vela num quarto escuro, algumas zonas do rosto e do corpo ficarão escuras. Este fenómeno é o sombreado, ou sombras inerentes. Porém, também a vela projecta uma sombra na parede que há detrás dela. Esta é uma sombra projectada. porque o corpo bloqueia a luz.
A iluminação também conforma a composição global de um plano bem como também afecta a nossa sensação de da forma e da textura dos objectos descritos. Se se ilumina um balão pela frente, parecerá redondo. Se esse mesmo balão se ilumina de um lado veremos-lo como um semicírculo. A curta metragem Lemon (1969) de Hollis Frampton consiste principalmente em uma luz que se move ao redor de um limão e as movediças sombras criam desenhos de amarelo e negro que mudam de forma espectacular.
Podemos isolar quatro características principais da iluminação cinematográfica: qualidade, direcção, fonte e cor.
Mas muito ainda mais à dizer sobre esta característica fundamental do cinema e sobre a qual qualquer aspirante a realizador ou filmaker deve dominar. Este post foi feito com recurso ao livro de David Bordwell versão espanhola "El Arte Cinematografico" (1995) que no próximo post sobre o tema voltará a servir de referência.
São elas as sombras inerentes ou sombreado e as sombras projectadas. Uma sombra inerente produz-se quando a luz não consegue iluminar parte de uma objecto devido às características da sua superfície. Se uma pessoa está de frente de uma vela num quarto escuro, algumas zonas do rosto e do corpo ficarão escuras. Este fenómeno é o sombreado, ou sombras inerentes. Porém, também a vela projecta uma sombra na parede que há detrás dela. Esta é uma sombra projectada. porque o corpo bloqueia a luz.
A iluminação também conforma a composição global de um plano bem como também afecta a nossa sensação de da forma e da textura dos objectos descritos. Se se ilumina um balão pela frente, parecerá redondo. Se esse mesmo balão se ilumina de um lado veremos-lo como um semicírculo. A curta metragem Lemon (1969) de Hollis Frampton consiste principalmente em uma luz que se move ao redor de um limão e as movediças sombras criam desenhos de amarelo e negro que mudam de forma espectacular.
Podemos isolar quatro características principais da iluminação cinematográfica: qualidade, direcção, fonte e cor.
- Qualidade: faz referência à intensidade relativa da iluminação. A iluminação "dura" cria sombras claramente definidas, por outro lado a iluminação "suave" cria uma luz difusa. Na natureza o sol do meio-dia cria uma luz dura, enquanto um céu nublado cria uma luz suave. Os términos são relativos e muitas situações de iluminação se incluirão entre ambos os extremos, porém na prática podemos reconhecer facilmente as diferenças. Pois a iluminação "dura" cria sombras claras e texturas e contornos definidos.
Mas muito ainda mais à dizer sobre esta característica fundamental do cinema e sobre a qual qualquer aspirante a realizador ou filmaker deve dominar. Este post foi feito com recurso ao livro de David Bordwell versão espanhola "El Arte Cinematografico" (1995) que no próximo post sobre o tema voltará a servir de referência.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
NoslenPhotographer
Uma fotografia é um pedaço de realidade captada por um instrumento construído pelo homem. Nos inícios este instrumento foi visto como algo maléfico, mas depois se percebeu que podia guardar memórias intemporais num pedaço de material químico. Actualmente a tecnologia banalizou esta arte que merece ser considerada arte como todas as outras espécies de arte são.
Michael Haneke
Michael Haneke é um daqueles realizadores que até há bem pouco tempo passou-me despercebido. Não sei bem qual a razão desta ignorância, já que penso ter um bom conhecimento sobre os filmes que têm marcado a contemporaneidade. Mas isto só me faz perceber que neste mundo do cinema são muitos aqueles que existem e se caracterizam pela qualidade dos seus filmes e, por vezes, passam no desconhecido dos aficionados. Este foi o meu caso.... Não posso especificar quando foi realmente a primeira vez que surgiu dentro de mim a necessidade e curiosidade de visionar as obras cinematográficas deste realizador, bem como querer ver através da tela a forma como ele observa o mundo. Mas quem é realmente este senhor....
Nasceu no ano de 1943 na Alemanha e os seus filmes caracterizam-se principalmente por falhanços e problemas na sociedade moderna. Segundo um artigo na Wikipédia:
Haneke was born in Munich, Germany, the son of the German actor and director Fritz Haneke and the Austrian actress Beatrix von Degenschild. Haneke was raised in the city Wiener Neustadt. He attended the University of Vienna to studyphilosophy, psychology and drama after failing to achieve success in his early attempts in acting and music. After graduating, he became a film critic and from 1967 to 1970 he worked as editor and dramaturg at the southwestern German television station Südwestfunk. He made his debut as a television director in 1974.
O primeiro filme que escolhi da já extensa filmografia que o realizador possui foi The White Robbin (2009) com titulo original Das Weisse Band. O filme passa-se numa aldeia que vive o tormento do início da primeira guerra mundial. Tudo corria bem, até que misteriosos acontecimentos começam a mudar a rotina diária dos cidadãos e é então que percebemos que muitas vezes as aparências enganam e crianças com cara de "anjos" podem ser uns "monstros" traumatizados pelos actos de boa educação que os seus pais pensam que lhe estão a oferecer.
O que nos é mostrado neste filme é como a educação severa e aparências comunitárias muitas vezes podem esconder problemas que são ignorados e todos aqueles que sabem, simplesmente os ignoram. É um reflexo da sociedade moderna em que vivemos, que não se importa com o que de mal acontece com o próximo, desde que não lhe afecte a ele, está tudo bem.
Mas o filme é mais do isso, é um movimento fixo de realidades que atinge todas as sociedades por esse mundo fora, onde existem as pessoas que guiam os ignorantes que não tendo confiança nas suas próprias faculdades e capacidades, deixam que crenças incertas os levem para caminhos que ainda desconhecem mais.
O espectador, neste filme, é levado num fluxo narrativo que culmina num desenlace imperceptível, mas explícito. Porque de forma implícita o espectador percebe que os responsáveis dos actos violentos que assolaram a aldeia, são as pessoas menos óbvias, contudo os guias do povo são aqueles que querem ignorar os responsáveis e para isso escondem a pureza na gaveta ameaçando quem pense o contrário.
O que nos é mostrado neste filme é como a educação severa e aparências comunitárias muitas vezes podem esconder problemas que são ignorados e todos aqueles que sabem, simplesmente os ignoram. É um reflexo da sociedade moderna em que vivemos, que não se importa com o que de mal acontece com o próximo, desde que não lhe afecte a ele, está tudo bem.
Mas o filme é mais do isso, é um movimento fixo de realidades que atinge todas as sociedades por esse mundo fora, onde existem as pessoas que guiam os ignorantes que não tendo confiança nas suas próprias faculdades e capacidades, deixam que crenças incertas os levem para caminhos que ainda desconhecem mais.
O espectador, neste filme, é levado num fluxo narrativo que culmina num desenlace imperceptível, mas explícito. Porque de forma implícita o espectador percebe que os responsáveis dos actos violentos que assolaram a aldeia, são as pessoas menos óbvias, contudo os guias do povo são aqueles que querem ignorar os responsáveis e para isso escondem a pureza na gaveta ameaçando quem pense o contrário.
É numa técnica cinematográfica com recurso ao preto e branco que Haneke consegue neste filme construir uma realidade que atormentou e atormenta o mundo em que vivemos. O realizador conseguiu um trabalho sublime nesta obra que expressa uma época que transformou o mundo e o mudou para sempre. Quis focar tanto a atenção do espectador nas imagens, porque são elas o lado visível da realidade que é construída, que não recorreu ao uso de uma banda sonora. Então, os sons que ouvimos são aqueles que realmente merecem serem ouvidos, os sons da realidade que é esta e mais nenhuma.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Iphone 4
Depois do sucesso do Ipad que superou todas as expectativas de vendas. A Apple lanca um novo modelo do Iphone no momento em que as vendas dos seus produtos superaram as da Microsoft. No novo smartphone e de destacar a tecnologia Retina Display que permite uma maior resolucao do ecra, com uns incriveis 960 por 640 e 3,5 polegadas o que permite uma visao bem mais detalhada e clara. O Multitasking tambem ja era algo pedido pelos utilizadores, assim neste novo modelo vai ser permitido utilizar mais que uma aplicacao de cada vez. Em baixo pode-se ver um video com as novas potencialidades do smartphone mais comprado do mundo no momento.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Alfred Hitchcok time Line
Um execelente trabalho de Sumit Paul que criou uma linha do tempo com todos os filmes de Alfred Hitchcok. A timeline divide-se em seis seccoes, sendo que cada uma das quais mostra filmes realizados pelo realizador britânico e uma breve informacao sobre eles. Imprecindivel para todos os aficcionados, bem como de destacar o trabaho de interactividade que foi muito bem conseguido.
Cannes 2010_2
Um interessante artigo escrito por Vasco Câmara do Público sobre o filme que ganhou a palma de ouro este ano do festival de Cannes. Nesse sentido segue o mesmo literalmente nas linhas abaixo.
Não nos podem censurar por esperar que Tim Burton, presidente do júri da competição de Cannes, se tenha deixado encantar pelos monstrinhos de "Uncle Boonmee, who Can Recall His past Lives..." como aquele filho que um pai encontra, muitos anos depois, saído da selva, peludo como um macaco negro e de olhos de luz vermelha. Se isso for ganho, o resto não será problema, estará lá outro membro do júri, o espanhol Victor Erice, para ajudar a levar o novo filme do tailandês Apichatpong Weerasethakul ao Palmarés.Por nós, estamos encantados, sr. Weerasethakul. Mesmo que não saibamos bem o que os nossos olhos viram. Ninguém sabe, de resto. A não ser que foi uma experiência de estados alterados, uma reserva de sensações, energias e de imaginação que o espectador descobre existir, ou que o filme nele vai apurando.Ver um filme de Apichatpong Weerasethakul, cineasta de 40 anos, é ficar sujeito à inesperada convivência com outra(s) natureza(s). Tal como Uncle Boonmee, que está a morrer com uma doença de fígado e lhe vê aparecer o fantasma da mulher já morta e o filho desaparecido que se tornou um animal a partir do momento em que acasalou com uma macaca - isto antes de mergulharem na selva, onde animais, plantas, humanos e fantasmas são a mesma espécie, e onde irrompem as outras vidas de Uncle Boonmee, que foi búfalo ou princesa que acasalou com um peixe.Ah, um filme, uma câmara de filmar, a natureza, os animais... podem permitir esta sensação de estar, como espectador, sujeito à permanente transformação. O máximo da candura, a maior simplicidade de meios, além do mais, resulta aqui no mais desopilante dos filmes - uma homenagem do realizador à cultura da terra onde nasceu, no Nordeste da Tailândia, que, diz ele, tem sido normalizada e destruída por anos de nacionalismo e golpes militares. Não há outro cinema assim, para isso servem as Palmas de Ouro.Pelo contrário, tudo em "Hors la Loi", de Rachid Bouchareb (Argélia), já foi feito em outros filmes. E sem a sensação de reconstituição de época a evidenciar falsidade por todos os lados. Não fosse a polémica à volta da suposta revisão da História de que sectores conservadores franceses acusam Bouchareb - pela forma como um episódio da luta pela independência argelina, o massacre de Setif, em 1945, é reconstituído -, acordando fantasmas não resolvidos, levando até à marcação de manifestações da França nostálgica contra o filme (e levando o festival a pôr água na fervura e a dedicar o dia de ontem às vítimas da guerra da Argélia), e "Hors la Loi" seria uma nota de rodapé no festival. Segue a vida de três irmãos argelinos e da sua mãe ao longo de três décadas, dos anos 30 à independência de Argel, em 1962. Quis fazer um "Era Uma Vez na América", assumiu o realizador. Ilusões... O filme alinha sequência atrás de sequência, legenda atrás de legenda para sinalizar espaço e época diferentes, mas é um exemplo de impotência para criar personagens e sopro épico.
O festival que este ano teve como presidente do juri Tim Burton destacou-se pelos filmes que de seguida apontarei e que servirá para mais tarde recordar quando os quiser visionar.
- Hahaha (Hong Sangsoo)
- Le quattro volte (Michelangelo Frammartino)
- O Estranho Caso de Angélica (Manuel de Oliveira)
- Film Socialisme (Jean-Luc Godard)
- Autobiografia lui Nicolae Ceaucescu (A. Ujica)
- Chantrapas (Otar Iosseliani)
- Aurora (Cristi Puiu)
- Tounée (Mathieu Amalric)
- Nostalgia de la Luz (Patricio Guzmán)
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