No outro dia enquanto navegava na net, encontrei no BrainPickings referência a um livro que foi indicado lá como um dos mais importantes escritos no século XX sobre design gráfico. Toughts On Design (1972) foi escrito por Paul Rand - o americano modernista - (1914-1996), que por sinal parece ter sido uma figura importantíssima na área do design gráfico.
Paul Rand |
Ao tentar saber mais sobre ele descobri um artigo que despertou o meu interesse. O que me leva a prestar atenção mais detalhada ao artigo foi a forma como Rand o introduziu: "TABOOS AND PREJUDICES HAVE LONG CREATED LIMITING barriers to experimentation and to meaningful work in the graphic arts. In this paper I should like to attack one particular prejudice—that against the color black.".
Aquela citação levou-me a pensar na importância das cores no design e como os preconceitos sobre essas muitas vezes pode prejudicar o trabalho de um designer. Levou-me também a querer saber quais são esses estereótipos que Rand quer contrapor.
Também quero ter um arquivo aqui no blog sobre este tema. De forma a ter mais tarde um texto que me possa ajudar em futuros trabalhos em que tenha que recorrer a esta análise. Nesse sentido, decidi analisá-lo de uma forma mais profunda. Além disso, devo anunciar que o artigo ficou bastante extenso e na sua generalidade é uma tradução do artigo de Rand (o que pode fazer com que tenha alguns erros de semântica ou sintaxe, mas tentei ao máximo que isso não acontecesse). Porém, considero que contém ideias deveras importantes para todos aqueles que se interessam por estes temas como eu.
Aquela citação levou-me a pensar na importância das cores no design e como os preconceitos sobre essas muitas vezes pode prejudicar o trabalho de um designer. Levou-me também a querer saber quais são esses estereótipos que Rand quer contrapor.
Também quero ter um arquivo aqui no blog sobre este tema. De forma a ter mais tarde um texto que me possa ajudar em futuros trabalhos em que tenha que recorrer a esta análise. Nesse sentido, decidi analisá-lo de uma forma mais profunda. Além disso, devo anunciar que o artigo ficou bastante extenso e na sua generalidade é uma tradução do artigo de Rand (o que pode fazer com que tenha alguns erros de semântica ou sintaxe, mas tentei ao máximo que isso não acontecesse). Porém, considero que contém ideias deveras importantes para todos aqueles que se interessam por estes temas como eu.
O artigo originalmente foi publicado no livro Graphic Forms: The Arts as Related to the Book (1949) e foi reimprimido no A Designer’s Art (1985). Começa logo com uma citação do poeta françês Rimbaud: "Vowels: black A, white E, red I, green U, blue O, Someday I shall name the birth from which you rise: A, a black furry corset of loud flies Boiling where the cruel stenches flow…"
Rand começa por nos explicar que o poeta utiliza as palavras para simbolizar-se com a carnalidade, a morte e a decadência. Com o tempo esta associação da cor preta com a morte levou à sua condenação na arte como sendo deprimente e sinistra e, portanto, deve-se evitar. Assim, como consequência, o poder e utilidade do negro deve ser evitada, limitada ou mal compreendida por designer, arquitetos entre outros durante o século XX.
Claro que estamos a falar de 1949 e nos dias de hoje creio que o preto já assumiu uma nova importância na criação visual de identidades e imagens. Talvez aquela ideia até seja um bom motivo para mais tarde escrever um post aqui no blog.
Claro que estamos a falar de 1949 e nos dias de hoje creio que o preto já assumiu uma nova importância na criação visual de identidades e imagens. Talvez aquela ideia até seja um bom motivo para mais tarde escrever um post aqui no blog.
Para contrapor aquela visão da época, Rand começa por explicar a importância do preto na Natureza. Então diz-nos que a cor branca é a companheira da preta e as duas são justapostos drasticamente entre o contraste do dia e a noite. Já que a ininterrupta escuridão ou a luz do dia contínua seria intolerável.
Por outro lado, o preto serve para desencadear subtilmente o brilho das folhas verdes ou a cor do Outono. É um exemplo que nos leva a crer na importância desta cor, que juntamente com o branco, nos faz admirar a natureza em todo o seu esplendor. Ela está presente na sombra, na luz, nas cavernas e desfiladeiro. Por outras palavras, é uma cor natural que está presente em toda a natureza.
Tenho que concordar plenamente com os parágrafos acima, pois recentemente dei-me a experimentar o black&white na fotografia e os resultados têm sido muito bons, como podem comprovar na fotografia abaixo. O que me leva a crer que esta é uma técnica poderosa quando bem utilizada na fotografia ou design gráfico.
Apontando outros argumentos, Rand afirma que as cores naturais estão integradas, o que faz com que participem na reflexão das cores que as rodeiam. E o preto, de uma forma modesta, fornece um perfeito fundo para as cores naturais. Consequentemente, o preto tem sido muito bem compreendido na utilidade diária. Já que nos E.U.A e Europa o preto foi de longe a cor utilizada nos carros, nomeadamente os de fruição. Por outro lado, o preto é a cor fúnebre ou até a cor da roupa interior feminina tornando-a sensual e elegante.
Rand continua dizendo que se olharmos de uma forma mais profundamente psicológica para o preto, ele está ligado com mistério: com a morte é incognoscível, com a noite é cheia de coisas escondidas - ou medo ou mágico.
Finalmente, em alguns países o preto ou quase preto tem sido empregado de uma forma extensiva em arquitetura ou em design de interior. Por exemplo, o padrão de coloração das casas japonesas é baseado no contraste entre o uso do escuro e materiais de luz. A madeira escura muitas vezes delineia muitas vezes a básica estrutura da casa e separa-a esteticamente das luzes coloridas das partições (fusuma) e os tapetes (tatami).
Creio que até aqui, isto é, nas linhas acima escritas, podemos encontrar argumentos gerais e abstratos que Rand argumenta contra os preconceitos e tabus do uso do negro no design.
A partir daqui ele entra em exemplos mais concretos recorrendo para isso a ilustrações onde o preto foi utilizado de forma a reforçar a sua beleza, simplicidade e utilidade.
Na primeira das suas ilustrações, que mostra um edifico desenhado por Mies van der Rohe, o preto é um factor crucial para a sua estética. Os membros de ferro desta estrutura estão expostos e pintados de preto. O efeito disto é múltiplo: a estrutura está claramente definida, está colocada num dramático contraste para as paredes não pálidas do rolamento do tijolo, a maior parte dos seus membros é reduzido fazendo-os parecer leves e delicados. Assim, uma grande elegância é conseguida sem recurso a materiais caros ou decoração. Finalmente, a contenção e a serenidade do preto faz com que a construção do edifício pareça um oásis no coração caótico da cidade.
Com aquela explicação, sem dúvida, que é compreendido que como a qualquer cor, o valor do preto depende da maneira como é utilizado. O preto será sempre lúgubre, ou brilhante ou até elegante dependendo sempre do seu contexto e da sua forma. Apesar do uso bem sucedido do preto, por exemplo no Japão, em edifícios e interiores modernos, ainda existem muitas pessoas que negam categoricamente o preto, diz Rand.
A seguir o americano modernista fala sobre um médico que escreveu sobre o uso das cores nos interiores sobre a forma de um aviso sinistro contra o negro: “This is the most dismal of all colors—it expresses all that is opposite to white.” Edward Podolsky, The Doctor Prescribes Colors, pp. 48.
Para refutar aqueles argumentos, Rand afirma que este tipo de denúncia ignora completamente a natureza relativa de qualquer cor ou forma.
Para demonstrar aquele ponto de vista, recorre a Eisenstein que escrevendo sobre os filmes afirma: “Even within the limitations of a color-range of black and white … one of these tones not only evades being given a single ‘value’ as an absolute image, but can even assume absolutely contradictory meanings, dependent only upon the general system of imagery that has been decided upon for the particular film.” Eisenstein, The Film Sense, pp. 151-152.
Em suma, o que Eisenstein afirma é que o significado e utilidade da cor depende apenas sobre o sistema geral de imagens que foi decidido para o filme.
Por exemplo, ilustra este ponto importante pela reversão do papel do negro em relação ao branco nos dois filmes: Old and New (1929) e Alexander Nevsky (1938). No anterior o negro significa coisas reacionárias, antiquadas e criminais enquanto o branco denota felicidade, vida e progresso, e que em Alexander Nevsky (1938); branco era cor da crueldade, opressão e morte e o preto está identificado com os guerreiros russos e, representa por isso, heroísmo e patriotismo. A resposta de Eisenstein para a surpresa e protesto dos críticos naquela inversão do simbolismo tradicional, foi citar Moby Dick, a famosa baleia branca já que o leitor deve lembrar-se que a brancura lívida, leprosa desta baleia simboliza o mal monstruoso e desconcertante do mundo.
Por outro lado, na Idade Média e Renascimento, o preto (com algumas notáveis exceções) foi tratado como um elemento linear ou foi associado com a modelação claro-escuro. Kahnweiler em The Rise of cubism (1949) diz: “Since it was the mission of color to create the form as chiaroscuro, or light that had become perceivable, there was no possibility of rendering local color or color itself.” Daniel-Henry Kahnweiler, The Rise of Cubism (New York, 1949), p. 11.
Embora Kahnweiler esteja a referir-se à cor em geral, aquele testamento aplica-se ao preto em geral. No século XX as possibilidades de reprodução da cor como uma coisa em si mesmo e não primariamente como uma descrição tridimensional ou luz objetivada foi descoberta e explorada. Coincidente com esta tendência, o preto tornou-se um valor plástico positivo. Creio, que para entender melhor estes argumentos seria preciso fazer uma análise visual e científica a obras que contenham aquelas caraterísticas.
Finalmente, Rand refere que entre os artistas que usaram o preto como elemento vital no seu trabalho temos: Rouault, Braque, Miro, Leger, Arp, and Picasso. Beardsley, Masereel, e Posada, por exemplo, utilizaram-no exclusivamente.
Um desses artistas descreveu a obra acima da seguinte forma. "The black grows deeper and deeper darker and darker before me. It menaces me like a black gullet. I can bear it no longer. It is monstrous. It is unfathomable. As the thought comes to me to exorcise and. transform this black with a white drawing, it has aheady become a surface. Now I have lost all fear, and begin to draw on the black surface. I draw and dance at once, twisting and winding, a winding, twining soft white flowery round. A round of snakes in a wreath…white shoots this way and that…" Jean Arp, On My Way (New York, 1948), p. 52.
Com aquela citação Arp entende que o preto sozinho e fora do contexto é assustador, mas ele sabe também a sua potência uma vez que é formado e relacionado.
Uma outra ilustração que Rand contém no seu artigo é a pintura de Picasso Guernica. Para ele é um eloquente testemunho do poder expressivo do preto e os seus companheiros naturais que são o cinzento e o branco. Continua explicando que embora não saibamos a intenção de Picasso, podemos arriscar algumas afirmações sobre os efeitos mais evidentes alcançados pela substituição do preto, branco e cinza pelas cores habituais.
Isto é, a ausência das esperadas cores pictóricas dramatiza o impacto do trabalho. Além disso, a ausência de cor implica todas as cores, fazendo com que o espetador use a atividade das forças da sua imaginação por não dizer-lhe tudo.
O uso do preto, branco e cinza é um eufemismo que torna possível e suportável o horror e a violência das imagens. Ao mesmo tempo, paradoxalmente, ele enfatiza a imaginação de uma forma brutalmente trágica. É provável que fora de questão naquele mural a preto e branco eles joguem os seus simbólicos papéis ancestrais. Eles são as cores primas não adulteradas na luta entre a vida e a morte.
Outro argumento que Rand novamente recorre é o facto de durante muitos séculos pintores chineses e japoneses terem reverenciado (respeitado) o preto como cor. Na pintura japonesa, o preto (sumi) é muitas vezes a única cor empregada. Os artistas japoneses sentem que: “colors can cheat the eye but sumi never can; it proclaims the master and exposes the tyro.” Henry P. Bowie, On the Laws of Japanese Painting (San Francisco, 1911), p. 39.
Para reforçar esta relação dos artistas japoneses com o sumi Rand evoca um famoso pintor japonês chamado Kubota que frequente expressava o desejo de poder viver o suficiente para ser capaz de descartar a cor totalmente e usar o "sumi sozinho por todos e quaisquer efeitos nas pinturas." Henry P. Bowie, On the Laws of Japanese Painting (San Francisco, 1911), p. 39.
Segundo ainda Rand, em 1860 escreveu: "I do not know whether the use of black for mourning prevents the use of it, in numberless cases, where it would produce most excellent effects.” M. E. Chevreul, The Laws of the Contrast of Color (London, 1883), p.54.
Parece que aquela expressão foi pertinente no século XX como foi no século XIX. Já que muitos artistas gráficos ainda coibia do preto. Pois quando eram confrontados com nenhuma outra alternativa que não o preto, como na publicidade, em jornais ou publicidade muitas vezes eles aceitam a contra gosto e fazem pouco esforço para descobrir ou desenvolver as suas potencialidades.
No entanto, as qualidades físicas e psicológicas discutidas até agora em relação à arquitetura e pintura são igualmente importantes para as artes gráficas: publicidade, design de capa e tipografia. De forma a ilustrar isso Rand utiliza vários exemplos do uso do preto nos seus trabalhos.
Tenho que concordar plenamente com os parágrafos acima, pois recentemente dei-me a experimentar o black&white na fotografia e os resultados têm sido muito bons, como podem comprovar na fotografia abaixo. O que me leva a crer que esta é uma técnica poderosa quando bem utilizada na fotografia ou design gráfico.
http://www.artedeseexprimir.net/fotografia/momentos |
Apontando outros argumentos, Rand afirma que as cores naturais estão integradas, o que faz com que participem na reflexão das cores que as rodeiam. E o preto, de uma forma modesta, fornece um perfeito fundo para as cores naturais. Consequentemente, o preto tem sido muito bem compreendido na utilidade diária. Já que nos E.U.A e Europa o preto foi de longe a cor utilizada nos carros, nomeadamente os de fruição. Por outro lado, o preto é a cor fúnebre ou até a cor da roupa interior feminina tornando-a sensual e elegante.
Rand continua dizendo que se olharmos de uma forma mais profundamente psicológica para o preto, ele está ligado com mistério: com a morte é incognoscível, com a noite é cheia de coisas escondidas - ou medo ou mágico.
Finalmente, em alguns países o preto ou quase preto tem sido empregado de uma forma extensiva em arquitetura ou em design de interior. Por exemplo, o padrão de coloração das casas japonesas é baseado no contraste entre o uso do escuro e materiais de luz. A madeira escura muitas vezes delineia muitas vezes a básica estrutura da casa e separa-a esteticamente das luzes coloridas das partições (fusuma) e os tapetes (tatami).
Exemplo de decoração de uma casa Japonesa (Fusuma) |
Creio que até aqui, isto é, nas linhas acima escritas, podemos encontrar argumentos gerais e abstratos que Rand argumenta contra os preconceitos e tabus do uso do negro no design.
A partir daqui ele entra em exemplos mais concretos recorrendo para isso a ilustrações onde o preto foi utilizado de forma a reforçar a sua beleza, simplicidade e utilidade.
Na primeira das suas ilustrações, que mostra um edifico desenhado por Mies van der Rohe, o preto é um factor crucial para a sua estética. Os membros de ferro desta estrutura estão expostos e pintados de preto. O efeito disto é múltiplo: a estrutura está claramente definida, está colocada num dramático contraste para as paredes não pálidas do rolamento do tijolo, a maior parte dos seus membros é reduzido fazendo-os parecer leves e delicados. Assim, uma grande elegância é conseguida sem recurso a materiais caros ou decoração. Finalmente, a contenção e a serenidade do preto faz com que a construção do edifício pareça um oásis no coração caótico da cidade.
Edifico desenhado por Mies van der Rohe |
Com aquela explicação, sem dúvida, que é compreendido que como a qualquer cor, o valor do preto depende da maneira como é utilizado. O preto será sempre lúgubre, ou brilhante ou até elegante dependendo sempre do seu contexto e da sua forma. Apesar do uso bem sucedido do preto, por exemplo no Japão, em edifícios e interiores modernos, ainda existem muitas pessoas que negam categoricamente o preto, diz Rand.
A seguir o americano modernista fala sobre um médico que escreveu sobre o uso das cores nos interiores sobre a forma de um aviso sinistro contra o negro: “This is the most dismal of all colors—it expresses all that is opposite to white.” Edward Podolsky, The Doctor Prescribes Colors, pp. 48.
Para refutar aqueles argumentos, Rand afirma que este tipo de denúncia ignora completamente a natureza relativa de qualquer cor ou forma.
Para demonstrar aquele ponto de vista, recorre a Eisenstein que escrevendo sobre os filmes afirma: “Even within the limitations of a color-range of black and white … one of these tones not only evades being given a single ‘value’ as an absolute image, but can even assume absolutely contradictory meanings, dependent only upon the general system of imagery that has been decided upon for the particular film.” Eisenstein, The Film Sense, pp. 151-152.
Em suma, o que Eisenstein afirma é que o significado e utilidade da cor depende apenas sobre o sistema geral de imagens que foi decidido para o filme.
Por exemplo, ilustra este ponto importante pela reversão do papel do negro em relação ao branco nos dois filmes: Old and New (1929) e Alexander Nevsky (1938). No anterior o negro significa coisas reacionárias, antiquadas e criminais enquanto o branco denota felicidade, vida e progresso, e que em Alexander Nevsky (1938); branco era cor da crueldade, opressão e morte e o preto está identificado com os guerreiros russos e, representa por isso, heroísmo e patriotismo. A resposta de Eisenstein para a surpresa e protesto dos críticos naquela inversão do simbolismo tradicional, foi citar Moby Dick, a famosa baleia branca já que o leitor deve lembrar-se que a brancura lívida, leprosa desta baleia simboliza o mal monstruoso e desconcertante do mundo.
Por outro lado, na Idade Média e Renascimento, o preto (com algumas notáveis exceções) foi tratado como um elemento linear ou foi associado com a modelação claro-escuro. Kahnweiler em The Rise of cubism (1949) diz: “Since it was the mission of color to create the form as chiaroscuro, or light that had become perceivable, there was no possibility of rendering local color or color itself.” Daniel-Henry Kahnweiler, The Rise of Cubism (New York, 1949), p. 11.
Embora Kahnweiler esteja a referir-se à cor em geral, aquele testamento aplica-se ao preto em geral. No século XX as possibilidades de reprodução da cor como uma coisa em si mesmo e não primariamente como uma descrição tridimensional ou luz objetivada foi descoberta e explorada. Coincidente com esta tendência, o preto tornou-se um valor plástico positivo. Creio, que para entender melhor estes argumentos seria preciso fazer uma análise visual e científica a obras que contenham aquelas caraterísticas.
Finalmente, Rand refere que entre os artistas que usaram o preto como elemento vital no seu trabalho temos: Rouault, Braque, Miro, Leger, Arp, and Picasso. Beardsley, Masereel, e Posada, por exemplo, utilizaram-no exclusivamente.
Obra de Arp |
Com aquela citação Arp entende que o preto sozinho e fora do contexto é assustador, mas ele sabe também a sua potência uma vez que é formado e relacionado.
Uma outra ilustração que Rand contém no seu artigo é a pintura de Picasso Guernica. Para ele é um eloquente testemunho do poder expressivo do preto e os seus companheiros naturais que são o cinzento e o branco. Continua explicando que embora não saibamos a intenção de Picasso, podemos arriscar algumas afirmações sobre os efeitos mais evidentes alcançados pela substituição do preto, branco e cinza pelas cores habituais.
Isto é, a ausência das esperadas cores pictóricas dramatiza o impacto do trabalho. Além disso, a ausência de cor implica todas as cores, fazendo com que o espetador use a atividade das forças da sua imaginação por não dizer-lhe tudo.
O uso do preto, branco e cinza é um eufemismo que torna possível e suportável o horror e a violência das imagens. Ao mesmo tempo, paradoxalmente, ele enfatiza a imaginação de uma forma brutalmente trágica. É provável que fora de questão naquele mural a preto e branco eles joguem os seus simbólicos papéis ancestrais. Eles são as cores primas não adulteradas na luta entre a vida e a morte.
Outro argumento que Rand novamente recorre é o facto de durante muitos séculos pintores chineses e japoneses terem reverenciado (respeitado) o preto como cor. Na pintura japonesa, o preto (sumi) é muitas vezes a única cor empregada. Os artistas japoneses sentem que: “colors can cheat the eye but sumi never can; it proclaims the master and exposes the tyro.” Henry P. Bowie, On the Laws of Japanese Painting (San Francisco, 1911), p. 39.
Para reforçar esta relação dos artistas japoneses com o sumi Rand evoca um famoso pintor japonês chamado Kubota que frequente expressava o desejo de poder viver o suficiente para ser capaz de descartar a cor totalmente e usar o "sumi sozinho por todos e quaisquer efeitos nas pinturas." Henry P. Bowie, On the Laws of Japanese Painting (San Francisco, 1911), p. 39.
Segundo ainda Rand, em 1860 escreveu: "I do not know whether the use of black for mourning prevents the use of it, in numberless cases, where it would produce most excellent effects.” M. E. Chevreul, The Laws of the Contrast of Color (London, 1883), p.54.
Parece que aquela expressão foi pertinente no século XX como foi no século XIX. Já que muitos artistas gráficos ainda coibia do preto. Pois quando eram confrontados com nenhuma outra alternativa que não o preto, como na publicidade, em jornais ou publicidade muitas vezes eles aceitam a contra gosto e fazem pouco esforço para descobrir ou desenvolver as suas potencialidades.
No entanto, as qualidades físicas e psicológicas discutidas até agora em relação à arquitetura e pintura são igualmente importantes para as artes gráficas: publicidade, design de capa e tipografia. De forma a ilustrar isso Rand utiliza vários exemplos do uso do preto nos seus trabalhos.
A primeira das suas ilustrações é um fotograma de cover design. Embora o fotograma seja uma imagem tecnicamente de luz e sombra de um ábaco, é essencialmente um padrão de formas claras e escuras que parecem mover-se verticalmente ao longo da sua superfície. Porque o fotograma é uma abstração das qualidades plásticas do objeto que se torna mais importante do que as suas literais (opostos). O fotograma atingiu o estatuto de forma legítima de arte como trabalho do trabalho pioneiro realizado por pessoas como Man Ray ou Moholy Nagy, desde de então tornou-se cada vez mais popular no campo gráfico.
Uma das forças primas do poder visual do fotograma foca-se no seu preto, branco e cinzento tonalidades. O fotograma retrata um mundo de luz, sombra e trevas povoado por misteriosas formas sugestivas. A capacidade destas formas para estimular associações variadas e imaginativas na mente do observador é ameaçada quando o fotograma é processado em cores. Ele ainda pode ser um trabalho efetivo de arte, mas o seu poder evocativo peculiar pode ser destruído.
Um outro exemplo que Rand apresenta no seu artigo é um trabalho tipográfico que é a capa de um catálogo para a coleção Arensberg Collection que ele projetou para o Art Institute of Chicago. A capa é constituída por uma séries de contrastes, a mais importante das quais é a de preto e branco. Em conjunto as duas agem em sentido como cores complementares. Chevreul descreveu-os como tal, porque quando eles são justapostos cada um se torna mais vivido. Isto, diz Chevreul, é devido ao facto de a luz brilhante refletida pela área branca anular a luz refletida a partir da área preta. Isso faz com que o negro pareça preto e o branco mais brilhante.
A tensão entre o branco e o preto na capa é agravada por se opor a uma grande área de preto para uma pequena área de branco. O tema de contraste é realizada mais pela variação drástica do tamanho das letras. A rugosidade das bordas do grande A enfatiza a nitidez das letras menores A, e o extremo das letras diagonais são neutralizadas pelos ângulos retos do livro em si. Mas o elemento mais dramático de contraste reside na utilização de preto e branco. Os dois tendem a emprestar dignidade e elegância para a capa do livro, mas o contraste vigoroso entre os dois dá uma qualidade poster-like.
Thomas B. Stanley no livro The Technique of Advertising Production (1947) disse: “While color has high attention value on short exposure, psychological tests indicate that the longer the time during which advertisements are examined, the more a black and white treatment tends to regain the attention lost at first glance to a color competitor.”.
E com esta afirmação termina a análise ao trabalho tipográfico.
Muitos anunciantes e artistas publicitários sentem que que um anuncio torna-se mais colorido em proporção à quantidade de cor utilizada no mesmo. Rand considerava isso falso. Explica que cores limitadas quando combinadas com o preto e o branco fornecem um fundo brilhante, mas neutro e é muitas vezes mais eficaz do que o uso de muitas cores. Além disso, a tendência do preto e branco para iluminar e animar outras cores, muitas vezes faz com que toda a cor usada ser mais articulada do que quando utilizada sozinha ou combinado com outras cores primárias ou secundárias. Isto é especialmente importante isto é especialmente importante no caso de cores escuras.
No anúncio para a loja Kaufman, que é a imagem acima, Rand escolheu o preto e branco combinado com uma forte luz rosa (que na imagem se pode ver a cinza) pelas razões que acima escrevi, bem como outros que Rand explica.
O preto foi usado para o ovo da Páscoa grande principalmente por causa das suas qualidades ambivalentes. A combinação da forma do ovo, que é um símbolo literal de vida e também sugere a vida pela sua forma inchada de respiração, com o preto, a cor da morte, tem um valor de choque. Assim, um ovo preto é um paradoxo. Por isso, o símbolo do ovo é muito mais marcante em preto do que se fosse apresentado na sua cor natural ou em qualquer outra cor.
O rosa claro, que é uma cor alegre e brincalhona torna-se mais eficaz quando justapostas com preto, novamente por causa do paradoxo associativo que a sua combinação produz e por causa da ação de brilho do preto. Além disso, o lettering fino e branco torna-se mais vivo quando definido sobre um fundo contrastante pesado.
Em suma, é impossível definir o frio sem o contrastando-o com o calor. É impossível compreender a vida se a morte é ignorada. O preto é a cor da morte, mas em virtude deste facto psicológico que é a cor da vida que define, contrastes, e melhora a vida, luz e cor. É através da consciência do artista sobre o negro como um elemento polar e, consequentemente, de sua natureza paradoxal que o preto como uma cor pode ser apreciada e usada efetivamente. Nem se deve esquecer que a neutralidade do preto torna o denominador comum de um mundo colorido.
Para Rand existia a necessidade de o artista se libertar de padrões de pensamentos tradicionais e convencionais, para que possa criar livremente como é óbvio. Segundo ainda o americano modernista, os preconceitos devem ser discriminados e novos caminhos ou velhos esquecidos devem ser explorados já uma das mais importantes funções do artista é alargar o nosso mundo visual. Eu diria mais, esta atitude também deveria por todos os artistas que ambicionam evoluir ou melhorar as suas obras.
Uma das forças primas do poder visual do fotograma foca-se no seu preto, branco e cinzento tonalidades. O fotograma retrata um mundo de luz, sombra e trevas povoado por misteriosas formas sugestivas. A capacidade destas formas para estimular associações variadas e imaginativas na mente do observador é ameaçada quando o fotograma é processado em cores. Ele ainda pode ser um trabalho efetivo de arte, mas o seu poder evocativo peculiar pode ser destruído.
Um outro exemplo que Rand apresenta no seu artigo é um trabalho tipográfico que é a capa de um catálogo para a coleção Arensberg Collection que ele projetou para o Art Institute of Chicago. A capa é constituída por uma séries de contrastes, a mais importante das quais é a de preto e branco. Em conjunto as duas agem em sentido como cores complementares. Chevreul descreveu-os como tal, porque quando eles são justapostos cada um se torna mais vivido. Isto, diz Chevreul, é devido ao facto de a luz brilhante refletida pela área branca anular a luz refletida a partir da área preta. Isso faz com que o negro pareça preto e o branco mais brilhante.
A tensão entre o branco e o preto na capa é agravada por se opor a uma grande área de preto para uma pequena área de branco. O tema de contraste é realizada mais pela variação drástica do tamanho das letras. A rugosidade das bordas do grande A enfatiza a nitidez das letras menores A, e o extremo das letras diagonais são neutralizadas pelos ângulos retos do livro em si. Mas o elemento mais dramático de contraste reside na utilização de preto e branco. Os dois tendem a emprestar dignidade e elegância para a capa do livro, mas o contraste vigoroso entre os dois dá uma qualidade poster-like.
Thomas B. Stanley no livro The Technique of Advertising Production (1947) disse: “While color has high attention value on short exposure, psychological tests indicate that the longer the time during which advertisements are examined, the more a black and white treatment tends to regain the attention lost at first glance to a color competitor.”.
E com esta afirmação termina a análise ao trabalho tipográfico.
Muitos anunciantes e artistas publicitários sentem que que um anuncio torna-se mais colorido em proporção à quantidade de cor utilizada no mesmo. Rand considerava isso falso. Explica que cores limitadas quando combinadas com o preto e o branco fornecem um fundo brilhante, mas neutro e é muitas vezes mais eficaz do que o uso de muitas cores. Além disso, a tendência do preto e branco para iluminar e animar outras cores, muitas vezes faz com que toda a cor usada ser mais articulada do que quando utilizada sozinha ou combinado com outras cores primárias ou secundárias. Isto é especialmente importante isto é especialmente importante no caso de cores escuras.
No anúncio para a loja Kaufman, que é a imagem acima, Rand escolheu o preto e branco combinado com uma forte luz rosa (que na imagem se pode ver a cinza) pelas razões que acima escrevi, bem como outros que Rand explica.
O preto foi usado para o ovo da Páscoa grande principalmente por causa das suas qualidades ambivalentes. A combinação da forma do ovo, que é um símbolo literal de vida e também sugere a vida pela sua forma inchada de respiração, com o preto, a cor da morte, tem um valor de choque. Assim, um ovo preto é um paradoxo. Por isso, o símbolo do ovo é muito mais marcante em preto do que se fosse apresentado na sua cor natural ou em qualquer outra cor.
O rosa claro, que é uma cor alegre e brincalhona torna-se mais eficaz quando justapostas com preto, novamente por causa do paradoxo associativo que a sua combinação produz e por causa da ação de brilho do preto. Além disso, o lettering fino e branco torna-se mais vivo quando definido sobre um fundo contrastante pesado.
Em suma, é impossível definir o frio sem o contrastando-o com o calor. É impossível compreender a vida se a morte é ignorada. O preto é a cor da morte, mas em virtude deste facto psicológico que é a cor da vida que define, contrastes, e melhora a vida, luz e cor. É através da consciência do artista sobre o negro como um elemento polar e, consequentemente, de sua natureza paradoxal que o preto como uma cor pode ser apreciada e usada efetivamente. Nem se deve esquecer que a neutralidade do preto torna o denominador comum de um mundo colorido.
Para Rand existia a necessidade de o artista se libertar de padrões de pensamentos tradicionais e convencionais, para que possa criar livremente como é óbvio. Segundo ainda o americano modernista, os preconceitos devem ser discriminados e novos caminhos ou velhos esquecidos devem ser explorados já uma das mais importantes funções do artista é alargar o nosso mundo visual. Eu diria mais, esta atitude também deveria por todos os artistas que ambicionam evoluir ou melhorar as suas obras.