As regras do abismo são escassas na sua forma
Regem-se por actos e opções que na sua imaterialidade, nos aproximam do precipício.
É composto por tudo que fazemos, como se nada fosse feito.
A sua escuridão é o desenlace da queda,
Essa é escolhida muitas vezes sem consciência.
Por vezes no momento que parece ser a felicidade do futuro.
No presente a queda da decisão do passado é o abismo de todos os dias e a queda não para.
No fundo dele podemos encontrar muito daquilo que não procuramos.
Mas do chão não passamos....
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Amanhã
Esperança no dia que passa, não no dia que acabou.
Esse já passou e muitos fazem anos.
Estes fazem experiência e idade.
Hoje aconteceu, ontem passou.
Amanhã não sei, mas quando o amanhã passar saberei.
Coisas boas, coisas más.
Um dia de cada vez e esperando sempre por aquele dia.
O dia em que quero que tudo aconteça, mas depois de acontecer.
Quererei mais e mais...
Até ao dia em que tudo acaba ou apenas começa.
Esse já passou e muitos fazem anos.
Estes fazem experiência e idade.
Hoje aconteceu, ontem passou.
Amanhã não sei, mas quando o amanhã passar saberei.
Coisas boas, coisas más.
Um dia de cada vez e esperando sempre por aquele dia.
O dia em que quero que tudo aconteça, mas depois de acontecer.
Quererei mais e mais...
Até ao dia em que tudo acaba ou apenas começa.
domingo, 16 de dezembro de 2012
Amor
Sinto-me apaixonado por nada e por tudo.
É um sentimento de vida que transborda o leito do meu ser.
É um sentimento que me agarra bem lá nos recantos mais escuros do meu coração.
É um sentimento que dificilmente desaparecerá.
O que deu errado é um pensamento constante.
Perdurado em memórias passadas dos erros que foram cometidos mais que uma vez.
Isolado penso mais, socialmente esqueço.
Sozinho sou eu, acompanhado sou hipócrita.
Acredito no amanhã, porque o ontem foi como foi e o hoje é mais uma vez razão para respirar.
Só sei que nada sei acerca do futuro.
Sei que quero ser, mas ainda não como.
O amor é algo que arde sem ser ver, mas quando arde queima mesmo.
É um sentimento de vida que transborda o leito do meu ser.
É um sentimento que me agarra bem lá nos recantos mais escuros do meu coração.
É um sentimento que dificilmente desaparecerá.
O que deu errado é um pensamento constante.
Perdurado em memórias passadas dos erros que foram cometidos mais que uma vez.
Isolado penso mais, socialmente esqueço.
Sozinho sou eu, acompanhado sou hipócrita.
Acredito no amanhã, porque o ontem foi como foi e o hoje é mais uma vez razão para respirar.
Só sei que nada sei acerca do futuro.
Sei que quero ser, mas ainda não como.
O amor é algo que arde sem ser ver, mas quando arde queima mesmo.
sábado, 10 de novembro de 2012
Sspeitos
Suspeitos do costume que entram sem bater.
São seres estranhos que penetram bem fundo.
Oscilam entre o prazer e o sofrimento.
Causando ilusão de beldade e grotesco.
Suspeitos de normalidade que humilham a nossa essência.
Merecem ser corridos à paulada, num momento único de certeza.
Suspeitos, quem são?
Quem foram?
Quem serão?
Suspeitos de merda, pensai em vós e deixai os outros em paz.
São seres estranhos que penetram bem fundo.
Oscilam entre o prazer e o sofrimento.
Causando ilusão de beldade e grotesco.
Suspeitos de normalidade que humilham a nossa essência.
Merecem ser corridos à paulada, num momento único de certeza.
Suspeitos, quem são?
Quem foram?
Quem serão?
Suspeitos de merda, pensai em vós e deixai os outros em paz.
sábado, 27 de outubro de 2012
Amigos
Aqueles que conhecemos, ou ficam ou partem.
Passamos momentos com eles, que podem se anos ou dias.
Até uma vida.
Mas chega a um momento em que há os que ficam,
Outros que partem e nunca mais ouvimos falar deles.
Conhecemos outros, mas os que foram não são esquecidos.
Apenas seguiram outro caminho.
Muitas vezes o problema está em recordar como foi e como é.
Muitos dos que podem partir podiam gostar de ti como és ou eras.
Muitos dos que conheces, com o tempo, podem não gostar de como és.
Um dia de cada vez.
Mas demora tempo em criar o grupo certo onde te sentes bem integrado.
Pior, é quando estás integrado e fazes a pior asneira de sempre e passas a desintegrado.
Podes passar anos, uma vida, outra vez à procura daquele grupo, daqueles momentos.
Mas a vida passa e a idade não para.
Cada um segue o seu caminho e, muitas vezes, o que foi nunca será.
Somos como somos, mas vivemos com opções.
Essas determinam o nosso caminho.
Muitas vezes é perceber que as opções erradas são muitas o desencaminhar de um caminho que parecia perfeito.
Amigos existem poucos, colegas existem muitos.
Cabe a cada um de nós saber distinguir.
Passamos momentos com eles, que podem se anos ou dias.
Até uma vida.
Mas chega a um momento em que há os que ficam,
Outros que partem e nunca mais ouvimos falar deles.
Conhecemos outros, mas os que foram não são esquecidos.
Apenas seguiram outro caminho.
Muitas vezes o problema está em recordar como foi e como é.
Muitos dos que podem partir podiam gostar de ti como és ou eras.
Muitos dos que conheces, com o tempo, podem não gostar de como és.
Um dia de cada vez.
Mas demora tempo em criar o grupo certo onde te sentes bem integrado.
Pior, é quando estás integrado e fazes a pior asneira de sempre e passas a desintegrado.
Podes passar anos, uma vida, outra vez à procura daquele grupo, daqueles momentos.
Mas a vida passa e a idade não para.
Cada um segue o seu caminho e, muitas vezes, o que foi nunca será.
Somos como somos, mas vivemos com opções.
Essas determinam o nosso caminho.
Muitas vezes é perceber que as opções erradas são muitas o desencaminhar de um caminho que parecia perfeito.
Amigos existem poucos, colegas existem muitos.
Cabe a cada um de nós saber distinguir.
sábado, 20 de outubro de 2012
Partir
Carregado de sentimentos, vivo.
Passado e futuro conjugados pela memória de actos.
Espectro do que foi e do que será e o que virá.
Sentado na praia, com um poste e uma linha de electricidade admiro o mar.
Ele vai e vem.
Tu vieste, foste, vieste e partiste.
Vivemos e conversamos.
Avisas-te e avisa-te...
Mas o o fio quebrou-se e a onda do mar não voltou.
Levou a joga em forma de coração que em preto em em branco,
Realça a luminosidade da tua beleza que não será eterna,
Mas para sempre ficou gravada.
Foi um momento, dividido entre o querer e o que fazer.
O destino quis que o fazer fosse partir.
Passado e futuro conjugados pela memória de actos.
Espectro do que foi e do que será e o que virá.
Sentado na praia, com um poste e uma linha de electricidade admiro o mar.
Ele vai e vem.
Tu vieste, foste, vieste e partiste.
Vivemos e conversamos.
Avisas-te e avisa-te...
Mas o o fio quebrou-se e a onda do mar não voltou.
Levou a joga em forma de coração que em preto em em branco,
Realça a luminosidade da tua beleza que não será eterna,
Mas para sempre ficou gravada.
Foi um momento, dividido entre o querer e o que fazer.
O destino quis que o fazer fosse partir.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
eia
Desgraça alheia,
Cheia de esperança cheia.
Cubículo de areia na teia.
Rede tempestuosidade de variedades.
Cheia de vaidades, objectivos tecidos.
Parados por erros.
Esperança orelheira,
De ouvidos moucos unidos.
Uma três vezes cheia.
De esperança e desgraça tecedeira.
Cheia de esperança cheia.
Cubículo de areia na teia.
Rede tempestuosidade de variedades.
Cheia de vaidades, objectivos tecidos.
Parados por erros.
Esperança orelheira,
De ouvidos moucos unidos.
Uma três vezes cheia.
De esperança e desgraça tecedeira.
domingo, 14 de outubro de 2012
Equilíbrio.
Quando temos o que queremos,
Não damos valor.
Quando não temos o queremos,
Perdemos o equilíbrio e estamos desamparados.
Somos como o artista de circo que com um vara se equilibra uma corda.
Por vezes temos a rede que nos protege se cairmos,
Mas tudo depende do equilíbrio que a vara tenha.
A vara pode inclinar mais para a esquerda e é preciso, equilibrá-la mais para a direita.
No sentido inverso mantemos o equilíbrio.batem-n
Se chegarmos ao fim da corda sem cair batem palmas.
Pior é se cairmos...
Não damos valor.
Quando não temos o queremos,
Perdemos o equilíbrio e estamos desamparados.
Somos como o artista de circo que com um vara se equilibra uma corda.
Por vezes temos a rede que nos protege se cairmos,
Mas tudo depende do equilíbrio que a vara tenha.
A vara pode inclinar mais para a esquerda e é preciso, equilibrá-la mais para a direita.
No sentido inverso mantemos o equilíbrio.batem-n
Se chegarmos ao fim da corda sem cair batem palmas.
Pior é se cairmos...
domingo, 7 de outubro de 2012
Partes
Somos seres individuais, mas que precisa de uma parte,
Ou partes para pensar melhor.
Individualmente pensamos, colectivamente interagimos.
Não pensamos, socializamos, temos as partes.
As partes de sermos felizes.
As partes de sermos carinhosos.
As partes de sermos amados.
As partes de sermos amigos.
As partes de sermos quem somos,
Mas muitas vezes isso não basta...
A parte de mim que não compreendo, é a parte que tu mais gostas.
A parte de mim que compreendo, é a parte que tu menos gostas.
No fundo somos a soma de todas as partes.
Mas sem as partes, somos como uma ponte sem alicerces.
Ou partes para pensar melhor.
Individualmente pensamos, colectivamente interagimos.
Não pensamos, socializamos, temos as partes.
As partes de sermos felizes.
As partes de sermos carinhosos.
As partes de sermos amados.
As partes de sermos amigos.
As partes de sermos quem somos,
Mas muitas vezes isso não basta...
A parte de mim que não compreendo, é a parte que tu mais gostas.
A parte de mim que compreendo, é a parte que tu menos gostas.
No fundo somos a soma de todas as partes.
Mas sem as partes, somos como uma ponte sem alicerces.
sábado, 6 de outubro de 2012
O que és?
Cansado, desnaturado, cheio de papo.
Deambulas na estrada sem fim, que tem desvios na linha recta.
Apazigua a memória e vê para a frente.
Para trás passou, aconteceu desapareceu.
Novas pessoas, família continua.
Novos momentos, momentos solo.
Ergue-te no reflexo do que és,
Não no espelho do que queres ser.
Sê uma pessoa irracional, racional é complicado quando a sociedade está inversa.
Cansado, desnaturado.
Tenho o papo,
Cheio de pano.
Deambulas na estrada sem fim, que tem desvios na linha recta.
Apazigua a memória e vê para a frente.
Para trás passou, aconteceu desapareceu.
Novas pessoas, família continua.
Novos momentos, momentos solo.
Ergue-te no reflexo do que és,
Não no espelho do que queres ser.
Sê uma pessoa irracional, racional é complicado quando a sociedade está inversa.
Cansado, desnaturado.
Tenho o papo,
Cheio de pano.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Vida
Paradoxos de incerteza, voltados com factos de plenitude.
Um dia, outro dia, e mais um dia.
As horas não param e o pensamento também não.
Mudas todos os dias e nem dás por ela, paradoxos de inconsciência.
A semana passa e não volta,
O mês, o ano a década, as décadas, a idade...
Cresces, experimentas, conheces e desconheces.
Paradoxos e certeza, e incerteza nos factos.
Um dia, outro dia, e mais um dia.
As horas não param e o pensamento também não.
Mudas todos os dias e nem dás por ela, paradoxos de inconsciência.
A semana passa e não volta,
O mês, o ano a década, as décadas, a idade...
Cresces, experimentas, conheces e desconheces.
Paradoxos e certeza, e incerteza nos factos.
sábado, 29 de setembro de 2012
Sábado
Sinto hoje uma dinâmica diferente daquelas que senti nos outros Sábados!
Não sei do que é?
Foi acordar com ansiedade que desapareceu mal dei o primeiro passo.
Tomei o pequeno almoço e o cérebro começou a entrar no ciclo acordado.
Pensei, pensei, pensei...
Tenho que ir ali, fazer isto, estar com esta pessoa, falar com aquela.
Organizar.
Pensei, pensei, pensei.
Tenho que resolver este problema, mais aquele e outro e mais outro e outra vez outro.
Decidi abstrair.
Lavei o carro, limpei as janelas, molhei os pés.
Sentei-me e vi arte em movimento e decidi escrever arte em caracteres.
Este é apenas mais um Sábado, mas sinto que é o começo de algo que teve um início e nunca vai ter fim.
A memória vai encarregar-se disso.
Não sei do que é?
Foi acordar com ansiedade que desapareceu mal dei o primeiro passo.
Tomei o pequeno almoço e o cérebro começou a entrar no ciclo acordado.
Pensei, pensei, pensei...
Tenho que ir ali, fazer isto, estar com esta pessoa, falar com aquela.
Organizar.
Pensei, pensei, pensei.
Tenho que resolver este problema, mais aquele e outro e mais outro e outra vez outro.
Decidi abstrair.
Lavei o carro, limpei as janelas, molhei os pés.
Sentei-me e vi arte em movimento e decidi escrever arte em caracteres.
Este é apenas mais um Sábado, mas sinto que é o começo de algo que teve um início e nunca vai ter fim.
A memória vai encarregar-se disso.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Impotência
Impotência, potência e valorização.
São sinónimos de tanta coisa, e ao mesmo tempo o resumo de uma vida.
Somos impotentes nos problemas quando não os conseguimos resolver.
Potentes, quando ganhamos vontade de os resolver e no fundo simplesmente aprendemos que é simples.
Valor é o que damos quando a impotência se torna potência e com isso ganhamos vida.
Podem pensar naquilo que quiserem que é a vida.
Mas ela não é fácil e com a idade ainda mais difícil.
Mas com impotência, potência e valorização,
Aprendemos a viver.
Os sinónimos também podem ser,
Inspirar, respirar e acalmar.
Vive e deixa viver a impotência faz parte, mas depois dela vem a potência e logo a seguir a valorização.
São sinónimos de tanta coisa, e ao mesmo tempo o resumo de uma vida.
Somos impotentes nos problemas quando não os conseguimos resolver.
Potentes, quando ganhamos vontade de os resolver e no fundo simplesmente aprendemos que é simples.
Valor é o que damos quando a impotência se torna potência e com isso ganhamos vida.
Podem pensar naquilo que quiserem que é a vida.
Mas ela não é fácil e com a idade ainda mais difícil.
Mas com impotência, potência e valorização,
Aprendemos a viver.
Os sinónimos também podem ser,
Inspirar, respirar e acalmar.
Vive e deixa viver a impotência faz parte, mas depois dela vem a potência e logo a seguir a valorização.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Violência
Violência em si, pode ter dos mais variados significados.
Embora no fundo todos nós pensemos que sejamos pacíficos,
A verdade é que existem sempre momentos em que a violência fez parte de nós.
Ela não tem que ser propriamente física, pode ser verbal ou até mental.
Cabe a cada um de nós, pensar naquele momento em que ela ocorreu e porque é que que ocorreu?
Quem nunca teve este tipo de momento, que atire a primeira pedra!
Que se vire ao espelho e diga em voz alta que é hipócrita consigo mesmo e que está a mentir.
Mais importante ainda é pensar no que nos faz ser violentos?
No que nos faz perder a cabeça e por vezes deixar que emoções negativas tomem conta de nós?
Tudo faz parte de um processo químico e por muitas teorias que queiram criar/inventar...
A violência depende do contexto e da pessoa.
O importante a reter é que ninguém é imune a ela e sortudos são aqueles que a conseguem controlar melhor.
Embora no fundo todos nós pensemos que sejamos pacíficos,
A verdade é que existem sempre momentos em que a violência fez parte de nós.
Ela não tem que ser propriamente física, pode ser verbal ou até mental.
Cabe a cada um de nós, pensar naquele momento em que ela ocorreu e porque é que que ocorreu?
Quem nunca teve este tipo de momento, que atire a primeira pedra!
Que se vire ao espelho e diga em voz alta que é hipócrita consigo mesmo e que está a mentir.
Mais importante ainda é pensar no que nos faz ser violentos?
No que nos faz perder a cabeça e por vezes deixar que emoções negativas tomem conta de nós?
Tudo faz parte de um processo químico e por muitas teorias que queiram criar/inventar...
A violência depende do contexto e da pessoa.
O importante a reter é que ninguém é imune a ela e sortudos são aqueles que a conseguem controlar melhor.
sábado, 22 de setembro de 2012
Ambição
Nem sempre queremos,
Nem sempre podemos,
Nem sempre temos!
Querer é poder,
Perder é sofrer.
Poder é tudo!
Somos um ser, um organismo.
Pensamos, comemos, dormimos, acordamos, deambulamos, morremos.
Somos tudo diferente dos animais.
Pois eles apenas dos frutos da terra dependem.
Nós, seres humanos, dependemos dos frutos que que criamos.
Uns têm mais que outros!
Várias razões podem ser apontadas, mas a mais válida e incompreensão:
É quem quem tem mais, por cima de muitos teve que passar.
Ambição é boa, mas mais vale a pena ser feliz com o pouco que temos, do que infeliz com o muito que conseguimos.
Nem sempre podemos,
Nem sempre temos!
Querer é poder,
Perder é sofrer.
Poder é tudo!
Somos um ser, um organismo.
Pensamos, comemos, dormimos, acordamos, deambulamos, morremos.
Somos tudo diferente dos animais.
Pois eles apenas dos frutos da terra dependem.
Nós, seres humanos, dependemos dos frutos que que criamos.
Uns têm mais que outros!
Várias razões podem ser apontadas, mas a mais válida e incompreensão:
É quem quem tem mais, por cima de muitos teve que passar.
Ambição é boa, mas mais vale a pena ser feliz com o pouco que temos, do que infeliz com o muito que conseguimos.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Ignorar
Ignorar o que sentes é seres hipócrita contigo mesmo.
Estás num grupo e pensas mal de determinada pessoa.
Vais na rua e descriminas o pobre pedinte.
O arrumador de carros que colhe uns trocos para alimentar o vício.
O bêbado que bebeu demais para se divertir.
Os namorados que sem complexos demonstram o amor que sentem um pelo outro em plena rua ou parque.
No banco do jardim.
Apalpam, linguados, quase sexo explícito.
O que pensas muitas vezes não dizes, mas pensas.
Somos pessoas de ideias, mas muitas delas ficam guardadas na mente e outras quase nunca são ditas.
Fala o que tens para falar, não ocultes.
Estás num grupo e pensas mal de determinada pessoa.
Vais na rua e descriminas o pobre pedinte.
O arrumador de carros que colhe uns trocos para alimentar o vício.
O bêbado que bebeu demais para se divertir.
Os namorados que sem complexos demonstram o amor que sentem um pelo outro em plena rua ou parque.
No banco do jardim.
Apalpam, linguados, quase sexo explícito.
O que pensas muitas vezes não dizes, mas pensas.
Somos pessoas de ideias, mas muitas delas ficam guardadas na mente e outras quase nunca são ditas.
Fala o que tens para falar, não ocultes.
Filho de quem
Não sou filho de um só Deus.
Sou filho de um sistema instaurado há milhares de anos.
Capitalista, comunista, anarquista, american dream
Um sistema, globalizado, glocalizado, corrompido.
Vivo segundo a educação que me deram e os grupos que inseri.
Sou um ser formado por esses dois factores, mas tenho uma cabeça que pensa.
Um coração que sente.
Sou um ser com personalidade e gosto. Não sou o que os outros queiram o que eles querem que eu seja.
Sou assim agora e no futuro serei diferente.
Todos os dias aprendo, todos os dias desaprendo.
A única certeza que tenho é que sou filho dos meus pais, patriota e agiota.
Não sou filho de Deus, mas deus quer que eu seja seu filho.
Sou filho de um sistema instaurado há milhares de anos.
Capitalista, comunista, anarquista, american dream
Um sistema, globalizado, glocalizado, corrompido.
Vivo segundo a educação que me deram e os grupos que inseri.
Sou um ser formado por esses dois factores, mas tenho uma cabeça que pensa.
Um coração que sente.
Sou um ser com personalidade e gosto. Não sou o que os outros queiram o que eles querem que eu seja.
Sou assim agora e no futuro serei diferente.
Todos os dias aprendo, todos os dias desaprendo.
A única certeza que tenho é que sou filho dos meus pais, patriota e agiota.
Não sou filho de Deus, mas deus quer que eu seja seu filho.
Os nomes
Tudo tem um significado, nada do que existe não tem nome.
O que não tem nome, não existe.
O que existe nome tem.
Dado pela sua forma, pelo sentimento, pela expressão, pela dicção.
A pedra que é pedra, chama-se pedra e ninguém sabe porquê.
Porque é dura, porque é um dos elementos que mais compõe o planeta que a acolhe?
Água é liquida, mas também ninguém sabe porque se chama água.
Ar é invisível e dá vida, mas também ninguém sabe porque se chama assim.
O vento sente-se, dá calafrios mas também tomba na tromba.
Tudo tem um nome, apenas porque precisamos de um código que forma um discurso para termos linguística.
Sem ela da boca apenas sairia grunhidos e toda a nossa realidade não teria sentido.
O que não tem nome, não existe.
O que existe nome tem.
Dado pela sua forma, pelo sentimento, pela expressão, pela dicção.
A pedra que é pedra, chama-se pedra e ninguém sabe porquê.
Porque é dura, porque é um dos elementos que mais compõe o planeta que a acolhe?
Água é liquida, mas também ninguém sabe porque se chama água.
Ar é invisível e dá vida, mas também ninguém sabe porque se chama assim.
O vento sente-se, dá calafrios mas também tomba na tromba.
Tudo tem um nome, apenas porque precisamos de um código que forma um discurso para termos linguística.
Sem ela da boca apenas sairia grunhidos e toda a nossa realidade não teria sentido.
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
A alma
Toda a alma tem um terço de frieza e o resto de bondade.
Procura constantemente aquilo que a transforma e a molda.
Seja o acontecimento do passado ou o feito do futuro.
No presente a alma não tem tempo para pensar.
Ela age por razão e emoção,
Por distracção e preocupação.
Ela é algo invisível, mas algo que comanda a pessoa.
Para ter fé.
Para acreditar.
Para qualquer coisa.
Todos temos uma, mas nunca ninguém a viu.
A ela apenas quero dizer olá e obrigado por estar do meu lado.
No final da caminhada, que seja preenchida apenas por bondade.
Procura constantemente aquilo que a transforma e a molda.
Seja o acontecimento do passado ou o feito do futuro.
No presente a alma não tem tempo para pensar.
Ela age por razão e emoção,
Por distracção e preocupação.
Ela é algo invisível, mas algo que comanda a pessoa.
Para ter fé.
Para acreditar.
Para qualquer coisa.
Todos temos uma, mas nunca ninguém a viu.
A ela apenas quero dizer olá e obrigado por estar do meu lado.
No final da caminhada, que seja preenchida apenas por bondade.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Felicidade
Talvez a felicidade não esteja apenas nas coisas materiais.
Embora elas façam parte integrante de uma vida feliz.
Para se ter coisas materiais é preciso ter o material mais valioso de todo, o dinheiro.
Mas ele também o principal causador da infelicidade que se abate sobre a pessoa e se torna incompreendido.
As pessoas à sua volta o olham quase como se fosse um outsider, alguém que não pertence a nenhum grupo.
Mas essa pessoa pode pensar: Porque é que tem que ser assim?
Ouve conselhos?
Palavras de esperança?
Amigos que o acolhem e o abstraem?
Mas continua sem felicidade...
Vai a consultas de psicologia, psiquiatria, reiki, videntes, bruxas, ao sobrenatural procurar respostas.
Mas de repente chega aquele dia que percebe, que tem um deus interior em si mesmo.
E são os seus actos que o fazem feliz.
Não é apenas as coisas materiais que o vão fazer integrar-se, é antes a procura e o feito de actos que o tornem feliz.
Felicidade, no fundo é viver.
Embora elas façam parte integrante de uma vida feliz.
Para se ter coisas materiais é preciso ter o material mais valioso de todo, o dinheiro.
Mas ele também o principal causador da infelicidade que se abate sobre a pessoa e se torna incompreendido.
As pessoas à sua volta o olham quase como se fosse um outsider, alguém que não pertence a nenhum grupo.
Mas essa pessoa pode pensar: Porque é que tem que ser assim?
Ouve conselhos?
Palavras de esperança?
Amigos que o acolhem e o abstraem?
Mas continua sem felicidade...
Vai a consultas de psicologia, psiquiatria, reiki, videntes, bruxas, ao sobrenatural procurar respostas.
Mas de repente chega aquele dia que percebe, que tem um deus interior em si mesmo.
E são os seus actos que o fazem feliz.
Não é apenas as coisas materiais que o vão fazer integrar-se, é antes a procura e o feito de actos que o tornem feliz.
Felicidade, no fundo é viver.
domingo, 16 de setembro de 2012
Segundos, minutos, horas, dias, meses e anos
Carregado, encarregado em separo.
Deixo-me viver um dia de cada vez.
Como se não tivesse outra alternativa.
Porque os dias são compostos por segundos, minutos, horas, dias, meses e anos.
Eles vão passando, e vamos tendo experiências.
Experiência profissional, pessoal, emocional, financeiros e, simplesmente, viver.
Essas marcas são as que ficam e dificilmente desaparecem.
Memórias daquele dia, daquele momento, daquele minuto.
Pior é saber é que tomamos aquela opção e com isso pensamos que era a acertada.
Mais tarde, percebemos que não foi.
E pior é perceber que o tempo não volta para trás e todos aqueles segundos, minutos, horas, dias, meses e anos não têm possibilidade de voltarem.
Porém, algo fica a memória.
E ela pode significar duas coisas: ou aprendes ou continuas a viver para sempre com aquilo que foste.
O que és podes mudar, o que foste jamais esquecerás. Vive e não te preocupes.
Mais vale a pena ter uma razão para respirar, do que inspirar e nunca mais deixar sair o oxigénio.
Deixo-me viver um dia de cada vez.
Como se não tivesse outra alternativa.
Porque os dias são compostos por segundos, minutos, horas, dias, meses e anos.
Eles vão passando, e vamos tendo experiências.
Experiência profissional, pessoal, emocional, financeiros e, simplesmente, viver.
Essas marcas são as que ficam e dificilmente desaparecem.
Memórias daquele dia, daquele momento, daquele minuto.
Pior é saber é que tomamos aquela opção e com isso pensamos que era a acertada.
Mais tarde, percebemos que não foi.
E pior é perceber que o tempo não volta para trás e todos aqueles segundos, minutos, horas, dias, meses e anos não têm possibilidade de voltarem.
Porém, algo fica a memória.
E ela pode significar duas coisas: ou aprendes ou continuas a viver para sempre com aquilo que foste.
O que és podes mudar, o que foste jamais esquecerás. Vive e não te preocupes.
Mais vale a pena ter uma razão para respirar, do que inspirar e nunca mais deixar sair o oxigénio.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Holstee Manifesto em vídeo inspirador
Para quem não conhece, The Holstee Manifesto é um projecto começado por dois irmãos Mike e David e um parceiro em Maio de 2009. Mais que uma empresa ou roupa o trio quis criar um estilo de vida. Por isso numa apresentação gráfica visual compuseram tudo o que a ideia defende.
A ideia foi avançando e o trio no verão de 2009, sentados nas escadas da Union Square, chegou à seguinte conclusão: It wasn't about shirts and it wasn't about their old jobs. It was about what they wanted from life and how to create a company that breathes that passion into the world everyday. It was a reminder of what we live for.
É aqui que está a importância deste projecto e a filosofia que defende. Quantos de nós está preso às regras do sistema e, por medo ou até outras razões, não é capaz de tomar uma decisão de mudar de vida. Algo como desistir do emprego que não gosta, deixar de ver televisão e, assim, ter mais tempo para fazer o que gosta. No fundo viver a sua vida da forma que gosta.
Pode parecer um sonho muito difícil de alcançar para muitos, mas para outros é uma vontade que se torna realidade e por tal cria mais felicidade. Lembro-me por exemplo do meu amigo Luís António Garcia que é um adepto do CouchSurfing e o modo dele viver desde que o conheci faz já uns anos. Ele já viajou por todo mundo e, por essa razão, dedica-se a uma outra paixão que é a fotografia.
Podem ver mais trabalhos fotográficos do Luís Garcia no 500px |
Chegou-me hoje, via email que, The Holstee Manifesto iniciou um novo projecto inspirado pelo manifesto: The Artist Series. O mesmo vai consistir em trabalhos de arte, inspirados pelo projecto e interpretados pelos artistas preferidos da família Holstee. Fica então o primeiro vídeo da série:
O que é mesmo inspirador, além da qualidade do vídeo, que mostra letterpressed no melhor papel de algodão, é como parece simples fazer tudo aquilo quando aquilo que nos comanda é apenas que:"This is your life. Do what you love and do it often." Talvez seja uma menagem mais direccionada para artistas, mas considero que cada pessoa, quando quer e pode, poderá concretizar e alcançar aquilo que a faz realmente feliz.
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Entre a espada e a parede
Confrontado com o que fazes,
Sentes que podias ter feito diferente.
O tempo não volta para trás,
Apenas passa para a frente e, conscientemente,
Apendes que podia ter sido diferente.
Mas o passado já tu o sabes,
O presente é a esperança para o futuro,
Mas e se no futuro voltares a cometer o mesmo erro?
Estás, então, entre a espada e a parede.
Onde um passo dado seja para que lado for,
Será sempre um risco.
Porém, para o lado da parede, mais não avanças.
Para o lado da espada tudo acaba.
Resta então o lado direito e esquerdo.
É nesses que tens que acreditar.
Mesmo que em cada um desses lados apenas esteja incerteza.
Sentes que podias ter feito diferente.
O tempo não volta para trás,
Apenas passa para a frente e, conscientemente,
Apendes que podia ter sido diferente.
Mas o passado já tu o sabes,
O presente é a esperança para o futuro,
Mas e se no futuro voltares a cometer o mesmo erro?
Estás, então, entre a espada e a parede.
Onde um passo dado seja para que lado for,
Será sempre um risco.
Porém, para o lado da parede, mais não avanças.
Para o lado da espada tudo acaba.
Resta então o lado direito e esquerdo.
É nesses que tens que acreditar.
Mesmo que em cada um desses lados apenas esteja incerteza.
terça-feira, 22 de maio de 2012
Vazio
O que é o vazio?
Uma matéria real que não é vista!
Um sentimento de memórias que não se apagam!
As palavras que foram ditas e não repetidas!
Os momentos guardados em fotografia para recordação!
As sensações que tiveste e já não as tens!
As saudades dos entes queridos e saber que não aproveitaste o tempo que viveste com eles!
O saber quem és, mas nunca te encontrares!
Um dia de alegria e outro de tristeza!
A acção de actos irracionais, que se tornam passado!
A loucura do álcool e das drogas que inocentemente consomes!
O vazio não é mais do nada,
Quando nada é o que pareces ter!
Quando no entanto,
Tens tudo.
Uma matéria real que não é vista!
Um sentimento de memórias que não se apagam!
As palavras que foram ditas e não repetidas!
Os momentos guardados em fotografia para recordação!
As sensações que tiveste e já não as tens!
As saudades dos entes queridos e saber que não aproveitaste o tempo que viveste com eles!
O saber quem és, mas nunca te encontrares!
Um dia de alegria e outro de tristeza!
A acção de actos irracionais, que se tornam passado!
A loucura do álcool e das drogas que inocentemente consomes!
O vazio não é mais do nada,
Quando nada é o que pareces ter!
Quando no entanto,
Tens tudo.
domingo, 20 de maio de 2012
Várias facetas
É possível compreender o incompreensível?
Por muito que lutes,
Nas batalhas dos dias.
A morte é uma certeza, como o dia abraça a noite.
Sempre com decisões, a vida ensina a ser:
Ponderado
Responsável
Consciente
Possessivo
Ingrato
Ciumento
Amante
Vivido
A ponderação do ser e agir
A responsabilidade do social e particular
A consciência do real e a utopia
A possessão do amar e viver
A ingratidão dos defeitos
O ciúme do querer ser o que não és.
O amor não de sexo, mas sim de companheirismo.
O viver com o que não tens, para poderes voltar a ter.
Por muito que lutes,
Nas batalhas dos dias.
A morte é uma certeza, como o dia abraça a noite.
Sempre com decisões, a vida ensina a ser:
Ponderado
Responsável
Consciente
Possessivo
Ingrato
Ciumento
Amante
Vivido
A ponderação do ser e agir
A responsabilidade do social e particular
A consciência do real e a utopia
A possessão do amar e viver
A ingratidão dos defeitos
O ciúme do querer ser o que não és.
O amor não de sexo, mas sim de companheirismo.
O viver com o que não tens, para poderes voltar a ter.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Consciência
A consciência é um mar,
De pensamentos e emoções.
Alegres, tristes, compreensiva e tem lugar.
Uma acção, um acto, uma emoção, uma tristeza,
A moral nasce lá,
A razão também.
Desnorteada como o vento, em rodapés de silêncio.
Onde tudo acontece, mas sempre nada ser feito.
Juntando a memória andamos em roda vida.
Misturando o passado, o presente e o futuro.
Naquilo que sonhamos, na tristeza do dia.
Aquilo que foi falado ontem, não é o que aconteceu hoje.
A consciência remete para lá.
A vontade de não ser apenas mais um monte.
Projectos, e certezas...
Consciência dos riscos,
Tristeza de pensamentos.
Que são prova da falta de juízo.
Consciência maldita, e bela.
Apaga o momento.
Que a vontade interdirá.
De pensamentos e emoções.
Alegres, tristes, compreensiva e tem lugar.
Uma acção, um acto, uma emoção, uma tristeza,
A moral nasce lá,
A razão também.
Desnorteada como o vento, em rodapés de silêncio.
Onde tudo acontece, mas sempre nada ser feito.
Juntando a memória andamos em roda vida.
Misturando o passado, o presente e o futuro.
Naquilo que sonhamos, na tristeza do dia.
Aquilo que foi falado ontem, não é o que aconteceu hoje.
A consciência remete para lá.
A vontade de não ser apenas mais um monte.
Projectos, e certezas...
Consciência dos riscos,
Tristeza de pensamentos.
Que são prova da falta de juízo.
Consciência maldita, e bela.
Apaga o momento.
Que a vontade interdirá.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Destino
Dentro do espaço de quatro paredes,
Estão as vivências mais negativas.
A fertilidade de meses.
Que se transformaram em memórias definitivas.
No primeiro dia houve barulho.
Incerteza,
Medo,
Irreflexão.
A garantia do ego,
Fazia ter certeza,
Da acção que se tornou incerta.
A partilha do transporte,
Na deambulação pelo bosque.
Era o mesmo destino,
Que tinha sido planeado.
Mais uma vez a garantia do ego,
Se tornou um desassossego.
Nos anos que passaram,
E simplesmente parece que não andaram.
Passaram anos.
E muitas noites mal dormidas,
No meio dos afectos.
As atitudes nunca foram aprendidas.
Um novo recomeço iniciou-se.
Mas o passado nunca será esquecido.
Pelo meio a voz do rapaz amigo,
Que avisou de forma inconsciente.
A linha do curso do rio.
segunda-feira, 7 de maio de 2012
Incerteza
Incerteza de ser,
Garantia de unidade, mas a vontade
É como o desviante obstante.
Reflectir sobre os actos.
Para depois encontrar.
A certeza dos factos.
Garantia de unidade, mas a vontade
É como o desviante obstante.
Reflectir sobre os actos.
Para depois encontrar.
A certeza dos factos.
sexta-feira, 4 de maio de 2012
A Ideia de Europa
Li hoje o livro de George Steiner a Ideia de Europa (2005) e as suas ideias em relação aos modelos que foram criados no continente durante séculos e qual o seu papel no futuro. A leitura foi interessante, porque mais do que nunca é importante perceber o que realmente faz a Europa, o que a caracteriza, quais os seus problemas e, finalmente, o seu futuro.
Principalmente perante o cenário actual que vivemos, onde parece que o ideal europeu caiu por terra e onde caminhamos, hipoteticamente, para um futuro que muitos pensavam impossível de se repetir
Assim, de forma a não deixar que a minha opinião interfira com as ideias de Steiner, passo a apontar as partes que considero mais importantes a reter no livro. E que creio que devem servir para reflectir profundamente sobre a nossa atitude perante os problemas que passamos no momento.
Página 44
"Cinco axiomas para definir a Europa: o café; a paisagem a uma escala humana que possibilita a sua travessia; as ruas e praças nomeadas segundo estadistas, cientistas, artistas e escritores do passado"Páginas 48
"Pode ser que o futuro da ideia de Europa, a haver algum, dependa menos de um banco central e dos subsídios à agricultura, do investimento em tecnologia ou de taxas alfandegárias comuns do que nos querem fazer crer"
Páginas 49
" O génio da Europa é aquilo que William Blake teria chamado « a santidade do pormenor diminuto» É o génio da diversidade linguística, cultural e social, de um mosaico pródigo que muitas vezes percorre uma distância trivial, separado por entre vinte quilómetros, uma divisão entre mundos. Em contraste com a Jérsia às montanhas da Califórnia, em contraste com aquela avidez de uniformidade que é simultaneamente a força e vácuo de grande parte da existência americana (...)"
Página 50
"Nada ameaça a Europa mais radicalmente - «as suas raízes» - do que a onda detersiva e imagem mundial uniformes que o Esperanto devorador traz consigo"
Página 51 e 52
"A verdade brutal é que a Europa se recusou, até à data, a reconhecer e a analisar, quanto mais a retractar-se, o papel diversificado da Cristandade na hora mais negra da História. Ignorou simplesmente ou apagou convencionalmente o enraizamento do seu anti-semitismo nos Evangelhos, no repúdio de Paulo do seu povo, nos inúmeros textos teológicos e ideológicos produzidos desde então (no início da década de 1520, Lutero exigia a morte pelo fogo de todos os Judeus). Enquanto a Europa não confrontar o veneno do ódio anti-semita que corre nas suas veias, enquanto não abordar em termos explícitos a longa pré-história das câmaras de gás, muitas das estrelas no nosso firmamento europeu continuarão a ser amarelas"
Página 53 e 54
"A dignidade do homo sapiens é precisamente essa: a 'percepção da sabedoria, a ' demanda do conhecimento desinteressado, a criação de beleza. Fazer dinheiro e inundar as nossas vidas de bens materiais cada vez mais trivializados é uma paixão profundamente vulgar e inane. Pode ser que, de modos agora muitos difíceis de discernir, a Europa venha a gerar uma revolução contra-industrial, assim como gerou a própria revolução industrial. Certos ideais de lazer, de privacidade, de individualismo anárquico, ideais quase apagados pelo consumo conspícuo e pelas uniiformidades dos modelos americano-asiático, poderão ter a sua função natural num contexto europeu, mesmo que esse contexto implique uma certa medida de apetrechamento material."Página 54 e 55
"Se os jovens ingleses escolhem classificar David Beckman acima de Shakespeare e Darwin na lista de tesouros nacionais, se as instituições culturais, as livrarias e as salas de concertos e teatro lutam pela sobrevivência numa Europa que é fundamentalmente próspera e onde a riqueza nunca falou tão alto, a culpa é muito simplesmente nossa. Assim, como o poderia ser a reorientação do ensino secundário e dos meios de comunicação, por forma a corrigir esse erro. "
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Um dia.
Pedras duras, que se desgastam pela água.
Tanto tempo de existência e anua
O gostar das pessoas é parte integral de um processo
Que muitas vezes no excesso,
Leva a sermos isolado.
A solidão da luz,
É a escuridão dos afectos.
Mas quando algo reluz,
É sinal de pertencermos a passados.
Acordas todos os dias,
Na cama do descanso.
Fumas o primeiro cigarro
Quando ainda não comias.
Lavas os dentes, despreocupado.
Com a pasta mais barata.
O teu dente desleixado
É o sofrimento concentrado.
A interioridade do teu ser,
É o bipolar crescente.
Entre o que outros têm sempre a dizer.
Sobre aquilo que desfavoravelmente,
Te faz sofrer.
Passas o dia a deambular.
Por entre o espaço minúsculo.
Tens a porta para entrar,
No mundo absoluto.
terça-feira, 1 de maio de 2012
Mudança
A plenitude das acções.
Recaem sobre as palavras,
Que vorazes e aos trambolhões,
Demonstram a leitura das cartas.
Insensatez no raciocínio.
Leva a mente a ficar perturbada.
A capacidade da sensatez,
É viver um dia de cada vez.
Um acto difícil,
Porque as emoções funcionam tipo balança.
Quase como se fosse uma dança.
Onde um par se funde,
Nos gestos que os une.
Longe querer o perto.
Onde o apenas está o certo.
Mas a flor não desabrocha,
Se és duro como uma rocha.
Incompreensão e confusão,
Surge de uma década de erros.
Atitude e comportamentos,
É o que demonstra compreensão.
sábado, 28 de abril de 2012
Pensamentos
Tantos pensamentos,
derivados,
de simples acontecimentos:
A verdade magoa,
Quando não se perdoa.
As recordações do passado,
É o impulso do que deve ser mudado.
Tanta mentira,
Tanta heresia,
Misturado com o dia,
Em que tudo se perderia.
Tempo passa devagar.
Conforme estipulado.
Porém há-de de chegar,
O momento que é tanto esperado.
Pensamentos inúteis.
Porque não têm conteúdo.
O saber esperado,
Reside nos actos úteis.
derivados,
de simples acontecimentos:
A verdade magoa,
Quando não se perdoa.
As recordações do passado,
É o impulso do que deve ser mudado.
Tanta mentira,
Tanta heresia,
Misturado com o dia,
Em que tudo se perderia.
Tempo passa devagar.
Conforme estipulado.
Porém há-de de chegar,
O momento que é tanto esperado.
Pensamentos inúteis.
Porque não têm conteúdo.
O saber esperado,
Reside nos actos úteis.
domingo, 22 de abril de 2012
Respirar.
Não poder dizer.
O que se pensar.
É quase como não poder,
Inspirar um pouco de ar, respirar...
O que se pensar.
É quase como não poder,
Inspirar um pouco de ar, respirar...
Noite
Noite escura com pensamentos claros.
Deitado sobre a dureza dos corpos magoados.
Novos dias solarengos,
Disfarçado, de arma visado.
Sonhos recalcados,
Pelos actos isolados.
Arrependimento se matasse.
Viveríamos emocionalmente sem classe.
Descanso corporal necessário,
Para a mente limpar.
Sozinho ou em par,
Deixa de ser um otário.
Noite fingida.
Simulada pelo dormir.
A acção devida.
Deveria ser tomada,
...antes de partir.
Deitado sobre a dureza dos corpos magoados.
Novos dias solarengos,
Disfarçado, de arma visado.
Sonhos recalcados,
Pelos actos isolados.
Arrependimento se matasse.
Viveríamos emocionalmente sem classe.
Descanso corporal necessário,
Para a mente limpar.
Sozinho ou em par,
Deixa de ser um otário.
Noite fingida.
Simulada pelo dormir.
A acção devida.
Deveria ser tomada,
...antes de partir.
sábado, 21 de abril de 2012
Incomunicar
Sinto, penso e choro.
A verdade magoa,
No sopro de vida que atordoa.
A realidade que tem perduro.
Tantas formas de comunicar,
De longe todas servem para expressar,
No entanto vão apenas palavras,
Já que o sentimento pode nunca chegar.
A verdade magoa,
No sopro de vida que atordoa.
A realidade que tem perduro.
Tantas formas de comunicar,
De longe todas servem para expressar,
No entanto vão apenas palavras,
Já que o sentimento pode nunca chegar.
O tempo e a mensagem
O tempo é o pior inimigo,
Porque quando a mensagem,
Não tem ouvido,
O seu sentido perde forragem.
A resposta do emissor,
Causa de bipolaridade,
Por um lado é a dor,
Na verdade suor de amizade.
O tempo é a mensagem,
No seu tempo definido.
O que te faz perder a coragem,
É viver no indefinido.
Apenas esperas reactividade,
No impulso criado.
Quase como uma reflexividade,
Do tempo vivido.
O olhar.
Embora por breve instante,
Quase como vento corredio,
O olhar foi incessante,
Mágoas e bem estar,
Foi o sentimento a ficar.
Anos, são dias, meses anos.
Até a certeza ficar.
Quase como vento corredio,
O olhar foi incessante,
Mágoas e bem estar,
Foi o sentimento a ficar.
Anos, são dias, meses anos.
Até a certeza ficar.
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Loucura
A loucura é algo incompreendido,
Talvez como é o amor,
No seu ambiente sofrido.
A mente perde a claridade,
Quando se toma por vaidade,
A furiosidade.
Loucos são aqueles que dizem não sentir,
A vergonha de mentir,
A incapacidade de agir,
A não vontade de cair.
Tão perto e tão longe,
A força de onde,
Sai toda a essencial distante.
Amar e ser amado,
Não é algo passado,
Quando o que é errado.
É devidamente perdoado.
Erros do ego,
São perspicuidades segredos,
Na psique dos pensamentos,
Quando não são falados.
A loucura chega,
Por entre varas a besta,
No dia com pena,
A loucura vai,
Quando a noite cai,
Por entre linhas esvai
A vontade do ai.
Talvez como é o amor,
No seu ambiente sofrido.
A mente perde a claridade,
Quando se toma por vaidade,
A furiosidade.
Loucos são aqueles que dizem não sentir,
A vergonha de mentir,
A incapacidade de agir,
A não vontade de cair.
Tão perto e tão longe,
A força de onde,
Sai toda a essencial distante.
Amar e ser amado,
Não é algo passado,
Quando o que é errado.
É devidamente perdoado.
Erros do ego,
São perspicuidades segredos,
Na psique dos pensamentos,
Quando não são falados.
A loucura chega,
Por entre varas a besta,
No dia com pena,
A loucura vai,
Quando a noite cai,
Por entre linhas esvai
A vontade do ai.
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Falar
Abc... Palavras...
Abc... Signos...
Abc... Símbolos.
Abc... Linguagem...
Abc... Comunicação...
Abc... Letras...
Abc... Pensamento...
Abc... Escrever...
Abc... Falar...
Abc... Signos...
Abc... Símbolos.
Abc... Linguagem...
Abc... Comunicação...
Abc... Letras...
Abc... Pensamento...
Abc... Escrever...
Abc... Falar...
terça-feira, 17 de abril de 2012
Espírito
Espírito da madrugada, que caminhas sem meias,
Andas tão perto das minhas veias.
Que elas quase explodem,
Quando em êxtase se acodem.
Intensa dor, que não sinto.
Naquilo que repito,
Sem nunca ter sabido.
A música silenciosa,
Espera pouco nervosa,
Pela loucura esplendorosa,
Que é sempre teimosa.
Um reflexo dos actos,
Que sem sapatos,
É um vagabundo misturado,
Pela sociedade enrugado.
São anos sem dias,
Naquilo que parias,
Sem nunca mentirias,
Pelos grãos de areias.
Na praia coberta,
Pela espuma densa,
Vive o artista,
Que não é mais que impressionista.
Na voz doadora,
Vive a misturadora,
Da verdade que magoa.
Sou eu no eu,
Que temeu,
A vida que lhe alguém lhe deu.
Andas tão perto das minhas veias.
Que elas quase explodem,
Quando em êxtase se acodem.
Intensa dor, que não sinto.
Naquilo que repito,
Sem nunca ter sabido.
A música silenciosa,
Espera pouco nervosa,
Pela loucura esplendorosa,
Que é sempre teimosa.
Um reflexo dos actos,
Que sem sapatos,
É um vagabundo misturado,
Pela sociedade enrugado.
São anos sem dias,
Naquilo que parias,
Sem nunca mentirias,
Pelos grãos de areias.
Na praia coberta,
Pela espuma densa,
Vive o artista,
Que não é mais que impressionista.
Na voz doadora,
Vive a misturadora,
Da verdade que magoa.
Sou eu no eu,
Que temeu,
A vida que lhe alguém lhe deu.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Saudades
Saudade de pensar,
Saudade de amar,
Saudade de falar.
Saudade de viajar,
Saudade de conversar,
Saudade de enrolar,
Saudade de beijar,
Saudade de apanhar,
Saudade de caminhar,
Saudade de namoriscar,
Saudade de berrar,
Saudade de trabalhar,
Saudade de notar,
Saudade de levantar,
Saudade de cheirar,
Saudade de mudar,
Saudade de estudar,
Não tendo saudade, tudo pode passar.
Saudade de amar,
Saudade de falar.
Saudade de viajar,
Saudade de conversar,
Saudade de enrolar,
Saudade de beijar,
Saudade de apanhar,
Saudade de caminhar,
Saudade de namoriscar,
Saudade de berrar,
Saudade de trabalhar,
Saudade de notar,
Saudade de levantar,
Saudade de cheirar,
Saudade de mudar,
Saudade de estudar,
Não tendo saudade, tudo pode passar.
Conhecimento
Tudo que aprendi, desaprendi.
O conhecimento é uma tábua vazia,
que dentro de ti,
é quase uma tontaria.
Tolos são os que pensam,
Felizes os que acreditam,
Na vida os que mandam,
São os que mudam,
Pelos voto contrário,
Somos livres de anedotário.
A anedota é um pressentimento caro,
Quando és gozado.
O que sabes, ontem não sabias.
Amanhã saberás,
Que tudo que vias,
Não passou de um gozo alias.
O que aprendi, desaprendi.
Despreocupado e desnaturado.
Apenas fugi,
Do corpo que ficará eternamente marcado.
sábado, 14 de abril de 2012
Apesar de ser, sei que não sou
Apesar de ser, sei que não sou. A existência é um caminho com um fim, mas com muitos desvios e atalhos que são capazes de enganar o mais orientado.
O gosto de viver não está apenas na arte que emociona, mas também nas emoções.
Viver com gosto é uma existência saudável, perder o gosto é ganhar uma doença que passa, mas também marca.
Apesar de ser, sei que não sou. O conhecimento permite ser intelegível, mas a ignorância permite sofrer e dar a sofrer. Conhecer é comunicar, mas existe sempre a dificuldade de nos conhecer a nós próprios, quanto mais os outros.
As palavras muitas vezes contêm o interesse individual, nunca o coletivo. Quem diga o contrário, está a enganar.
Apesar de ser, sei que não sou. 11 anos de conversa, para nunca chegar a ter um fim em si mesmo. Apenas terminou a conversa, porque a vida passa muito depressa.
Apesar, sei que não sou. Ser o que fui, nunca na vida poderei ser. Apenas o que fui, fugiu.
terça-feira, 20 de março de 2012
Program or Be Programmed, dez mandamentos para a Era Digital
Program or Be Programmed (2010) é um livro escrito por Douglas Rushkoff e é um livro que analisa e aponta mandamentos, mais concretamente dez, sobre o que significa viver num mundo digital como aquele que temos atualmente. E consequentemente, tenta chamar à nossa consciência conselhos de como podemos nos ajustar melhor a ele.
O autor é escritor, professor e documentalista que foca as maneiras como as pessoas, culturas e instituições criam, partilham e influenciam todos os seus valores, sempre sobre o tema da tecnologia. O livro é um seguimento do documentátio Digital Nation (2011) que também aqui sobre ele tinha escrito.
Na introdução do livro o autor explica-nos que as pessoas começaram por ver na Internet uma nova oportunidade para a participação amadora em coordenados setores dos media e a sociedade.
Esta, a sociedade que olhou para a Internet como um caminho para conexões articuladas e novos métodos de criar conhecimento. Porém, para o autor, a sociedade está a encontrar-se desconetada, a negar pensamento profundo e drenado de valores profundos.
Para o autor isto poderia não acontecer se simplesmente nós tivéssemos entendido a direção oblíqua das tecnologias que estamos utilizando e tornasse-nos participantes conscientemente ativos nas maneiras em que elas são implantadas. É uma questão de pausar-nos o botão e nos perguntar o que a tecnologia significa para o futuro da nossa vida, do nosso trabalho e mesmo da nossa espécie?
Porque se pensarmos na tecnologia como um organismo cibernético , para já é mais um organismo mafioso do que um novo cérebro humano coletivo, pelo menos é o que autor argumenta.
Por outras palavras, o que o autor nos quer dizer é que na nossa longa evolução, cada nova revolução que os media conseguiram criar, apresentaram novas perspetivas através das quais nos relacionamos com o mundo.
Por exemplo, a linguagem levou ao conhecimento partilhado, a uma experiência cumulativa e a possibilidade do progresso. O alfabeto levou-nos à responsabilidade, ao pensamento abstrato, monoteísmo e leis contratuais. A Imprensa escrita e as leituras privadas levou-nos a uma nova experiência de individualidade, a uma pessoal relação com deus, à Reforma Protestante, direitos humanos e ao Iluminismo.
Isto é, com o advento de um novo meio o status quo não só se torna mais escrutinado, como é revisado e reescrito por aqueles que ganharam um novo acesso às ferramentas das suas criações.
A invenção da Imprensa na Renascença levou não a uma sociedade de escritores mas uma de leitores. A rádio e a televisão foram realmente apenas extensões da Imprensa escrita: cara e um dos muitos meios que promoveram a distribuição em massa de estórias e ideias de uma elite minoritária para o centro. Computadores e redes, finalmente, ofereceram-nos a habilidade para escrever. Pois nós escrevemos com eles nos nossos websites, blogs e redes sociais. Mas a capacidade subjacente da era do computador é realmente programar, o que a maior parte de nós não sabe fazer.
Por outras palavras, o que o autor nos quer dizer é que na nossa longa evolução, cada nova revolução que os media conseguiram criar, apresentaram novas perspetivas através das quais nos relacionamos com o mundo.
Por exemplo, a linguagem levou ao conhecimento partilhado, a uma experiência cumulativa e a possibilidade do progresso. O alfabeto levou-nos à responsabilidade, ao pensamento abstrato, monoteísmo e leis contratuais. A Imprensa escrita e as leituras privadas levou-nos a uma nova experiência de individualidade, a uma pessoal relação com deus, à Reforma Protestante, direitos humanos e ao Iluminismo.
Isto é, com o advento de um novo meio o status quo não só se torna mais escrutinado, como é revisado e reescrito por aqueles que ganharam um novo acesso às ferramentas das suas criações.
A invenção da Imprensa na Renascença levou não a uma sociedade de escritores mas uma de leitores. A rádio e a televisão foram realmente apenas extensões da Imprensa escrita: cara e um dos muitos meios que promoveram a distribuição em massa de estórias e ideias de uma elite minoritária para o centro. Computadores e redes, finalmente, ofereceram-nos a habilidade para escrever. Pois nós escrevemos com eles nos nossos websites, blogs e redes sociais. Mas a capacidade subjacente da era do computador é realmente programar, o que a maior parte de nós não sabe fazer.
Como resultado, a maioria da sociedade mantém-se num salto dimensional de falta de consciência e capacidades por detrás dos poucos que gerem e monopolizam o acesso real ao poder de qualquer era de comunicação.
Nesse sentido, o autor diz que em vez de estarmos a otimizar as nossas máquinas para a humanidade ou mesmo para benefício de qualquer grupo particular, nós estamos a otimizar os humanos para a maquinaria. Porque nós não estamos apenas a estender uma agência humana através de uma nova linguística ou sistema de comunicação. Nós estamos a replicar a mesma função da cognição através de externos, extra humanos mecanismos.
Em suma, o autor refere que a Revolução Industrial desafiou-nos a repensar os limites do corpo humano. Perguntas do tipo: onde o meu corpo termina e a ferramenta começa? Pelo contrário, a Era Digital desafia-nos a repensar os limites da mente humana.
Por aquela razão, podemos perguntar quais são as fronteiras da nossa cognição? Assim, o autor sugere no livro dez mandamentos que nos podem ajudar a construir um caminho melhor sobre o reino digital. Cada comando é baseado nas tendências da direção oblíqua dos meios digitais e sugere como conseguir um balanço entre esse viés com as necessidades reais das pessoas que vivem e trabalham ao mesmo tempo no mundo físico e virtual.
Por aquela razão, podemos perguntar quais são as fronteiras da nossa cognição? Assim, o autor sugere no livro dez mandamentos que nos podem ajudar a construir um caminho melhor sobre o reino digital. Cada comando é baseado nas tendências da direção oblíqua dos meios digitais e sugere como conseguir um balanço entre esse viés com as necessidades reais das pessoas que vivem e trabalham ao mesmo tempo no mundo físico e virtual.
Dito tudo aquilo, segue abaixo excertos do livro em que o autor sucinta as suas ideias no início de cada um dos dez mandamentos e que, na minha opinião, sucinta muito bem as ideias que o autor tenta expor e é, efetivamente, o que interessa assimilar do livro.
Caricatura de Douglas Rushkoff |
Time: Do Not Be Always On
The human nervous system exists in the present tense. We live in a continuous “now,” and time is always passing for us. Digital technologies do not exist in time, at all. By marrying our time-based bodies and minds to technologies that are biased against time altogether, we end up divorcing ourselves from the rhythms, cycles, and continuity on which we depend for coherence.
Place: Live in Person
Digital networks are descentralized technologies. They work from far away exchanging intimacy for distance. This makes them terrifically suitable for long-distance communication and activities, but rather awfull for engaging with what - or who - is right front us. By using a dislocating technology for local connection, we lose our sense of place, as well as our home field advantage.Choice: You Always Choose None of the Above
In the digital realm, everything is made into a choice. The medium is biased toward the discrete. This often leaves out things we have not chosen to notice or record, and forces choices when none need to be made.Complexity: You Are Never Completely Right
Although they allowed us to work with certain kinds of complexity in the first place, our digital tools often oversimplify nuanced problems. Biased against contradiction and compromise, our digital media tend to polarize us into opposing camps, incapable of recognizing shared values or dealing with paradox. On the net, we cast out for answers through simple search terms rather than diving into an inquiry and following extended lines of logic. We lose sight of the fact that our digital tools are modeling reality, not substituting for it, and mistake its oversimplified contours for the way things should be. By acknowledging the bias of the digital toward a reduction of complexity, we regain the ability to treat its simulations as models occurring in a vacuum rather than accurate depictions of our world.
Scale: One Size Does Not Fit All
On the net, everything scales—or at least it’s supposed to. Digital technologies are biased toward abstraction, bringing everything up and out to the same universal level. People, ideas, and businesses that don’t function on that level are disadvantaged, while those committ ed to increasing levels of abstraction tend to dominate. By remembering that one size does not fi t all, we can preserve local and particular activities in the face of demands to scale up.
Identity:
Be Yourself
Our digital experiences are out-of-body. This biases us toward depersonalized behavior in an environment where one’s identity can be a liability. But the more anonymously we engage with others, the less we experience the human repercussions of what we say and do. By resisting the temptation to engage from the apparent safety of anonymity, we remain accountable and present—and much more likely to bring our humanity with us into the digital realm.Social: Do Not Sell Your Friends
In spite of its many dehumanizing tendencies, digital media is still biased toward the social. In the ongoing coevolution between people and technologies, tools that connect us thrive—and tools that don’t connect us soon learn to. We must remember that the bias of digital media is toward contact with other people, not with their content or, worse, their cash. If we don’t, we risk robbing ourselves of the main gift digital technology has to off er us in return for our having created it.Fact: Tell the Truth
The network is like a truth serum: Put something false online and it will eventually be revealed as a lie. Digital technology is biased against fiction and toward facts, against story and toward reality. This means the only option for those communicating in these spaces is to tell the truth.Openness: Share, Don’t Steal
Digital networks were built for the purpose of sharing computing resources by people who were themselves sharing resources, technologies, and credit in order to create it. This is why digital technology is biased in favor of openness and sharing. Because we are not used to operating in a realm with these biases, however, we often exploit the openness of others or end up exploited ourselves. By learning the difference between sharing and stealing, we can promote openness without succumbing to selfi shness.Purpose: Program or Be Programmed
Digital technology is programmed. This makes it biased toward those with the capacity to write the code. In a digital age, we must learn how to make the soft ware, or risk becoming the soft ware. It is not too diffi cult or too late to learn the code behind the things we use—or at least to understand that there is code behind their interfaces. Otherwise, we are at the mercy of those who do the programming, the people paying them, or even the technology itself.
sexta-feira, 16 de março de 2012
O génio da modernidade
Embora já tenha a versão digital do livro de Walter Isaacson sobre a biografia de Steve Jobs (2011), acabei por encontrar na PBS um documentário denominado One Last Thing (2011) que de uma forma mais agradável e resumida nos retrata o homem que mudou o mundo através da tecnologia nos finais do século XX e início do século XXI.
O que encontramos no documentário em muito será o que poderá ser o conteúdo do livro. No entanto, pelo que me foi permitido saber porque quem já leu o livro, haverá muito mais a dizer. Contudo o que me interessa aqui analisar é este documentário e não o livro, porque também ainda não o li.
O documentário está todo concentrado em Steve Jobs e todas as criações que a sua mente brilhante foi capaz de produzir. De alguma forma pode-se resumir linearmente na escrita da seguinte forma: Apple, Xerox, NeXT, iMac, Pixar, iPod, iTunes e finalmente iPad.
Dito de outra forma são todos os nomes das tecnologias em que ele esteve envolvido e criou e se tornaram produtos que mudaram modelos instalados nas pessoas no final do século XX e início do século XXI.
Porém, existem outros aspetos interessantes que o documentário aborda. Por exemplo, a caligrafia e o budismo como influências na construção dos produtos que Jobs idealizava. O facto de sabermos que inicialmente a sua primeira aposta empreendedora foi uma companhia de telefones. Que ele e Bill Gates foram grandes amigos, mas depois a rivalidade entre a Microsoft e a Apple os levaram a tornarem-se apáticos um com o outro. Algo que poderá ser melhor percebido na única entrevista que deram juntos.
Por outro lado, conhecemos melhor a sua personalidade que se caraterizava por ser extremamente exigente, empreendedor, inovador, génio e de ruptura. E isso é muito bem notado no desenvolvimento da narrativa que faz uma retrospetiva da biografia do homem que mudou o quotidiano do trabalho, lazer e comunicação humana.
Além daquilo tudo encontramos testemunhos diretos de "Ronald Wayne, co-founder of Apple Computer, Co. with Jobs and Steve Wozniak; Bill Fernandez, who is credited with introducing Jobs to Wozniak and was also Apple Computer's first employee; Robert Palladino, calligraphy professor at Reed College whose classes Jobs acknowledged with inspiring his typography design for the Apple Mac; Walt Mossberg, who covered Jobs as the principal technical journalist for The Wall Street Journal; Dean Hovey, who designed the mouse for Apple; Robert Cringley, who interviewed Jobs for his documentary Triumph of the Nerds; and Dr. Alvy Smith, co-founder of Pixar Animation Studios, which Jobs acquired in 1986."
Para quem quiser saber mais um pouco sobre Steve Jobs este documentário é um bom recurso para isso. Morreu a 5 de Outubro de 2011.sexta-feira, 9 de março de 2012
Agnosticismo é uma benção
Demorei mais de um ano a ler o livro de Richard Dawkins The God Delusion (2006). Tal aconteceu, por variadas razões, mas a principal é que a narrativa do livro não me foi cativando e, assim, lia e quando o punha de lado, passava muito tempo até pegar nele outra vez. Contudo, uma teimosia levou-me a ler o livro até ao fim, o que acabou por acontecer hoje.
Creio que a teimosia estava a tentar encontrar no livro alguma resposta mais concreta para a minha opinião sobre a não existência de deus, isto é, eu sou ateu, ou melhor era. Acabei foi por encontrar uma tese que melhor nos explica a religião como um todo.
Muitas vezes essa opção, ser ateu, pode ser um preconceito, pode ser vista pela sociedade - maioritariamente católica - como algo incomum -, ou até como já aconteceu na Idade Média, obra do diabo. E por isso a Inquisição em nome do seu deus, fez das maiores atrocidades - além das Cruzadas e outras - que a igreja alguma vez cometeu.
Porém, ao ler o livro, e pelos argumentos lá apresentados por Dawkins, comecei a notar que ser ateu afinal pode ser motivo de orgulho e acima de tudo de liberdade. Porque comecei a sentir nesses argumentos um ponto de vista que se pode resumir muito facilmente: o facto de não se acreditar em deus ou qualquer outra divindade é a mais pura forma de livre arbítrio e existencialismo que podemos ter.
Consequentemente ao longo do desenvolvimento da leitura, no capítulo onde Dawkins nos explica pormenorizadamente o que é o Agnosticismo, as minhas ideias mudaram e essa é a principal sequela que eu posso tirar da leitura do livro.
Depois de ler as afirmações do autor, percebi de um forma melhor o que significa ser agnóstico e, creio, que para a minha estabilidade mental, psicológica e social é a melhor opção.
Dito de outra forma, a bíblia é um livro com mais de dois mil anos e o seu conteúdo teve um poder e impacto sobre o mundo como mais nenhum livro teve. Esse conteúdo está preenchido de argumentos - não científicos - sobre a origem do mundo, algo como um design inteligente feito por um ser sobrenatural que domina todas as coisas e as criou, etc.
Por outro lado, este livro de Dawkins é fundado numa série de argumentos científicos em muito relacionados com a ciência de Darwin, o evolucionismo. Um dos que me chamou mais a atenção foi o que está na página 200 do livro onde ele explica que existe uma falsa ideia sobre a definição de Seleção Natural de Darwin. Sendo que aquela tese aponta mais em seleção de grupo. Para percebem melhor terão mesmo que ler o livro.
Em suma, a conclusão que cheguei é que nunca ninguém será capaz de provar a existência ou não de deus. Por essa razão e de forma a evitar conversas e discussões sobre criacionismo e evolucionismo que nunca vão levar a lado nenhum, o livro ajudou-me a decidir tomar a decisão de me tornar agnóstico.
Finalizando, existe algo no livro, nas últimas páginas, que nos fazem refletir sobre o mundo que foi criado à volta da utopia da igreja. A forma como existe um legado nas escolas e nas instituições familiares que influenciam as crianças na fase de entender o mundo que os rodeia. Este é um facto que me leva acreditar que se aqueles modelos mudassem, talvez o mundo se tornasse um mundo melhor. Porque, como Dawkins afirma no final do livro: "(...) when humanity is pushing against the limits of understanding. Even better, we may eventually discover that there are no limits"
Creio que a teimosia estava a tentar encontrar no livro alguma resposta mais concreta para a minha opinião sobre a não existência de deus, isto é, eu sou ateu, ou melhor era. Acabei foi por encontrar uma tese que melhor nos explica a religião como um todo.
Muitas vezes essa opção, ser ateu, pode ser um preconceito, pode ser vista pela sociedade - maioritariamente católica - como algo incomum -, ou até como já aconteceu na Idade Média, obra do diabo. E por isso a Inquisição em nome do seu deus, fez das maiores atrocidades - além das Cruzadas e outras - que a igreja alguma vez cometeu.
Porém, ao ler o livro, e pelos argumentos lá apresentados por Dawkins, comecei a notar que ser ateu afinal pode ser motivo de orgulho e acima de tudo de liberdade. Porque comecei a sentir nesses argumentos um ponto de vista que se pode resumir muito facilmente: o facto de não se acreditar em deus ou qualquer outra divindade é a mais pura forma de livre arbítrio e existencialismo que podemos ter.
Consequentemente ao longo do desenvolvimento da leitura, no capítulo onde Dawkins nos explica pormenorizadamente o que é o Agnosticismo, as minhas ideias mudaram e essa é a principal sequela que eu posso tirar da leitura do livro.
Depois de ler as afirmações do autor, percebi de um forma melhor o que significa ser agnóstico e, creio, que para a minha estabilidade mental, psicológica e social é a melhor opção.
Dito de outra forma, a bíblia é um livro com mais de dois mil anos e o seu conteúdo teve um poder e impacto sobre o mundo como mais nenhum livro teve. Esse conteúdo está preenchido de argumentos - não científicos - sobre a origem do mundo, algo como um design inteligente feito por um ser sobrenatural que domina todas as coisas e as criou, etc.
Por outro lado, este livro de Dawkins é fundado numa série de argumentos científicos em muito relacionados com a ciência de Darwin, o evolucionismo. Um dos que me chamou mais a atenção foi o que está na página 200 do livro onde ele explica que existe uma falsa ideia sobre a definição de Seleção Natural de Darwin. Sendo que aquela tese aponta mais em seleção de grupo. Para percebem melhor terão mesmo que ler o livro.
Em suma, a conclusão que cheguei é que nunca ninguém será capaz de provar a existência ou não de deus. Por essa razão e de forma a evitar conversas e discussões sobre criacionismo e evolucionismo que nunca vão levar a lado nenhum, o livro ajudou-me a decidir tomar a decisão de me tornar agnóstico.
Finalizando, existe algo no livro, nas últimas páginas, que nos fazem refletir sobre o mundo que foi criado à volta da utopia da igreja. A forma como existe um legado nas escolas e nas instituições familiares que influenciam as crianças na fase de entender o mundo que os rodeia. Este é um facto que me leva acreditar que se aqueles modelos mudassem, talvez o mundo se tornasse um mundo melhor. Porque, como Dawkins afirma no final do livro: "(...) when humanity is pushing against the limits of understanding. Even better, we may eventually discover that there are no limits"
terça-feira, 6 de março de 2012
X.TO - Documentário sobre as Aldeias de Xisto
Conheci o João Correia na primeira edição do So You Think You Can Pitch. No meio de todas as pessoas presentes, metemos conversa um com o outro e desde de então temos vindo a falar ocasionalmente.
Devido a essas conversas, acabei por descobrir que ele planeou um projeto sobre as Aldeias de Xisto em Portugal intitulado X.TO, como fruto da investigação para a sua tese de Mestrado em Comunicação Multimédia na Universidade de Aveiro que se encontra no momento a frequentar.
Desde de logo, o João demonstrou uma vontade enorme em conseguir levar o trabalho avante e, por essa razão, realizou um pequeno vídeo em que explica os objetivos do projeto, as razões da sua escolha e, mais importante, a explicação da sua escolha de financiamento: o Crowd Funding.
Dito tudo aquilo, passo a explicar a verdadeira razão deste post. Por um lado, quero ajudar o João a divulgar o seu projeto. Que considero que além de ser muitíssimo interessante, no final vai-se obter um documentário recente, criativo e que poderá promover mundialmente esta caraterística da cultura portuguesa. Pelo que o João me disse através de uma conversa no facebook, as pessoas têm se mostrado muito participativas e simpáticas em ajudá-lo. Percebeu a certa altura que é melhor deixar de ter um fio condutor, mas na minha opinião isso é bom. Porque mesmo depois de muito planeamento das fases de pré-produção, produção e pós-produção, apenas no terreno sabemos com o que contar. E muitas vezes isso leva-nos a obter melhores resultados.
Noutra vertente, quero pegar num exemplo concreto de alguém que recorreu ao Crowd Funding, que neste caso foi a plataforma PPL, para conseguir o financiamento necessário para o arranque. Que aliás aconteceu apenas há umas semanas atrás.
Dito de outra forma, quero que aqueles que lerem este post sejam influenciados na decisão quando se encontrarem em dúvidas sobre se devem avançar com esta estratégia ou não.
Assim, convidei o João a dar uma entrevista para o Arte de Se Exprimir. Através da mesma podem saber mais pormenores sobre o projeto, conhecer melhor o próprio João e as suas opiniões sobre o cinema, entre outros pontos.
Resta dizer que podem acompanhar o desenvolvimento do projeto no seu blog de produção. Segue a entrevista:
1. Fala-nos um pouco de ti e sobre as razões que te levaram a escolher o cinema como área profissional?
Apesar de surgir como uma enorme influência no meu trabalho e na minha vida, o cinema não é a minha (única) área profissional. Pensando bem, não tenho qualquer área profissional definida, visto que os trabalhos que tenho desenvolvido até agora se desdobram entre várias áreas.
Estou de momento a terminar o meu mestrado em Comunicação Multimédia (ramo de Audiovisual Digital) na Universidade de Aveiro e também em rodagem para o meu projecto mais ambicioso até agora, o documentário sobre as Aldeias de Xisto.
Para além de uma enorme satisfação em apresentar um trabalho de qualidade, espero que este projecto me leve a concretizar outras ideias que tenho desde miúdo, como realizar uma longa-metragem de ficção científica.
É mais fácil terem uma noção de quem sou e o que tenho feito em www.joaopedrocorreia.com.
2. Sendo tu um jovem realizador, que opinião tens sobre o uso do digital no cinema em detrimento da película? Qual vais usar no teu projeto?
Acho que é o caminho lógico a tomar. Por mais nostálgico que o uso da película seja, o digital é bastante mais cativante. Para mim, filmar em película, para além dos constrangimentos financeiros, logísticos, etc., não acrescenta nada que eu não consiga fazer em digital, inclusive obter o grão tão característico da película. Como li algures, é "utilizar um ábaco para navegar na Internet".
3. Acreditas que em Portugal faz-se bom cinema?
Sem dúvida. Penso que a larga maioria dos espectadores não está ciente do que de melhor se faz no nosso país, principalmente devido à aposta das grandes cadeias como a Lusomundo em filmes de estúdio e não no cinema de autor. Mas quem realmente se interessa em conhecer mais arranja sempre forma de ver o que quer.
4. Explica-nos em pormenor o teu projeto que terá como temática as históricas Aldeias de Xisto em Portugal?
Gosto de descrever este projecto como um trabalho em constante mutação, que parte do conceito de Aldeia de Xisto, e vai explorando o que se passa nas Aldeias que vão estar presentes no documentário. Não há uma linha condutora definida, mas sim uma vontade de mostrar estas aldeias, as paisagens em redor das mesmas, e sobretudo, as pessoas que habitam nelas.
Já vi tradições que foram recentemente recuperadas, desabafos em relação a dívidas por saldar, o incómodo do imigrante que, apesar de bem intencionado, foi parar no centro da má língua, e muito mais. Até terminar a edição do documentário será impossível definir uma temática menos abrangente que "Aldeias de Xisto em Portugal". Mas até que nem me desagrada, tenho novas surpresas à minha espera em cada aldeia que visito.
5. Quais foram as razões que te levaram a escolher esse tema?
Querer partilhar com outras pessoas o que é viver numa aldeia. Eu cresci, vivi e ainda vivo numa aldeia. Como vivo no concelho de Arganil, apontei inicialmente o Piódão como o centro do documentário, mas devido à construção peculiar da mesma e de residir no centro da rede das Aldeias do Xisto, alargar a rodagem a outras aldeias pareceu-me ser a decisão mais lógica.
6. Um dos factos que te pode distinguir enquanto alguém que ainda está a começar na área, foi o recurso ao Crowd Funding para conseguires financiamento para o teu projeto! Acreditas que é uma alternativa às fontes de financiamento tradicionais?
Sem dúvida. Se o projecto de Crowd Funding for bem planeado, tiver potencial e demonstrarmos paixão pelo trabalho que pretendemos realizar, certamente não faltará quem esteja interessado em apoiar o projecto, que foi exactamente o que sucedeu no meu caso. Como em qualquer caso, é tudo uma questão de ambição, esforço e um pouco de sorte. Não digo que se recorra apenas ao Crowd Funding para alavancar o projecto, até porque no meu caso recorri também à ajuda da ADXTUR, que gere a rede das Aldeias do Xisto, que me conseguiu oferecer soluções que o "dinheiro não compra".
7. Explica-nos todo o processo para conseguires atingir toda a totalidade monetária e as dificuldades que sentiste?
Criar uma campanha de promoção online através do meu website e várias redes sociais, apostar na qualidade do vídeo que encabeça o projecto, contactar pessoas com grande influência online para me ajudarem a promover o projecto, passar horas e horas agarrado ao telefone a pedir apoios a tudo o que se mexe e nunca descartar uma possível opção de apoio do projecto. E claro, nunca esquecer os nossos entes queridos, amigos, etc., porque se as pessoas mais próximas de ti não acreditarem no teu projecto, quem irá?
8. Sentiste abertura por parte das pessoas em apoiar este tipo de causa? Mesmo tendo elas sempre no final algum tipo de compensação pelo apoio dado?
Sim. Para ser sincero, fiquei surpreendido pela enorme vontade que as pessoas que contactei tinham em me apoiar. Talvez tenha sido pela forma como abordei o projecto ou pela temática do próprio projecto. Mas tive sempre uma reacção positiva em relação ao projecto.
9. Explica-nos a metodologia das compensações para os apoiantes do projeto?
É um processo bastante simples. No meu caso, tinhas 10, 20, 40 ou 50€ que podias doar. Quanto mais doasses, mais contrapartidas terias. Por exemplo, 10€ de doação davam-te acesso ao download do documentário e a estares presente nos créditos do mesmo.
8. E que material é que vais comprar com o dinheiro que conseguiste?
Na altura consegui adquirir um apoio de ombro para suportar o equipamento, um microfone, uma objectiva fisheye de 8mm e um monitor externo para ligar à máquina. Todo este novo equipamento veio acrescentar um novo leque de possibilidades que não estavam ao meu alcance antes das doações chegarem. Contudo, apostei sempre que possível no DIY (Do It Yourself), construindo parte do equipamento que utilizo durante as filmagens, tal como o suporte para o microfone.
9. O Crowd Funding foi a única forma que tiveste para arranjar dinheiro para o projeto?
Sim e não. O Crowdfunding abriu-me as portas para conseguir recolher apoios fora desta iniciativa, mas que provavelmente não teria conseguido sem o alcance da mesma.
11. Que tipo de apoio tens obtido da parte da Universidade de Aveiro?
A enorme paciência e conselhos do meu orientador, todo o material de iluminação presente no documentário e a disponibilização de uma sala para a projecção do documentário na antestreia do mesmo.
12. Para quando está previsto o lançamento do documentário?
Finais de Junho de 2012, mas tal como as diferentes histórias das aldeias, há sempre surpresas inesperadas.
13. Esperas ter reunido no auditório, no dia da estreia, todas as pessoas que apoiaram o projeto?
Não. Algumas das pessoas vivem bastante longe, estando uma a residir fora do nosso país. Mas acredito que não seja por falta de vontade, mas sim pela impossibilidade de se deslocarem a Aveiro.
14. Que palavras gostarias de deixar a essas pessoas?
Como tenho vindo a dizer desde o primeiro dia do projecto de Crowd Funding, obrigado por todo e qualquer apoio. O projecto ganhou novas proporções com a ajuda de pessoas generosas e que apostaram em mim e no meu trabalho. É sempre bom ver o nosso trabalho reconhecido e valorizado. Espero corresponder às expectativas de todos eles, ficaria bastante feliz.
P.S. Como alguns devem ter notado as palavras escritas ora estão escritas com as regras no Novo Acordo Ortográfico e outras não. Isso deve-se apenas a eu já ter aderido e o João não.
sexta-feira, 2 de março de 2012
Óscars 2012, o cinema pode ser reiventado
E sempre houve mais este ano, tal como tinha finalizado no post do ano passado sobre a maior cerimónia do cinema mundial. Ao contrário do ano passado, não passei uma noite mal dormida na noite do direto. Pensei depois, ainda, em ver em indeferido, mas nem isso me apeteceu fazer.
Creio que a razão que me levou a fazer isso foi algumas das razões que apontei no post do ano passado. Isto é, a falsidade e ocultação que muitas vezes pode haver (há?) na escolha dos vencedores que são influenciados pelos opinion makers. E a não inserção de grandes filmes de qualidade nos candidatos, tal como considero que aconteceu com Tyrannosaur (2011).
Contudo, depois pelo que fui vendo e lendo nos media acabei por ficar surpreendido com os resultados. Passo a explicar porquê.
Além da mais que mostrada perna de Angelina Jolie, nos Óscars deste ano houve uma celebração e homenagem ao cinema como tecnologia com história e valor artístico. Como uma arte capaz de se reiventar e surpreender. Segundo escreveu Serge Daney , o françês crítico de cinema:
“…The train in the La Ciotat station still keeps arriving, a century later. It’s still possible to put oneself in the position of the frightened spectator, which means that there is something in cinema that is of the past but not past”
Por outras palavras, os grandes vencedores da noite mais esperada pelas estrelas de Hollywood foram The Artist (2011) e Hugo (2011). Que têm em comum a capacidade de nos mostrar que o cinema ainda é um meio capaz de nos surpreender. Por outro lado, sugere que é imortal e cíclico.
Não deixa de ser curioso que o primeiro seja um filme a preto e branco. Com recurso a poucos diálogos, uma aposta forte na soundtrack na criação emotiva de experiência, caracterizado pela coragem de Michel Hazanavicius em realizar um filme com aquele guião. Tal como escrevi na análise que fiz ao mesmo aqui no blog, na minha opinião mereceu os prémios de Melhor Filme, Melhor Realizar e Melhor Ator.
Por outro lado, o segundo é uma aposta na nova estratégia de Hollywood do 3D, embora eu o tenha visto em 2D. Contém no seu argumento uma homenagem a uma das personagens mais importantes da sétima arte, George Méliés. Além disso, é uma película que tenta mostrar a capacidade de imaginação e magia do cinema na mente dos espetadores. Algo que Méliés conseguiu efetivamente criar através da exploração da sua criatividade, tecnologia e arte e que Scorcese conseguiu de uma forma perfeita representar.
Tudo aquilo, de uma forma resumida, foi o que escrevi também numa outra análise ao filme e, também por isso, considero, indubitavelmente, que mereceu os prémios de Melhores Efeitos Visuais e Melhor Fotografia.
Finalizando, creio que tudo aquilo é uma prova de que o cinema ainda é capaz de reinventar, mesmo quando alguns falam da sua decadência de criatividade ao longo dos anos pela razão das repetidas sequelas que tem realizado.
Podemos também entrar mais profundamente nas diferenças entres os dois filmes. Algo que foi muito bem explicado por Adam Cook num artigo para o notebook do MUBI. Diz ele o seguinte. "Hugo is a 3D/color/American “blockbuster” shot in Paris and London and The Artist is a 2D/black and white/French “festival” film shot in Hollywood." E continua dizendo que eles têm alguns aspetos em comum como: o franco conhecimento de cinema dos dois realizadores; que os dois filmes apresentam-se como uma resiliente (elástico) força e implícitos argumentos que o cinema como tecnologia altera a forma de fabricar a arte e, assim, o cinema consegue evoluir e sobreviver e depois aponta mais analiticamente características (as que estão escritas na citação acima); técnicas que diferenciam os dois.
Quanto a mim, e de forma a finalizar o post, apenas estou contente por a cerimónia dos Óscars deste ano e todas as pessoas responsáveis tenham sido capazes de homenagear o cinema tal como ele é, ou seja, uma forma de arte. E que Michel Hazanavicius e Martin Scorcese tenham ganho os prémios e com isso o mérito reconhecido.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
O preto nas artes visuais
No outro dia enquanto navegava na net, encontrei no BrainPickings referência a um livro que foi indicado lá como um dos mais importantes escritos no século XX sobre design gráfico. Toughts On Design (1972) foi escrito por Paul Rand - o americano modernista - (1914-1996), que por sinal parece ter sido uma figura importantíssima na área do design gráfico.
Paul Rand |
Ao tentar saber mais sobre ele descobri um artigo que despertou o meu interesse. O que me leva a prestar atenção mais detalhada ao artigo foi a forma como Rand o introduziu: "TABOOS AND PREJUDICES HAVE LONG CREATED LIMITING barriers to experimentation and to meaningful work in the graphic arts. In this paper I should like to attack one particular prejudice—that against the color black.".
Aquela citação levou-me a pensar na importância das cores no design e como os preconceitos sobre essas muitas vezes pode prejudicar o trabalho de um designer. Levou-me também a querer saber quais são esses estereótipos que Rand quer contrapor.
Também quero ter um arquivo aqui no blog sobre este tema. De forma a ter mais tarde um texto que me possa ajudar em futuros trabalhos em que tenha que recorrer a esta análise. Nesse sentido, decidi analisá-lo de uma forma mais profunda. Além disso, devo anunciar que o artigo ficou bastante extenso e na sua generalidade é uma tradução do artigo de Rand (o que pode fazer com que tenha alguns erros de semântica ou sintaxe, mas tentei ao máximo que isso não acontecesse). Porém, considero que contém ideias deveras importantes para todos aqueles que se interessam por estes temas como eu.
Aquela citação levou-me a pensar na importância das cores no design e como os preconceitos sobre essas muitas vezes pode prejudicar o trabalho de um designer. Levou-me também a querer saber quais são esses estereótipos que Rand quer contrapor.
Também quero ter um arquivo aqui no blog sobre este tema. De forma a ter mais tarde um texto que me possa ajudar em futuros trabalhos em que tenha que recorrer a esta análise. Nesse sentido, decidi analisá-lo de uma forma mais profunda. Além disso, devo anunciar que o artigo ficou bastante extenso e na sua generalidade é uma tradução do artigo de Rand (o que pode fazer com que tenha alguns erros de semântica ou sintaxe, mas tentei ao máximo que isso não acontecesse). Porém, considero que contém ideias deveras importantes para todos aqueles que se interessam por estes temas como eu.
O artigo originalmente foi publicado no livro Graphic Forms: The Arts as Related to the Book (1949) e foi reimprimido no A Designer’s Art (1985). Começa logo com uma citação do poeta françês Rimbaud: "Vowels: black A, white E, red I, green U, blue O, Someday I shall name the birth from which you rise: A, a black furry corset of loud flies Boiling where the cruel stenches flow…"
Rand começa por nos explicar que o poeta utiliza as palavras para simbolizar-se com a carnalidade, a morte e a decadência. Com o tempo esta associação da cor preta com a morte levou à sua condenação na arte como sendo deprimente e sinistra e, portanto, deve-se evitar. Assim, como consequência, o poder e utilidade do negro deve ser evitada, limitada ou mal compreendida por designer, arquitetos entre outros durante o século XX.
Claro que estamos a falar de 1949 e nos dias de hoje creio que o preto já assumiu uma nova importância na criação visual de identidades e imagens. Talvez aquela ideia até seja um bom motivo para mais tarde escrever um post aqui no blog.
Claro que estamos a falar de 1949 e nos dias de hoje creio que o preto já assumiu uma nova importância na criação visual de identidades e imagens. Talvez aquela ideia até seja um bom motivo para mais tarde escrever um post aqui no blog.
Para contrapor aquela visão da época, Rand começa por explicar a importância do preto na Natureza. Então diz-nos que a cor branca é a companheira da preta e as duas são justapostos drasticamente entre o contraste do dia e a noite. Já que a ininterrupta escuridão ou a luz do dia contínua seria intolerável.
Por outro lado, o preto serve para desencadear subtilmente o brilho das folhas verdes ou a cor do Outono. É um exemplo que nos leva a crer na importância desta cor, que juntamente com o branco, nos faz admirar a natureza em todo o seu esplendor. Ela está presente na sombra, na luz, nas cavernas e desfiladeiro. Por outras palavras, é uma cor natural que está presente em toda a natureza.
Tenho que concordar plenamente com os parágrafos acima, pois recentemente dei-me a experimentar o black&white na fotografia e os resultados têm sido muito bons, como podem comprovar na fotografia abaixo. O que me leva a crer que esta é uma técnica poderosa quando bem utilizada na fotografia ou design gráfico.
Apontando outros argumentos, Rand afirma que as cores naturais estão integradas, o que faz com que participem na reflexão das cores que as rodeiam. E o preto, de uma forma modesta, fornece um perfeito fundo para as cores naturais. Consequentemente, o preto tem sido muito bem compreendido na utilidade diária. Já que nos E.U.A e Europa o preto foi de longe a cor utilizada nos carros, nomeadamente os de fruição. Por outro lado, o preto é a cor fúnebre ou até a cor da roupa interior feminina tornando-a sensual e elegante.
Rand continua dizendo que se olharmos de uma forma mais profundamente psicológica para o preto, ele está ligado com mistério: com a morte é incognoscível, com a noite é cheia de coisas escondidas - ou medo ou mágico.
Finalmente, em alguns países o preto ou quase preto tem sido empregado de uma forma extensiva em arquitetura ou em design de interior. Por exemplo, o padrão de coloração das casas japonesas é baseado no contraste entre o uso do escuro e materiais de luz. A madeira escura muitas vezes delineia muitas vezes a básica estrutura da casa e separa-a esteticamente das luzes coloridas das partições (fusuma) e os tapetes (tatami).
Creio que até aqui, isto é, nas linhas acima escritas, podemos encontrar argumentos gerais e abstratos que Rand argumenta contra os preconceitos e tabus do uso do negro no design.
A partir daqui ele entra em exemplos mais concretos recorrendo para isso a ilustrações onde o preto foi utilizado de forma a reforçar a sua beleza, simplicidade e utilidade.
Na primeira das suas ilustrações, que mostra um edifico desenhado por Mies van der Rohe, o preto é um factor crucial para a sua estética. Os membros de ferro desta estrutura estão expostos e pintados de preto. O efeito disto é múltiplo: a estrutura está claramente definida, está colocada num dramático contraste para as paredes não pálidas do rolamento do tijolo, a maior parte dos seus membros é reduzido fazendo-os parecer leves e delicados. Assim, uma grande elegância é conseguida sem recurso a materiais caros ou decoração. Finalmente, a contenção e a serenidade do preto faz com que a construção do edifício pareça um oásis no coração caótico da cidade.
Com aquela explicação, sem dúvida, que é compreendido que como a qualquer cor, o valor do preto depende da maneira como é utilizado. O preto será sempre lúgubre, ou brilhante ou até elegante dependendo sempre do seu contexto e da sua forma. Apesar do uso bem sucedido do preto, por exemplo no Japão, em edifícios e interiores modernos, ainda existem muitas pessoas que negam categoricamente o preto, diz Rand.
A seguir o americano modernista fala sobre um médico que escreveu sobre o uso das cores nos interiores sobre a forma de um aviso sinistro contra o negro: “This is the most dismal of all colors—it expresses all that is opposite to white.” Edward Podolsky, The Doctor Prescribes Colors, pp. 48.
Para refutar aqueles argumentos, Rand afirma que este tipo de denúncia ignora completamente a natureza relativa de qualquer cor ou forma.
Para demonstrar aquele ponto de vista, recorre a Eisenstein que escrevendo sobre os filmes afirma: “Even within the limitations of a color-range of black and white … one of these tones not only evades being given a single ‘value’ as an absolute image, but can even assume absolutely contradictory meanings, dependent only upon the general system of imagery that has been decided upon for the particular film.” Eisenstein, The Film Sense, pp. 151-152.
Em suma, o que Eisenstein afirma é que o significado e utilidade da cor depende apenas sobre o sistema geral de imagens que foi decidido para o filme.
Por exemplo, ilustra este ponto importante pela reversão do papel do negro em relação ao branco nos dois filmes: Old and New (1929) e Alexander Nevsky (1938). No anterior o negro significa coisas reacionárias, antiquadas e criminais enquanto o branco denota felicidade, vida e progresso, e que em Alexander Nevsky (1938); branco era cor da crueldade, opressão e morte e o preto está identificado com os guerreiros russos e, representa por isso, heroísmo e patriotismo. A resposta de Eisenstein para a surpresa e protesto dos críticos naquela inversão do simbolismo tradicional, foi citar Moby Dick, a famosa baleia branca já que o leitor deve lembrar-se que a brancura lívida, leprosa desta baleia simboliza o mal monstruoso e desconcertante do mundo.
Por outro lado, na Idade Média e Renascimento, o preto (com algumas notáveis exceções) foi tratado como um elemento linear ou foi associado com a modelação claro-escuro. Kahnweiler em The Rise of cubism (1949) diz: “Since it was the mission of color to create the form as chiaroscuro, or light that had become perceivable, there was no possibility of rendering local color or color itself.” Daniel-Henry Kahnweiler, The Rise of Cubism (New York, 1949), p. 11.
Embora Kahnweiler esteja a referir-se à cor em geral, aquele testamento aplica-se ao preto em geral. No século XX as possibilidades de reprodução da cor como uma coisa em si mesmo e não primariamente como uma descrição tridimensional ou luz objetivada foi descoberta e explorada. Coincidente com esta tendência, o preto tornou-se um valor plástico positivo. Creio, que para entender melhor estes argumentos seria preciso fazer uma análise visual e científica a obras que contenham aquelas caraterísticas.
Finalmente, Rand refere que entre os artistas que usaram o preto como elemento vital no seu trabalho temos: Rouault, Braque, Miro, Leger, Arp, and Picasso. Beardsley, Masereel, e Posada, por exemplo, utilizaram-no exclusivamente.
Um desses artistas descreveu a obra acima da seguinte forma. "The black grows deeper and deeper darker and darker before me. It menaces me like a black gullet. I can bear it no longer. It is monstrous. It is unfathomable. As the thought comes to me to exorcise and. transform this black with a white drawing, it has aheady become a surface. Now I have lost all fear, and begin to draw on the black surface. I draw and dance at once, twisting and winding, a winding, twining soft white flowery round. A round of snakes in a wreath…white shoots this way and that…" Jean Arp, On My Way (New York, 1948), p. 52.
Com aquela citação Arp entende que o preto sozinho e fora do contexto é assustador, mas ele sabe também a sua potência uma vez que é formado e relacionado.
Uma outra ilustração que Rand contém no seu artigo é a pintura de Picasso Guernica. Para ele é um eloquente testemunho do poder expressivo do preto e os seus companheiros naturais que são o cinzento e o branco. Continua explicando que embora não saibamos a intenção de Picasso, podemos arriscar algumas afirmações sobre os efeitos mais evidentes alcançados pela substituição do preto, branco e cinza pelas cores habituais.
Isto é, a ausência das esperadas cores pictóricas dramatiza o impacto do trabalho. Além disso, a ausência de cor implica todas as cores, fazendo com que o espetador use a atividade das forças da sua imaginação por não dizer-lhe tudo.
O uso do preto, branco e cinza é um eufemismo que torna possível e suportável o horror e a violência das imagens. Ao mesmo tempo, paradoxalmente, ele enfatiza a imaginação de uma forma brutalmente trágica. É provável que fora de questão naquele mural a preto e branco eles joguem os seus simbólicos papéis ancestrais. Eles são as cores primas não adulteradas na luta entre a vida e a morte.
Outro argumento que Rand novamente recorre é o facto de durante muitos séculos pintores chineses e japoneses terem reverenciado (respeitado) o preto como cor. Na pintura japonesa, o preto (sumi) é muitas vezes a única cor empregada. Os artistas japoneses sentem que: “colors can cheat the eye but sumi never can; it proclaims the master and exposes the tyro.” Henry P. Bowie, On the Laws of Japanese Painting (San Francisco, 1911), p. 39.
Para reforçar esta relação dos artistas japoneses com o sumi Rand evoca um famoso pintor japonês chamado Kubota que frequente expressava o desejo de poder viver o suficiente para ser capaz de descartar a cor totalmente e usar o "sumi sozinho por todos e quaisquer efeitos nas pinturas." Henry P. Bowie, On the Laws of Japanese Painting (San Francisco, 1911), p. 39.
Segundo ainda Rand, em 1860 escreveu: "I do not know whether the use of black for mourning prevents the use of it, in numberless cases, where it would produce most excellent effects.” M. E. Chevreul, The Laws of the Contrast of Color (London, 1883), p.54.
Parece que aquela expressão foi pertinente no século XX como foi no século XIX. Já que muitos artistas gráficos ainda coibia do preto. Pois quando eram confrontados com nenhuma outra alternativa que não o preto, como na publicidade, em jornais ou publicidade muitas vezes eles aceitam a contra gosto e fazem pouco esforço para descobrir ou desenvolver as suas potencialidades.
No entanto, as qualidades físicas e psicológicas discutidas até agora em relação à arquitetura e pintura são igualmente importantes para as artes gráficas: publicidade, design de capa e tipografia. De forma a ilustrar isso Rand utiliza vários exemplos do uso do preto nos seus trabalhos.
Tenho que concordar plenamente com os parágrafos acima, pois recentemente dei-me a experimentar o black&white na fotografia e os resultados têm sido muito bons, como podem comprovar na fotografia abaixo. O que me leva a crer que esta é uma técnica poderosa quando bem utilizada na fotografia ou design gráfico.
http://www.artedeseexprimir.net/fotografia/momentos |
Apontando outros argumentos, Rand afirma que as cores naturais estão integradas, o que faz com que participem na reflexão das cores que as rodeiam. E o preto, de uma forma modesta, fornece um perfeito fundo para as cores naturais. Consequentemente, o preto tem sido muito bem compreendido na utilidade diária. Já que nos E.U.A e Europa o preto foi de longe a cor utilizada nos carros, nomeadamente os de fruição. Por outro lado, o preto é a cor fúnebre ou até a cor da roupa interior feminina tornando-a sensual e elegante.
Rand continua dizendo que se olharmos de uma forma mais profundamente psicológica para o preto, ele está ligado com mistério: com a morte é incognoscível, com a noite é cheia de coisas escondidas - ou medo ou mágico.
Finalmente, em alguns países o preto ou quase preto tem sido empregado de uma forma extensiva em arquitetura ou em design de interior. Por exemplo, o padrão de coloração das casas japonesas é baseado no contraste entre o uso do escuro e materiais de luz. A madeira escura muitas vezes delineia muitas vezes a básica estrutura da casa e separa-a esteticamente das luzes coloridas das partições (fusuma) e os tapetes (tatami).
Exemplo de decoração de uma casa Japonesa (Fusuma) |
Creio que até aqui, isto é, nas linhas acima escritas, podemos encontrar argumentos gerais e abstratos que Rand argumenta contra os preconceitos e tabus do uso do negro no design.
A partir daqui ele entra em exemplos mais concretos recorrendo para isso a ilustrações onde o preto foi utilizado de forma a reforçar a sua beleza, simplicidade e utilidade.
Na primeira das suas ilustrações, que mostra um edifico desenhado por Mies van der Rohe, o preto é um factor crucial para a sua estética. Os membros de ferro desta estrutura estão expostos e pintados de preto. O efeito disto é múltiplo: a estrutura está claramente definida, está colocada num dramático contraste para as paredes não pálidas do rolamento do tijolo, a maior parte dos seus membros é reduzido fazendo-os parecer leves e delicados. Assim, uma grande elegância é conseguida sem recurso a materiais caros ou decoração. Finalmente, a contenção e a serenidade do preto faz com que a construção do edifício pareça um oásis no coração caótico da cidade.
Edifico desenhado por Mies van der Rohe |
Com aquela explicação, sem dúvida, que é compreendido que como a qualquer cor, o valor do preto depende da maneira como é utilizado. O preto será sempre lúgubre, ou brilhante ou até elegante dependendo sempre do seu contexto e da sua forma. Apesar do uso bem sucedido do preto, por exemplo no Japão, em edifícios e interiores modernos, ainda existem muitas pessoas que negam categoricamente o preto, diz Rand.
A seguir o americano modernista fala sobre um médico que escreveu sobre o uso das cores nos interiores sobre a forma de um aviso sinistro contra o negro: “This is the most dismal of all colors—it expresses all that is opposite to white.” Edward Podolsky, The Doctor Prescribes Colors, pp. 48.
Para refutar aqueles argumentos, Rand afirma que este tipo de denúncia ignora completamente a natureza relativa de qualquer cor ou forma.
Para demonstrar aquele ponto de vista, recorre a Eisenstein que escrevendo sobre os filmes afirma: “Even within the limitations of a color-range of black and white … one of these tones not only evades being given a single ‘value’ as an absolute image, but can even assume absolutely contradictory meanings, dependent only upon the general system of imagery that has been decided upon for the particular film.” Eisenstein, The Film Sense, pp. 151-152.
Em suma, o que Eisenstein afirma é que o significado e utilidade da cor depende apenas sobre o sistema geral de imagens que foi decidido para o filme.
Por exemplo, ilustra este ponto importante pela reversão do papel do negro em relação ao branco nos dois filmes: Old and New (1929) e Alexander Nevsky (1938). No anterior o negro significa coisas reacionárias, antiquadas e criminais enquanto o branco denota felicidade, vida e progresso, e que em Alexander Nevsky (1938); branco era cor da crueldade, opressão e morte e o preto está identificado com os guerreiros russos e, representa por isso, heroísmo e patriotismo. A resposta de Eisenstein para a surpresa e protesto dos críticos naquela inversão do simbolismo tradicional, foi citar Moby Dick, a famosa baleia branca já que o leitor deve lembrar-se que a brancura lívida, leprosa desta baleia simboliza o mal monstruoso e desconcertante do mundo.
Por outro lado, na Idade Média e Renascimento, o preto (com algumas notáveis exceções) foi tratado como um elemento linear ou foi associado com a modelação claro-escuro. Kahnweiler em The Rise of cubism (1949) diz: “Since it was the mission of color to create the form as chiaroscuro, or light that had become perceivable, there was no possibility of rendering local color or color itself.” Daniel-Henry Kahnweiler, The Rise of Cubism (New York, 1949), p. 11.
Embora Kahnweiler esteja a referir-se à cor em geral, aquele testamento aplica-se ao preto em geral. No século XX as possibilidades de reprodução da cor como uma coisa em si mesmo e não primariamente como uma descrição tridimensional ou luz objetivada foi descoberta e explorada. Coincidente com esta tendência, o preto tornou-se um valor plástico positivo. Creio, que para entender melhor estes argumentos seria preciso fazer uma análise visual e científica a obras que contenham aquelas caraterísticas.
Finalmente, Rand refere que entre os artistas que usaram o preto como elemento vital no seu trabalho temos: Rouault, Braque, Miro, Leger, Arp, and Picasso. Beardsley, Masereel, e Posada, por exemplo, utilizaram-no exclusivamente.
Obra de Arp |
Com aquela citação Arp entende que o preto sozinho e fora do contexto é assustador, mas ele sabe também a sua potência uma vez que é formado e relacionado.
Uma outra ilustração que Rand contém no seu artigo é a pintura de Picasso Guernica. Para ele é um eloquente testemunho do poder expressivo do preto e os seus companheiros naturais que são o cinzento e o branco. Continua explicando que embora não saibamos a intenção de Picasso, podemos arriscar algumas afirmações sobre os efeitos mais evidentes alcançados pela substituição do preto, branco e cinza pelas cores habituais.
Isto é, a ausência das esperadas cores pictóricas dramatiza o impacto do trabalho. Além disso, a ausência de cor implica todas as cores, fazendo com que o espetador use a atividade das forças da sua imaginação por não dizer-lhe tudo.
O uso do preto, branco e cinza é um eufemismo que torna possível e suportável o horror e a violência das imagens. Ao mesmo tempo, paradoxalmente, ele enfatiza a imaginação de uma forma brutalmente trágica. É provável que fora de questão naquele mural a preto e branco eles joguem os seus simbólicos papéis ancestrais. Eles são as cores primas não adulteradas na luta entre a vida e a morte.
Outro argumento que Rand novamente recorre é o facto de durante muitos séculos pintores chineses e japoneses terem reverenciado (respeitado) o preto como cor. Na pintura japonesa, o preto (sumi) é muitas vezes a única cor empregada. Os artistas japoneses sentem que: “colors can cheat the eye but sumi never can; it proclaims the master and exposes the tyro.” Henry P. Bowie, On the Laws of Japanese Painting (San Francisco, 1911), p. 39.
Para reforçar esta relação dos artistas japoneses com o sumi Rand evoca um famoso pintor japonês chamado Kubota que frequente expressava o desejo de poder viver o suficiente para ser capaz de descartar a cor totalmente e usar o "sumi sozinho por todos e quaisquer efeitos nas pinturas." Henry P. Bowie, On the Laws of Japanese Painting (San Francisco, 1911), p. 39.
Segundo ainda Rand, em 1860 escreveu: "I do not know whether the use of black for mourning prevents the use of it, in numberless cases, where it would produce most excellent effects.” M. E. Chevreul, The Laws of the Contrast of Color (London, 1883), p.54.
Parece que aquela expressão foi pertinente no século XX como foi no século XIX. Já que muitos artistas gráficos ainda coibia do preto. Pois quando eram confrontados com nenhuma outra alternativa que não o preto, como na publicidade, em jornais ou publicidade muitas vezes eles aceitam a contra gosto e fazem pouco esforço para descobrir ou desenvolver as suas potencialidades.
No entanto, as qualidades físicas e psicológicas discutidas até agora em relação à arquitetura e pintura são igualmente importantes para as artes gráficas: publicidade, design de capa e tipografia. De forma a ilustrar isso Rand utiliza vários exemplos do uso do preto nos seus trabalhos.
A primeira das suas ilustrações é um fotograma de cover design. Embora o fotograma seja uma imagem tecnicamente de luz e sombra de um ábaco, é essencialmente um padrão de formas claras e escuras que parecem mover-se verticalmente ao longo da sua superfície. Porque o fotograma é uma abstração das qualidades plásticas do objeto que se torna mais importante do que as suas literais (opostos). O fotograma atingiu o estatuto de forma legítima de arte como trabalho do trabalho pioneiro realizado por pessoas como Man Ray ou Moholy Nagy, desde de então tornou-se cada vez mais popular no campo gráfico.
Uma das forças primas do poder visual do fotograma foca-se no seu preto, branco e cinzento tonalidades. O fotograma retrata um mundo de luz, sombra e trevas povoado por misteriosas formas sugestivas. A capacidade destas formas para estimular associações variadas e imaginativas na mente do observador é ameaçada quando o fotograma é processado em cores. Ele ainda pode ser um trabalho efetivo de arte, mas o seu poder evocativo peculiar pode ser destruído.
Um outro exemplo que Rand apresenta no seu artigo é um trabalho tipográfico que é a capa de um catálogo para a coleção Arensberg Collection que ele projetou para o Art Institute of Chicago. A capa é constituída por uma séries de contrastes, a mais importante das quais é a de preto e branco. Em conjunto as duas agem em sentido como cores complementares. Chevreul descreveu-os como tal, porque quando eles são justapostos cada um se torna mais vivido. Isto, diz Chevreul, é devido ao facto de a luz brilhante refletida pela área branca anular a luz refletida a partir da área preta. Isso faz com que o negro pareça preto e o branco mais brilhante.
A tensão entre o branco e o preto na capa é agravada por se opor a uma grande área de preto para uma pequena área de branco. O tema de contraste é realizada mais pela variação drástica do tamanho das letras. A rugosidade das bordas do grande A enfatiza a nitidez das letras menores A, e o extremo das letras diagonais são neutralizadas pelos ângulos retos do livro em si. Mas o elemento mais dramático de contraste reside na utilização de preto e branco. Os dois tendem a emprestar dignidade e elegância para a capa do livro, mas o contraste vigoroso entre os dois dá uma qualidade poster-like.
Thomas B. Stanley no livro The Technique of Advertising Production (1947) disse: “While color has high attention value on short exposure, psychological tests indicate that the longer the time during which advertisements are examined, the more a black and white treatment tends to regain the attention lost at first glance to a color competitor.”.
E com esta afirmação termina a análise ao trabalho tipográfico.
Muitos anunciantes e artistas publicitários sentem que que um anuncio torna-se mais colorido em proporção à quantidade de cor utilizada no mesmo. Rand considerava isso falso. Explica que cores limitadas quando combinadas com o preto e o branco fornecem um fundo brilhante, mas neutro e é muitas vezes mais eficaz do que o uso de muitas cores. Além disso, a tendência do preto e branco para iluminar e animar outras cores, muitas vezes faz com que toda a cor usada ser mais articulada do que quando utilizada sozinha ou combinado com outras cores primárias ou secundárias. Isto é especialmente importante isto é especialmente importante no caso de cores escuras.
No anúncio para a loja Kaufman, que é a imagem acima, Rand escolheu o preto e branco combinado com uma forte luz rosa (que na imagem se pode ver a cinza) pelas razões que acima escrevi, bem como outros que Rand explica.
O preto foi usado para o ovo da Páscoa grande principalmente por causa das suas qualidades ambivalentes. A combinação da forma do ovo, que é um símbolo literal de vida e também sugere a vida pela sua forma inchada de respiração, com o preto, a cor da morte, tem um valor de choque. Assim, um ovo preto é um paradoxo. Por isso, o símbolo do ovo é muito mais marcante em preto do que se fosse apresentado na sua cor natural ou em qualquer outra cor.
O rosa claro, que é uma cor alegre e brincalhona torna-se mais eficaz quando justapostas com preto, novamente por causa do paradoxo associativo que a sua combinação produz e por causa da ação de brilho do preto. Além disso, o lettering fino e branco torna-se mais vivo quando definido sobre um fundo contrastante pesado.
Em suma, é impossível definir o frio sem o contrastando-o com o calor. É impossível compreender a vida se a morte é ignorada. O preto é a cor da morte, mas em virtude deste facto psicológico que é a cor da vida que define, contrastes, e melhora a vida, luz e cor. É através da consciência do artista sobre o negro como um elemento polar e, consequentemente, de sua natureza paradoxal que o preto como uma cor pode ser apreciada e usada efetivamente. Nem se deve esquecer que a neutralidade do preto torna o denominador comum de um mundo colorido.
Para Rand existia a necessidade de o artista se libertar de padrões de pensamentos tradicionais e convencionais, para que possa criar livremente como é óbvio. Segundo ainda o americano modernista, os preconceitos devem ser discriminados e novos caminhos ou velhos esquecidos devem ser explorados já uma das mais importantes funções do artista é alargar o nosso mundo visual. Eu diria mais, esta atitude também deveria por todos os artistas que ambicionam evoluir ou melhorar as suas obras.
Uma das forças primas do poder visual do fotograma foca-se no seu preto, branco e cinzento tonalidades. O fotograma retrata um mundo de luz, sombra e trevas povoado por misteriosas formas sugestivas. A capacidade destas formas para estimular associações variadas e imaginativas na mente do observador é ameaçada quando o fotograma é processado em cores. Ele ainda pode ser um trabalho efetivo de arte, mas o seu poder evocativo peculiar pode ser destruído.
Um outro exemplo que Rand apresenta no seu artigo é um trabalho tipográfico que é a capa de um catálogo para a coleção Arensberg Collection que ele projetou para o Art Institute of Chicago. A capa é constituída por uma séries de contrastes, a mais importante das quais é a de preto e branco. Em conjunto as duas agem em sentido como cores complementares. Chevreul descreveu-os como tal, porque quando eles são justapostos cada um se torna mais vivido. Isto, diz Chevreul, é devido ao facto de a luz brilhante refletida pela área branca anular a luz refletida a partir da área preta. Isso faz com que o negro pareça preto e o branco mais brilhante.
A tensão entre o branco e o preto na capa é agravada por se opor a uma grande área de preto para uma pequena área de branco. O tema de contraste é realizada mais pela variação drástica do tamanho das letras. A rugosidade das bordas do grande A enfatiza a nitidez das letras menores A, e o extremo das letras diagonais são neutralizadas pelos ângulos retos do livro em si. Mas o elemento mais dramático de contraste reside na utilização de preto e branco. Os dois tendem a emprestar dignidade e elegância para a capa do livro, mas o contraste vigoroso entre os dois dá uma qualidade poster-like.
Thomas B. Stanley no livro The Technique of Advertising Production (1947) disse: “While color has high attention value on short exposure, psychological tests indicate that the longer the time during which advertisements are examined, the more a black and white treatment tends to regain the attention lost at first glance to a color competitor.”.
E com esta afirmação termina a análise ao trabalho tipográfico.
Muitos anunciantes e artistas publicitários sentem que que um anuncio torna-se mais colorido em proporção à quantidade de cor utilizada no mesmo. Rand considerava isso falso. Explica que cores limitadas quando combinadas com o preto e o branco fornecem um fundo brilhante, mas neutro e é muitas vezes mais eficaz do que o uso de muitas cores. Além disso, a tendência do preto e branco para iluminar e animar outras cores, muitas vezes faz com que toda a cor usada ser mais articulada do que quando utilizada sozinha ou combinado com outras cores primárias ou secundárias. Isto é especialmente importante isto é especialmente importante no caso de cores escuras.
No anúncio para a loja Kaufman, que é a imagem acima, Rand escolheu o preto e branco combinado com uma forte luz rosa (que na imagem se pode ver a cinza) pelas razões que acima escrevi, bem como outros que Rand explica.
O preto foi usado para o ovo da Páscoa grande principalmente por causa das suas qualidades ambivalentes. A combinação da forma do ovo, que é um símbolo literal de vida e também sugere a vida pela sua forma inchada de respiração, com o preto, a cor da morte, tem um valor de choque. Assim, um ovo preto é um paradoxo. Por isso, o símbolo do ovo é muito mais marcante em preto do que se fosse apresentado na sua cor natural ou em qualquer outra cor.
O rosa claro, que é uma cor alegre e brincalhona torna-se mais eficaz quando justapostas com preto, novamente por causa do paradoxo associativo que a sua combinação produz e por causa da ação de brilho do preto. Além disso, o lettering fino e branco torna-se mais vivo quando definido sobre um fundo contrastante pesado.
Em suma, é impossível definir o frio sem o contrastando-o com o calor. É impossível compreender a vida se a morte é ignorada. O preto é a cor da morte, mas em virtude deste facto psicológico que é a cor da vida que define, contrastes, e melhora a vida, luz e cor. É através da consciência do artista sobre o negro como um elemento polar e, consequentemente, de sua natureza paradoxal que o preto como uma cor pode ser apreciada e usada efetivamente. Nem se deve esquecer que a neutralidade do preto torna o denominador comum de um mundo colorido.
Para Rand existia a necessidade de o artista se libertar de padrões de pensamentos tradicionais e convencionais, para que possa criar livremente como é óbvio. Segundo ainda o americano modernista, os preconceitos devem ser discriminados e novos caminhos ou velhos esquecidos devem ser explorados já uma das mais importantes funções do artista é alargar o nosso mundo visual. Eu diria mais, esta atitude também deveria por todos os artistas que ambicionam evoluir ou melhorar as suas obras.
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