segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A magia do Cinema

No princípio era a imaginação, apenas como faculdade de pensamento da percepção que temos do exterior, aquela coisa que chamamos realidade. Depois temos a palavra e através  do seu código condutor, percebemos o seu real sentido. 
A evolução existencialista lá nos levou a descobrir os simples mecanismos capazes de fazer tecnologia, mas foi a tecnologia  que deu liberdade ao Homem. 
A tecnologia chegou a um ponto em que a imaginação e os sonhos que o Homem tinha em imagens ganharam vida, assim nasceu o Cinema. 


Poderá parecer exagerada aquela introdução, mas torna-se fácil de entender se falarmos um pouco da relação do Homem com a tecnologia e o que ela foi capaz de criar para nosso deleite.
Desde a altura em que o Homem era um animal irracional e conseguiu, seja pela forma criacionista ou evolucionista, atingir o estado de se auto-agraciar com uma das suas melhores descobertas ou invenções da sua história, a tecnologia. 
Desde o simples inventar da roda, ao foguetão que foi à lua. Pelo meio o homem inventou o Cinema. E é aqui que se torna interessante abordar o novo filme de Martin Scorcese, Hugo (2011).  


Se juntarmos a tudo aquilo que disse, como um novo ingrediente, podemos pensar na forma mais criativa de o homem se descobrir. No sentido mais filosófico, a capacidade de criar objetos.
Pequenos artefactos que ganham sentido pelo lado emocional mais artístico. A capacidade da cultura e dela surgir e ser criado para fruição um  produto como a Arte. 
Podemos pensar por exemplo na Magia e a capacidade de Ilusão. A manipulação da ilusão através da inteligência criar o processo capaz de num espaço e num período de tempo enganar uma multidão que está perante o auditório, carregado de pessoas. A maneira como estas pessoas ficam emocionadas com a ilusão era, na verdade, a razão de elas estarem ali e, ainda, pagarem por isso.
Agora imaginem como seria um mágico e, entenda-se ele como pessoa, significando apenas a sua consciência e maneira de entender a realidade e tendo emoções? Agora imaginem o que é sentir como era ficar emocionado. Agora imaginem, passo a redundância, o que é descobrir e ser capaz de inventar algo completamente surpreendente como os efeitos especiais.
George Méliès foi essa pessoa e Martin Scorcese conseguiu juntar aquilo que existe na contemporaneidade e aquilo porque começou por ser inventado, numa estória adaptada ao tempos que vivemos num toque de  entranha fenomenal de sentirmos realmente tempo bem passado perante a fruição de uma obra de Arte.  


Martin Scorcese não podia ter construído melhor homenagem a um dos génios do cinema, George Méliés. A fotografia é deliciosa, a banda sonora fez-me lembrar a Amélie Poulain e tem uma direção de arte fantástica. Mais um candidato a filme do ano. A obra é moderna porque aproveita a estória de vida discriminatória de um órfão. 
George Méliès um dia viu num lugar a invenção tecnológica, lembram-se de eu falar de tecnologia, sem o cinematógrafo  dos irmãos Lumiére, Méliès nunca teria esse momento.  A sua criatividade e a sua paixão nunca teria levado até ele, depois de tentar comprar uma câmara aos irmãos, sentir a necessidade de explorar uma nova tecnologia que simplesmente o apaixonaram e, com isso, criar o primeiro estúdio de cinema do mundo e um espaço onde os sonhos aconteceram 
Aliás essa sequência no filme foi o momento em que me distanciei mais da obra, onde a minha capacidade de análise realmente me fez sentir dentro de um mundo onde os sonhos acontecem, ao imaginar que realmente tería tido a possibilidade de ter estado quase de forma presencial naquele momento da história humana, mas no entanto é essa a magia do Cinema e no fundo é uma ilusão... 

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