domingo, 3 de janeiro de 2016

O Amor tem um ambiente

In The Mood For Love (2000) de Wong Kar-wai é uma fábula moderna oriental construída numa linguagem cinematográfica para fugir aos mundos cor de rosa das estórias de amor ocidentais.
E, com isso, trazer o sentimento do amor para a realidade, mas ao mesmo tempo desmentir as utopias de que o amor é um sentimento que nasce por acaso e no devido momento.
Quase como se fosse a versão oriental Vs a versão ocidental.
Não faltam exemplos, de como o cinema americano, e até mesmo o europeu, constrói os filmes romancistas. Mas neste todas as regras são quebradas e temos uma obra prima que toda a gente deveria ver.



O filme está uniformizado numa filosofia do inteligível e a metáfora da caverna.
Por outras palavras, a sua cinematografia vagarosa quer o foco do espectador concentrado num conflito entre o que é importante compreender e o que são simplesmente sombras e nunca o real.
É uma estória de amor! Mas não qualquer estória de amor!
É um amor acidental, quase desconhecido, levado a crescer pela traição!
Por alguma razão o filme ganhou no ano 2000 o prémio de melhor ator e o grande prémio da técnica no Festival de Cannes.





E não é de admirar que tenha ganhado este último prémio.
Todo o filme está envolto num ambiente de cores quentes, onde o vermelho e o laranja/amarelado predominam de forma saturada.
Os enquadramentos não são feitos ao acaso! Parecem ter quase uma simetria de fotograma a fotograma.
Os movimentos da câmara são suaves, vagarosos e cuidados de forma a que possamos apreciar todo o cenário de forma tranquila e confortável.
Não existem cortes abruptos entre frames e o que aparece na tela pode ser apreciado como se fosse uma pintura.
A soundtrack também sincroniza o auditório com a mensagem.
Wong Kar-wai não deixou mesmo nada ao acaso. E com imensa mestria criou uma obra que nos emociona e simultaneamente faz-nos pensar... Neste caso concreto sobre o amor e como ele pode nascer e morrer?






Posso mesmo afirmar que este é um dos filmes mais apreciados do século passado, só tenho pena é ter demorado tanto tempo para o ver.
Mas verdade seja dita, a espera valeu a pena!
Quando o filme acabou ainda tinha a música nos meus ouvidos a ecoar! Interroguei-me sobre de que forma o amor pode ser uma conquista e ao mesmo tempo uma desilusão?
Mas é nesta dualidade que este sentimento ganhou a importância que tem na sociedade!
Se a conquista fosse extremamente fácil a desilusão nem sequer existiria.
O desafio que o amor apresenta aos apaixonados é uma verdadeira guerra.
Por umas vezes ganha-se, noutras perde-se!
O mais importante, mesmo, é perceber qual é o ambiente onde ele reside.  

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