quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Da Notoriedade Internacional, Há Imbecilidade Nacional

Mais um português foi distinguido pelo concurso World Press Photo na categoria Daily Life. Neste caso concreto, tratasse de Daniel Rodrigues, um fotógrafo que tirou o curso no IPF (Instituto Português de Fotografia)
O P3 refere:
A fotografia que lhe garantiu o prémio foi tirada em Março de 2012, na aldeia de Dulombi, na Guiné-Bissau. “As crianças estavam a jogar à bola e fui jogar com elas. Pelo meio, fotografei-as. Gostei do resultado e fiz mais algumas fotografias semelhantes”, afirma Daniel Rodrigues, ao P3.
O fotógrafo esteve um mês na Guiné-Bissau, ao abrigo da missão humanitária Dulombi. A iniciativa partiu do próprio, que contactou os responsáveis da missão. Para além da vertente humanitária da iniciativa, que considera “muito compensadora, pela possibilidade de ajudar quem precisa”, houve outro motivo forte que o levou àquele destino.


Esse motivo foi a paixão que tem por África e a vontade de fotografar naquele continente. 
Sem dúvida este é um acontecimento que deixa qualquer fotógrafo português orgulhoso. Estamos a falar de um concurso internacionalmente reconhecido e, embora não tenha ganhado a categoria principal, o mérito existe. Por essa razão o Daniel merece os parabéns. 
Mas existe neste fotógrafo uma triste realidade: no momento está desempregado e até já teve que vender o seu material fotográfico para fazer face às despesas. 
O seu último emprego terminou em 2012 e, por aquilo que me foi possível saber, desde de então nunca mais trabalhou.
Dedicando-se por isso a causas humanitárias como a que fez em Guiné-Bissau. 
Na minha opinião temos aqui um reflexo - mais um - negativo da indústria criativa e cultural em Portugal. 
Um reflexo que demonstra que em termos artísticos estamos profundamente atrasados, desorganizados, desatualizados e desvalorizados. 
Claro que agora com esta distinção o fotógrafo, muito provavelmente, vai conseguir resolver o seu problema de desemprego. 
Mas é pena que tenha que ser desta forma! É vergonhoso que no seu próprio país não tenha conseguido o valor que merecia, tal como acontece a centenas ou milhares de outras pessoas na mesma situação. Como o própio referiu ao P3: 

“Há muita gente com valor, em Portugal, que não tem trabalho. Talvez este prémio possa ajudar a que essas pessoas sejam olhadas com outra atenção. Espero que este prémio me ajude”, garante.

No fundo sente revolta entre a dualidade de desemprego em Portugal e o reconhecimento que o prémio lhe atribui.
Mas, como já disse, esta situação está demasiado impregnada no sistema português e por isso a ascensão social e o reconhecimento que muitos desejam alcançar, muitas vezes é impedida por medidas obsoletas, sistemas estatatais burocráticos e o pior: o Estado não dá o devido valor. E em Portugal esse facto nota-se de forma bastante particular!
Por todas essas razões e outras, é necessário que se encontre fora do país que se nasceu a notoriedade e, assim, depois já se têm o valor que se merece. É completamente irracional e estúpido estas situações. Vivemos num país imbecil no que toca a este ponto.  E é com muita pena que escrevo estas palavras.

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