quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Ida, Tag...

Ida (2013) de Pawel Pawlikowski é daqueles filmes em que descrever a experiência de o ver é complicado. Expor por palavras o que o filme contém não chega, é preciso mesmo ver para sentir a plenitude do mesmo. Pois são tantos os pormenores que ele contém que podemos admirar, saborear, contemplar e mesmo assim vamos ter dificuldades em o explicar. 
É mais uma obra cinematográfica tocada por uma linguagem cinematográfica plena, com destaque para o uso da luz num formato preto e branco.
Aliás esse é um dos pormenores que mais se destaca no filme: o uso da luz em apenas duas cores, com captação do som ambiente, nunca utilizando o recurso à banda sonora para preencher o espaço.
Um filme altamente premiado, incluindo um Óscar e BAFTA na categoria para Melhor Filme Estrangeiro em 2015.






De alguma forma,  lembrei-me imediatamente do filme de Michael Haneke, The White Robbin (2009). Mas os filmes só são parecidos pelo uso da técnica utilizada por cada um dos realizadores, o preto e branco. Bem como a narrativa se desenvolver num tempo semelhante. Encontram-se também contornos culturais que moldam as sociedades e logo as pessoas. 
Nos dois filmes são mostrados os monstros que as pessoas escondem nas gavetas da sua memória. E demonstram pesadelos acontecidos e o impacto desses nas suas vidas.
São ambos filmes com preocupações filosóficas, que através da sétima arte tentam expor a perspetiva de cada realizador influenciados pelo meio onde nasceram. 
Ambos os dois filmes são merecedores da marca de cânone.





Especialmente na obra do realizador polaco, a metamorfose da personagem principal é como Barabbas, que depois de uma experiência traumática, entra numa fase de negação.
Aqui, Ida tem necessidade de conhecer o mundo e a vida como elas realmente são depois de descobrir que toda a sua vida foi moldada pela ganância de pessoas.
Há um impacto entre o estilo de vida moderno e a vida vivida segundo os princípios religiosos.
Nota-se a influência de gostos pessoais e formas de pensar sobre o mundo em geral de forma diferente.
A forma como vemos o mundo muitas vezes está escondido na nossa imaginação e na forma como ela retrata certas histórias que fomos ouvindo.
Então se forem histórias do passado, a nossa imaginação tem mesmo que ser levada à sua capacidade máxima de representação de sentido na nossa razão.
Por isso mesmo, esta obra serve perfeitamente para nos contextualizar naquele tempo negro da história europeia e num país que mais sofreu com esse monstro do passado.

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