segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Introspecção sobre cinema e fotografia

Uma questão fundamental na existência é viver cada dia como se fosse o último. Isto não é mais do que aquilo para que nós fomos gerados. É estranho querer falar disto agora, mas depois destes últimos dias tenho-me interrogado sobre isso. Muito por causa da dificuldade que tenho encontrado nas tarefas que tenho que executar diariamente. Contudo a maior conclusão que tiro disto tudo é que não vale a pena a preocupação. Porque no dia em que ela existe, no dia seguinte já terá sido esquecida. O fundamental são os afectos e aquilo que pretendemos atingir com objectivos nesta curta viagem. 
Podemos incluir aquilo em metáfora como o design interactivo que é  criação de estimulos que resultam em actividade, logo interacção. Ou um outro de passividade logo fruição. Neste último podemos incluir a linguagem cinematográfica e no primeiro a linguagem dos vídeo-jogos. Há quem quem lhe chame simulacro como Baudrillard, há quem também veja a dicotomia da emoção como Nelson Zagalo. No fundo é uma experiência. 
Mais uma vez, a questão que mais me tem preenchido a cabeça é tentar encontrar um balanço no que é o cinema. Porém o caminho começa a tornar-se um pouco desorientado, porque existem muitas teorias actualmente que tentam explicar o que é esta forma de arte.

Encontramos, por exemplo, em Walt Disney, uma razão de análise teorética, onde podemos culminar  numa dedução: alguém que tinha uma cognição fantasiosa e um espírito empreendedor que moldou as mentes de milhões de pessoas a acreditar no mundo da fantasia, com personagens que se tornaram marcas icónicas no nosso conhecimento infantil.


Por outro lado, temos Hitckcock, que com a sua narrativa de suspense, se tornou mestre na capacidade de assustar o público e fazê-lo "saltar" da cadeira com os jogos estéticos do horror psicológico. Ambos os dois já foram ao longo do tempo razão de análises e estudos infinitos. Estes dois senhores, marcas incontornáveis do cinema mundial, são o exemplo de muitos e de todos os que adoram bom cinema.
Porque temos que começar por algum lado, David Bordwell e André Bazin parecem ser dois bons autores para ler nos próximos tempos e tentar obter as respostas. Uma das ideias que me agradam mais em André Bazin é a sua forma de entender o cinema como uma maneira de entender a realidade. Mas Bazin parecia ser um visionário mais amplo. Ele referenciava a capacidade de o aparecimento da fotografia e do cinema serem capazes de registar o processo evolutivo do homem em fragmentos de memória vitalícios. Uma ferramenta que não existia ao dispor do homem nos tempos da Grécia Antiga, do Império Romano e de muitos outros momentos marcantes ao longo da história da humanidade. Mas também Bazin entendia e correlacionava o cinema e a fotografia como a capacidade de o homem lutar contra o tempo e contra a morte. Bazin escreveu:
“Uma psicanálise das artes plásticas consideraria talvez a prática do embalsamamento como um fato fundamental de sua gênese. Na origem da pintura e da escultura, descobriria o ‘complexo’ da múmia. A religião egípcia, toda ela orientada contra a morte, subordinava a sobrevivência à perenidade material do corpo. Com isso, satisfazia uma necessidade fundamental da psicologia humana: a defesa contra o tempo. A morte não é senão a vitória do tempo. Fixar artificialmente as aparências carnais do ser é salva-lo da correnteza da duração: aprumá-lo para a vida.”
Tudo parte de um estímulo que nos leva a tomar uma acção. As consequências dessa acção poderá  manifestar-se de várias formas e várias vezes ao longo do tempo. Mas a decisão das acções que cometemos e fazemos só dependem de nós e das capacidades cerebrais de cada um. Ou somos activos ou somos passivos. Dependendo sempre da plataforma que escolhemos para interagir. Como Bazin se iluminou ao pôr na fotografia e no cinema a filosofia do tempo e abrir-lhe profundidade no seu campo de acção. Talvez a resposta esteja reunida apenas nos fragmentos de pontos de luz e de cor que os nossos olhos captam. A composição dessas imagens são longos milhares de anos de evolução que culminaram numa visão quase perfeita, o perfeccionismo é algo incansável. Com os olhos mais abertos, o ser humano lá conseguiu ver melhor a realidade e com isso evoluir na tecnologia e na humanidade.
Em suma, o cinema e a fotografia são duas ferramentas que o homem na sua infinita busca, aperfeiçoou para o ajudar a crescer e a desenvolver. Porque já desde do tempo das pedras, em cavernas, o homem pintava as representações da realidade que o rodeavam. A fotografia e o cinema são simplesmente a passagem da caverna para a luz.  

Sem comentários:

Reaprender

 Nunca é fácil quando conhecemos uma pessoa. Principalmente se por essa pessoa começarmos a sentir sentimentos.  É uma roda viva de emoções ...