terça-feira, 9 de agosto de 2011

Criatividade ou dinheiro? Esta é a questão!

Cria-se um problema àqueles que querem trabalhar nas áreas criativas que muitas vezes faz parte dos seus anseios, mas nunca se sabe claramente como se deve abordar essa questão. Concretamente, o maior problema começa por saber exatamente o que é ser criativo?

 Primeira edição de Philosophiae Naturalis Principia Mathematica de Isaac Newton


Etimologicamente e logicamente podemos entender o sentido da palavra criativo como a capacidade de criar algo. Um objeto capaz de ter uma utilidade prática no dia a dia dos seres humanos em questão. Vamos pensar, por exemplo, na lei da gravidade de Newton e o mito relacionado com o motivo da sua criação ou com a sorte do acaso que o levou a descobrir aquele paradigma. 
Isto levanta a questão de motivos intrínsecos ou extrínsecos de termos a capacidade de ser criativos. Por outras palavras, devemos entender aqueles dois conceitos como os fatores que nos levam a criar. 
Se por um lado o que nos leva a criar é algo que está no nosso interior ou, pelo contrário, é algo que está no nosso exterior e nos move para sermos criativos? 
No caso de Isaac Newton, e se acreditarmos no mito da maça, rapidamente percebemos que o motivo da sua criação foi extrínseco, mas foi uma caraterística que nasceu com ele que o levou a desenvolver a lei da gravidade. Mas o que não pretendo é entrar numa discussão filosófica e histórica sobre factos ou mitos.

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A minha intenção passa por analisar um pouco mais em detalhe um artigo de Mark Mcguinnes um especialista do tema criatividade e autor do livro: How to Motivate Creative People (Including Yourself). O artigo em questão já é de 2008, mas no entanto considero que contém informação muito útil sobre o tema que aqui estou a falar e, de alguma forma, resumirá o livro em questão. 
Muito sucintamente o que Mark nos fala no artigo é focado para  todos os profissionais das artes criativas. Ele pega nos motivos de as pessoas laborarem nessas áreas e, mais particularmente, nos motivos que os levam a trabalhar. Os conceitos extrínsecos e intrínsecos estão ligados a duas ideias muito simples. Por um lado, o salário que recebemos no final do mês pelo nosso trabalho é um motivo extrínseco (exterior); a paixão com que muitas vezes nos dedicamos a fazer esse trabalho sem nunca nos preocupar com o lado monetário é um motivo intrínseco (interior).
À partida pode parecer um contraste, porque todos nós sabemos que os dois parecem ser indissociáveis e que um leva sempre ao outro. Mas pode não ser bem assim... Muitas vezes a autonomia com que podemos tomar certas decisões, o contexto de trabalho onde estamos inseridos, a relação que estabelecemos entre a equipa em que trabalhamos, a capacidade empreendedora do patrão e a sua empatia para com a nossa particularidade pode fazer uma grande diferença entre ser criativo por espontaneidade ou por indução. Em suma, nem sempre a dicotomia dinheiro/paixão é a única razão que nos leva a ser mais criativos.

   

No caso concreto do dinheiro o autor acredita que mata a criatividade. Num manifesto intituado Money for Creative People em que analisa a relação dos criativos com este bem material ele foca-se nesta mesma questão. Mas no entanto também realça que os criativos são pessoas como todas as outras e precisam do dinheiro para pagar as suas contas. 
Então ele fala de uma harmonia que deve existir entre os dois polos. Por um lado não devemos ignorar o lado monetário, mas devemos ser capazes de nos dedicar à criatividade tonando-nos starving artist. No fundo é a tomada de uma posição ideológica contra o sistema em questão, isto é, preferimos viver em condições mais precárias quando não conseguimos nos firmar em determinadas áreas e ocupamos o nosso tempo de trabalho apenas para conseguir o suficiente para investir naquilo que realmente gostamos e pretendemos um dia conseguir obter. Mas atenção que isto não válido para todos e como o próprio realça e bem: "Yes, it’s also easy to find examples of great starving artists. But they were great because they succeeded at making art — not because they failed at making money." Sendo que os exemplos que ele fala são de Mozart ou Charles Chaplin. 
Contudo, admite que não é possível singrar seja em que área for se não tivermos uma gestão racional acerca do dinheiro e do que podemos fazer com ele. No fundo, o que interessa é que devemos sempre valorizar mais a criatividade e, com uma gestão lógica e não ambiciosa da parte financeira, utilizá-la para deixarmos que a criatividade seja o principal caminho a seguir. Como o próprio refere: 
When it comes down to it, you only need three things to succeed commercially as well as creatively:

  • a flexible and balanced mindset about creativity and money
  • a systematic approach to managing your finances, by recording your transactions and budgeting for upcoming expenses
  • understanding the critically important challenges that face you – and making the right decisions for the right reasons
No fundo, o que tentei com este post é dar uma perspetiva diferente dos caminhos que podemos seguir quando queremos de alguma forma poder singrar nas áreas criativas. Como podemos ver, existem alternativas capazes de nos preencherem e até nos clarificar sobre o melhor caminho a seguir. Um pouco no sentido do que falei anteriormente sobre a educação. Porém, chamo a atenção que não considero que este deva ser o caminho exclusivo. O sistema tal como está ainda não deu, pelo menos totalmente, provas que falha irremediavelmente. Por isso, no final devemos sempre ponderar muito bem sobre o caminho melhor a seguir. 

Links úteis:

http://lateralaction.com/creativemoney/
http://www.wishfulthinking.co.uk/2009/01/05/how-to-motivate-creative-people/
http://media.lateralaction.com/motivatecreate.pdf


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