terça-feira, 20 de março de 2012

Program or Be Programmed, dez mandamentos para a Era Digital

Program or Be Programmed (2010) é um livro escrito por Douglas Rushkoff e é um livro que analisa e aponta mandamentos, mais concretamente dez, sobre o que significa viver num mundo digital como aquele que temos atualmente. E consequentemente, tenta chamar à nossa consciência conselhos de como podemos nos ajustar melhor a ele.

O autor é escritor, professor e documentalista que foca as maneiras como as pessoas, culturas e instituições criam, partilham e influenciam todos os seus valores, sempre sobre o tema da tecnologia. O livro é um seguimento do documentátio Digital Nation (2011) que também aqui sobre ele tinha escrito


Na introdução do livro o autor explica-nos que as pessoas começaram por ver na Internet uma nova oportunidade para a participação amadora em coordenados setores dos media e a sociedade.
Esta, a sociedade que olhou para a Internet como um caminho para conexões articuladas e novos métodos de criar conhecimento. Porém, para o autor, a sociedade está a encontrar-se desconetada, a negar pensamento profundo e drenado de valores profundos.
Para o autor isto poderia não acontecer se simplesmente nós tivéssemos entendido a direção oblíqua das tecnologias que estamos utilizando e tornasse-nos participantes conscientemente ativos nas maneiras em que elas são implantadas. É uma questão de pausar-nos o botão e nos perguntar o que a tecnologia significa  para o futuro da nossa vida, do nosso trabalho e mesmo da nossa espécie? 
Porque se pensarmos na tecnologia como um organismo cibernético , para já é mais um organismo mafioso do que um novo cérebro humano coletivo, pelo menos é o que autor argumenta.


Por outras palavras, o que o autor nos quer dizer é que na nossa longa evolução, cada nova revolução que os media conseguiram criar, apresentaram novas perspetivas através das quais nos relacionamos com o mundo.
Por exemplo, a linguagem levou ao conhecimento partilhado, a uma experiência cumulativa e a possibilidade do progresso. O alfabeto levou-nos à responsabilidade, ao pensamento abstrato, monoteísmo e leis contratuais. A Imprensa escrita e as leituras privadas levou-nos a uma nova experiência de individualidade, a uma pessoal relação com deus, à Reforma Protestante, direitos humanos e ao Iluminismo.
Isto é, com o advento de um novo meio o status quo não só se torna mais escrutinado, como é revisado e reescrito por aqueles que ganharam um novo acesso às ferramentas das suas criações.



A invenção da Imprensa na Renascença levou não a uma sociedade de escritores mas uma de leitores. A rádio e a televisão foram realmente apenas extensões da Imprensa escrita: cara e um dos muitos meios que promoveram a distribuição em massa de estórias e ideias de uma elite minoritária para o centro. Computadores e redes, finalmente, ofereceram-nos a habilidade para escrever. Pois nós escrevemos com eles nos nossos websites, blogs e redes sociais. Mas a capacidade subjacente da era do computador é realmente programar, o que a maior parte de nós não sabe fazer. 
Como resultado, a maioria da sociedade mantém-se num salto dimensional de falta de consciência e capacidades por detrás dos poucos que gerem e monopolizam o acesso real ao poder de qualquer era de comunicação. 
Nesse sentido, o autor diz que em vez de estarmos a otimizar as nossas máquinas para a humanidade ou mesmo para benefício de qualquer grupo particular, nós estamos a otimizar os humanos para a maquinaria. Porque nós não estamos apenas a estender uma agência humana através de uma nova linguística ou sistema de comunicação. Nós estamos a replicar a mesma função da cognição através de externos, extra humanos mecanismos. 
Em suma, o autor refere que a Revolução Industrial desafiou-nos a repensar os limites do corpo humano. Perguntas do tipo: onde o meu corpo termina e a ferramenta começa? Pelo contrário, a Era Digital desafia-nos a repensar os limites da mente humana.
Por aquela razão, podemos perguntar quais são as fronteiras da nossa cognição? Assim, o autor sugere no livro dez mandamentos que nos podem ajudar a construir um caminho melhor sobre o reino digital. Cada comando é baseado nas tendências da direção oblíqua dos meios digitais e sugere como conseguir um balanço entre esse viés com as necessidades reais das pessoas que vivem e trabalham ao mesmo tempo no mundo físico e virtual.  
Dito tudo aquilo, segue abaixo excertos do livro em que o autor sucinta as suas ideias no início de cada um dos dez mandamentos e que, na minha opinião, sucinta muito bem as ideias que o autor tenta expor e é, efetivamente, o que interessa assimilar do livro.


Caricatura de Douglas Rushkoff




Time: Do Not Be Always On
The human nervous system exists in the present tense. We live in a continuous “now,” and time is always passing for us. Digital technologies do not exist in time, at all. By marrying our time-based bodies and minds to technologies that are biased against time altogether, we end up divorcing ourselves from the rhythms, cycles, and continuity on which we depend for coherence.
Place: Live in Person
Digital networks are descentralized technologies. They work from far away exchanging intimacy for distance. This makes them terrifically suitable for long-distance communication and activities, but rather awfull for engaging with what - or who - is right front us. By using a dislocating technology for local connection, we lose our sense of place, as well as our home field advantage.
Choice: You Always Choose None of the Above
In the digital realm, everything is made into a choice. The medium is biased toward the discrete. This often leaves out things we have not chosen to notice or record, and forces choices when none need to be made.
Complexity: You Are Never Completely Right
Although they allowed us to work with certain kinds of complexity in the first place, our digital tools often oversimplify nuanced problems. Biased against contradiction and compromise, our digital media tend to polarize us into opposing camps, incapable of recognizing shared values or dealing with paradox. On the net, we cast out for answers through simple search terms rather than diving into an inquiry and following extended lines of logic. We lose sight of the fact that our digital tools are modeling reality, not substituting for it, and mistake its oversimplified contours for the way things should be. By acknowledging the bias of the digital toward a reduction of complexity, we regain the ability to treat its simulations as models occurring in a vacuum rather than accurate depictions of our world.
Scale: One Size Does Not Fit All
On the net, everything scales—or at least it’s supposed to. Digital technologies are biased toward abstraction, bringing everything up and out to the same universal level. People, ideas, and businesses that don’t function on that level are disadvantaged, while those committ ed to increasing levels of abstraction tend to dominate. By remembering that one size does not fi t all, we can preserve local and particular activities in the face of demands to scale up.
Identity:  Be Yourself
Our digital experiences are out-of-body. This biases us toward depersonalized behavior in an environment where one’s identity can be a liability. But the more anonymously we engage with others, the less we experience the human repercussions of what we say and do. By resisting the temptation to engage from the apparent safety of anonymity, we remain accountable and present—and much more likely to bring our humanity with us into the digital realm.
 Social: Do Not Sell Your Friends 
In spite of its many dehumanizing tendencies, digital media is still biased toward the social. In the ongoing coevolution between people and technologies, tools that connect us thrive—and tools that don’t connect us soon learn to. We must remember that the bias of digital media is toward contact with other people, not with their content or, worse, their cash. If we don’t, we risk robbing ourselves of the main gift digital technology has to off er us in return for our having created it.
Fact: Tell the Truth 
The network is like a truth serum: Put something false online and it will eventually be revealed as a lie. Digital technology is biased against fiction and toward facts, against story and toward reality. This means the only option for those communicating in these spaces is to tell the truth.
Openness: Share, Don’t Steal
Digital networks were built for the purpose of sharing computing resources by people who were themselves sharing resources, technologies, and credit in order to create it. This is why digital technology is biased in favor of openness and sharing. Because we are not used to operating in a realm with these biases, however, we often exploit the openness of others or end up exploited ourselves. By learning the difference between sharing and stealing, we can promote openness without succumbing to selfi shness.
Purpose: Program or Be Programmed 
Digital technology is programmed. This makes it biased toward those with the capacity to write the code. In a digital age, we must learn how to make the soft ware, or risk becoming the soft ware. It is not too diffi cult or too late to learn the code behind the things we use—or at least to understand that there is code behind their interfaces. Otherwise, we are at the mercy of those who do the programming, the people paying them, or even the technology itself.

Sem comentários:

Reaprender

 Nunca é fácil quando conhecemos uma pessoa. Principalmente se por essa pessoa começarmos a sentir sentimentos.  É uma roda viva de emoções ...