quinta-feira, 22 de julho de 2010

Viagem dos sonhos que é confundida com a viagem real



Parece incrível mas quando nada sabemos, tudo o que nos rodeia é motivo para nos lembrar de todas as ideias mais disparatadas. E assim encontramos respostas em tudo o que os nossos olhos vêem, porque estão a assimilar informação. A amnésia é um grave problema que podemos obter pelos mais variados factores, mas a capacidade que o cérebro tem de biologicamente suplantar essa necessidade, rapidamente se adapta e arranja respostas criativas. Contudo não tive um momento de respostas criativas enquanto visionava o filme de David Lynch Mulholland Drive. Tenho que ser extremamente sincero. Já tinha ouvido falar deste filme, mas a verdade é que nunca tinha havido uma oportunidade de o visionar antes. Contudo, a minha curiosidade ficou mais aberta depois de ter visto um artigo no Cahires du Cinema que apresentava uma lista de várias revistas especializadas em cinema. Entre muitas, o filme mencionado constava no primeiro lugar dos filmes da década transacta na maioria delas. Esta foi uma das principais razões que me levaram a guardar uma marca na minha memória de forma a ter vontade de ver o filme. Outra razão tem a ver com o realizador do mesmo que é simplesmente um dos mais respeitados realizadores da época que vivemos e que tem feito nos últimos  anos alguns filmes que agradaram e desagradaram. David Lynch é um personagem que merece a ovação da intelectualidade moderna. Foi criador de uma das séries que mais marcaram até agora na minha curta existência.   


Para começar. Devemos ser capazes de pensar nas marcas de autor que distinguem uns realizadores (uma questão que merece um pouco mais de atenção da minha parte). Lynch é inconfundível pela iluminação que utiliza no jogo de tons altos e suaves que mesclam a emoção do espectador. A movimentação dos planos que em travelling, utilização de um zoom, panorâmicas leves e ténues de movimento discreto, levam o espectador a confundir, em determinados momentos, os seus olhos com o da personagem. Lynch brinca com o som, a banda sonora psicadélica que compõem o filme numa subida e descida de sentimentos quase orquestrais. A sintonia e simetria dos elementos visuais com os elementos sonoros são de uma genialidade e obsessão de tal forma que parecem a sinfonia do maestro. Não podemos dizer que existem falhas e separações entre os dois. Lynch é um palhaço criador de momentos circenses mais humorísticos que o próprio humor e onde em instantes toda uma bola de neve pode ser transformada numa avalanche de consequências libertadoras de que só o riso é capaz de gerar. Lynch é um mágico que com os seus truques ilude o mais atento dos atentos e sabe utilizar o dicionário do cinema em seu bom proveito: segue-o (quando lhe apetece), desrespeita-o (quando lhe apetece), mas tudo tem um objectivo e nada é deixado ao acaso. Mas David também é complexo e gosta de jogos e puzzles complicados, sendo que para que se descubra a verdade, deixa pistas que não observadas levam  a uma interpretação limitada do sentido da sua obra. Assim Lynch deixou as pistas ao jornal The Guardian e abre a curiosidade para a viagem dos sonhos que é confundida com a viagem real: 
  • No começo do filme, antes dos créditos, duas pistas são reveladas.
  • Fique atento para o que está escrito no luminoso vermelho.
  • Qual o título do filme, para qual o personagem Adam Kesher está realizando teste de elenco? Ele será mencionado mais uma vez durante o filme?
  • O acidente é um importante acontecimento no filme. Onde ele acontece?
  • Quem entrega a chave azul e porquê?
  • Fique atento para o roupão, o cinzeiro e a caneca de café.
  • Qual mistério é revelado no palco do "Club Silencio"?
  • Somente o talento de Camilla pode ajudá-la?
  • Fique atento para o objeto que está nas mãos do estranho homem que vive perto da lanchonete "Winkie"!
  • Onde está tia Ruth?

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