terça-feira, 26 de janeiro de 2016

À TROIS, ON Y VA (o amor é estranho)

O amor é um sentimento estranho não adianta medi-lo, quantificar ou até relativizar.
Ele já é relativo no seu estado puro.
E nós os seres humanos somos os animais mais racionais que conhecemos e temos sobre ele uma obediência criada pela tentação baseado no prazer.
A carne humana unida com o sentimento de o prazer sexual torna-nos um animal e cada um tem a sua forma de o demonstrar.
Ninguém é santo...


Não adianta aqui falar sobre o filme À TROIS, ON Y VA (All About Them - 2015) continuando na mesma linha do que disse acima.
A mensagem é aquela e mais nenhuma!
O mais fascinante mesmo é o filme! A sua arquitetura.
A forma como Jérome Bonnel idealizou toda a narrativa do filme, cada diálogo, cada frame, cada travelling foi a pensar no amor.
É um realizador novo para mim, mas gostei muito da forma como criou este filme.
Conseguiu prender a minha respiração por todo o filme.
Aproximou-me da história triangular, que é prenchida pelo amor.
Mas o que foi mais "irritante" é que ele, de uma forma genial, criou em mim a expetativa de ver, mas na verdade não ví!
E quando finalmente pensamos que entendemos! Eis que a narrativa tem uma rutura brutal na sua lineariedade que tinha sido entendida na introdução e no desenvolvenmimento. Dito de outro modo, nada é o que parece.


A nossa atenção tem que ser focada mais nas personagens!
Seria mais crítico da minha parte caracterizar. Preencher as suas claras personalidades.
Mas não o vou fazer!
Porque acho que o filme perde com esse spoiler!
O que é mesmo importante aqui é unir-nos ao filme. E quando falo em unir é esquecermos que o estamos a ver numa tela ou num ecrã.
Temos que o experienciar  por dentro da história. Dessa forma podemos ter uma opinião mais concreta sobre o que estamos a ver.
Se estamos de acordo? Se na verdade a narrativa é ambígua e demasiado clara, mas o climax é imperativamente incerto (ou certo)? Que no fundo até já passamos pelo triângulo amoroso? Que discurso vamos ter sobre ele?
A mensagem é que é importante!
Ela emociona-nos e toca bem no fundo do nosso sub-consciente.
E nós estando imersos naquele estado, sabendo já  a verdade, ponderamos...
Sobres os valores da sociedade! Que o filme até é uma sátira ao instítudo, mas na verdade a épica história é demasiado bela para nos deixar manipular por essa racionalidade institucional.



Como disse não vale a pena caracterizar as personagens! Mas há uma (que diga-se de passagem tem uma interpretação Indiearte fascinante) central em toda a simetria amorosa.
Ela é a lógica, os outros a criatividade.
Mas é dela, a lógica, que nasce e cria-se todo um sentimento carnal e particular.
Em que cada um entra num tipo de jogo em que ela é a rainha, mas na verdade apenas quer libertar as duas outras personagens da gaiola social!
No final do filme temos que guardar segredo sobre o próprio! Como disse é sobre um triângulo amoroso...
Encontro aqui semelhanças com Vicky Cristina Barcelona de Woody Allen. Mas é mesmo isso que eu adoro neste filme.
A cidade das luzes,  a pintura, a moda.  Paris torna-se lugar de uma história que cinematograficamente está concebida para nos avaliar.
Allen fez o mesmo, mas em Barcelona.
Aqui temos o diluir do tempo do cinema francês. Godard e toda a sua mestria nos planos mais ambiciosos e duradouros.



Pouco mais ou até nada posso dizer!
O que temos aqui é um romantismo moderno! Manifestado por aquilo que alguns desaprovam (desconforto mental)!
Por essa razão, o filme é underground !
Não tendo, se calhar, chegago onde queria! Mas é mesmo assim!
A sua qualidade é, na minha opinião, é indíscutivel!
Porque eu adoro a técnica do cinema, a sua escrita, a forma como as suas partes criam um único objeto que nos fascina.
Mas adoro mais quando esse objeto me emociona.

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