quinta-feira, 27 de maio de 2010

O mito do eterno retorno


E a saga continua... Este é o sétimo filme de Francis Ford Coppola que visiono e por sinal o mais difícil de interpretar. Contudo, começo a perceber porque alguns especialistas falam, por vezes, em marcas de autor. Assim, um dos aspectos que começo a notar são as marcas de que distinguem Coppola de outros realizadores. São marcas que nos orientam na identificação do realizador e das semelhanças formais que se encontram nas suas obras audiovisuais. 


Fazendo uma retrospectiva, os filmes que vi até agora de Coppola podem ser vistos neste link: http://mubi.com/lists/2277 . A ordem que eles aparecem indica a minha preferência.
Mas voltando ao filme em que a juventude parece que é uma dádiva oferecida pela força da natureza, gostava de começar por falar da complexidade da sua trama.
Numa pesquisa breve descobri quem foi o autor da obra que Coppola adaptou. Mircea Eliade foi um historiador e filósofo romeno que trouxe:
contributions to religious studies was his theory of Eternal Return, which holds that myths and rituals do not simply commemorate hierophanies, but, at least to the minds of the religious, actually participate in them. In academia, the Eternal Return has become one of the most widely accepted ways of understanding the purpose of myth and ritual.

Pelo que entendi de alguma forma o autor romeno dedicou-se a investigar sobre um dos assuntos que sinceramente considero vácuo e completamente despretensioso de investigação. Pois a resposta reside simplesmente na necessidade biológica do homem acreditar em entidades divinas para se sentir pertencente a um lugar e saber que existe. Uma forma de encontrar a razão da sua existência... Não é preciso pensar muito mais sobre a religião.
Talvez por isso o filme sofra de um argumento demasiado denso e complexo para a interpretação do espectador. Primeiro porque os assuntos levantados são demasiado escuros e depois como a narrativa está construída não ajuda muito. Os constantes flashbacks são uma das razões para essa confusão. Em segundo lugar existem aspectos que não são muito bem explicados, como por exemplo o aparecimento da personagem feminina que parece ter uma relação com a personagem masculina no trabalho da sua vida, no entanto isso não é muito claro na exposição que é feita. Talvez possamos perceber melhor com o pensamento de André Bazin:
André Bazin conhecia muito bem a necessidade humana de se defender contra o tempo – aquele tempo que passa e arrasta consigo, rumo ao esquecimento, o nosso sempre fugaz presente... Retornando até os primórdios da história humana, Bazin irá perceber no fenômeno egípcio do embalsamento e da criação de múmias algo que nos explica o porquê da necessidade do surgimento das artes plásticas. Não seriam as duas coisas, a mumificação e as artes plásticas, de certo modo, análogas, paralelas, semelhantes em suas inteções secretas? Essa parece ser a hipótese de Bazin, que destaca que os egípcios, preocupados em encontrar modos para vencer a morte e a passagem destruidora do tempo, crendo ainda que a conservação material do cadáver serviria como uma espécie de barreira contra a “nadificação” da pessoa causada pelo falecimento, pôs-se então a tentar “fixar artificialmente as aparências carnais do ser a fim de salva-lo da correnteza da duração.
O trabalho da vida do nosso personagem principal é descobrir qual a origem da linguagem e consciência humana. Um aspecto a salientar no filme, na minha sincera opinião, porque explora os recantos mais escondidos do cérebro humano. Neste ponto temos que reconhecer a Coppola um interesse sobre problemas sociais e filosóficos.


Mas este não é o aspecto que quero salientar de Coppola. O que quero mesmo falar é a estética que é conseguida com a utilização de uma iluminação de tom alto que cria uma atmosfera suave. Para isso vou ter que falar novamente num proximo post sobre iluminacao.

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